A Marinha Colombiana está se aproximando do lançamento do ARC 24 de Julio, o primeiro Navio de Patrulha Oceânica totalmente projetado e construído no país. Mais do que um simples navio, ele simboliza a maturidade da indústria naval colombiana e o desejo de conquistar maior autonomia na defesa de suas águas.
O projeto nasceu em janeiro de 2023, com um contrato de US$ 36,5 milhões, e vem sendo desenvolvido pela Cotecmar (Corporación de Ciencia y Tecnología para el. Desarrollo de la Industria Naval Marítima y Fluvial ) — corporação estatal que, ao longo dos últimos 25 anos, consolidou-se como centro de inovação e engenharia naval. Em julho de 2025, a embarcação já estava 89% concluída, com o lançamento previsto para o final do ano e a entrega oficial para o início de 2026. Para dar vida ao navio, foram usados 18 blocos de casco, 657 toneladas de aço naval e 21 toneladas de soldagem, tudo supervisionado pelo Lloyd’s Register, garantindo padrões internacionais de qualidade.
Com 93 metros de comprimento e deslocamento de 2.665 toneladas, o ARC 24 de Julio é um gigante dos mares. Projetado para missões de longo alcance, pode operar por até 40 dias sem reabastecimento, alcançando 10 mil milhas náuticas a uma velocidade de 12 nós. Seu sistema de propulsão, composto por motores CODAD (Combined diesel and diesel) e CODELOD (COmbined Diesel-eLectric Or Diesel), duas hélices de passo variável e um propulsor de proa, permite atingir até 20 nós, oferecendo flexibilidade para atuar tanto no Pacífico quanto no Caribe.
Mas o que realmente destaca essa embarcação é sua versatilidade. Ela foi pensada para ir muito além da vigilância marítima. Poderá atuar em operações de paz, apoio humanitário, combate a desastres naturais, transporte de tropas, busca e salvamento, além de missões de combate ao tráfico de drogas, contrabando, pirataria e terrorismo. Para isso, está equipada com um moderno canhão naval Oto Melara de 76 mm, estação de armas remota Bushmaster de 25 mm, metralhadoras Browning e espaço reservado para lançadores de mísseis antinavio, que podem ser instalados futuramente.
O navio também traz uma forte capacidade aérea e de operações especiais. Ele pode receber helicópteros de até 11 toneladas, como o Bell 412EP, e drones ScanEagle para vigilância de longo alcance. Possui rampa para lanchas interceptadoras, guindastes laterais, espaço para contêineres modulares de missão e infraestrutura para operações prolongadas, com tanques de combustível, água e sistemas de lançamento de barcos para diferentes cenários.
Esse avanço não é isolado. O ARC 24 de Julio faz parte do programa Plataforma Estratégica de Superfície (PES), que prevê a construção de novas fragatas Sigma 10514 e navios logísticos BAL‑C, ampliando a capacidade da Marinha até 2042. O plano já conta com orçamento de US$ 435 milhões para a primeira fragata e prevê até cinco patrulheiros oceânicos como o que agora ganha forma. A Cotecmar também estuda integrar uma torre de 12,7 mm controlada remotamente, tecnologia desenvolvida localmente para equipar futuras unidades.
Na mesma cerimônia, a Colômbia apresentou outro marco importante: o navio-hospital Benkos Biohó. Com 39 metros de comprimento e autonomia de 25 dias, ele foi projetado para levar atendimento médico a mais de 150 mil pessoas em comunidades isoladas do litoral Pacífico. Equipado com centro cirúrgico, consultórios, telemedicina e farmácia, contará com 35 profissionais de saúde a bordo, capaz de oferecer desde exames básicos até procedimentos cirúrgicos em locais de difícil acesso.
Com essas duas embarcações, a Colômbia não só reforça sua defesa marítima, como também demonstra capacidade de projetar e construir navios complexos, investir em tecnologia própria e atender a necessidades sociais urgentes. O ARC 24 de Julio e o Benkos Biohó são, ao mesmo tempo, símbolos de soberania e solidariedade, preparando o país para proteger seus mares, cuidar de sua gente e afirmar presença estratégica no Pacífico e no Caribe.