Indonésia fecha acordo histórico de US$ 10 bilhões com a Turquia para aquisição de 48 caças furtivos KAAN

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Durante a feira internacional de defesa IDEF 2025, realizada em Istambul, Turquia e Indonésia assinaram um acordo histórico para a venda de 48 caças de quinta geração KAAN, projetados e produzidos pela Turkish Aerospace Industries (TAI). Com valor estimado em cerca de 10 bilhões de dólares, esse é o maior contrato de exportação da história da indústria de defesa turca e marca a Indonésia como o primeiro cliente internacional do programa KAAN. A assinatura do acordo foi feita na presença do presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, do presidente indonésio Prabowo Subianto e de autoridades de defesa dos dois países.

Turkish and Indonesian officials at IDEF 2025 in Istanbul, Türkiye on 26 July, 2025. (Photo via X/@SavunmaSanayii)

O contrato prevê a entrega das aeronaves ao longo de um período de 10 anos (120 meses), com as primeiras unidades saindo das linhas de produção da Turquia e entregues já configuradas para as necessidades operacionais da Força Aérea Indonésia (TNI-AU). A produção será integralmente realizada na Turquia nos primeiros anos, mas o acordo também inclui cláusulas de cooperação industrial e transferência de tecnologia. Duas empresas indonésias, a PT Dirgantara Indonesia e a PT Republik Aero Dirgantara, estão envolvidas no projeto com o objetivo de desenvolver capacidade local e preparar o país para possíveis montagens finais, manutenção e até futura produção de partes do caça.

Turkish and Indonesian officials at IDEF 2025 in Istanbul, Türkiye on 26 July, 2025. (Photo via X/@SavunmaSanayii)

 

O KAAN, também conhecido como TF-X ou MMU, realizou seu primeiro voo em fevereiro de 2024. Trata-se de uma plataforma stealth de quinta geração, desenvolvida para substituir os F-16 da Força Aérea Turca. O programa visa garantir à Turquia autonomia tecnológica em sistemas de combate aéreo avançado e inseri-la no grupo restrito de países com capacidade de projetar e fabricar caças furtivos. Seu desenvolvimento conta com o envolvimento de mais de 20 empresas turcas e está sendo acompanhado com interesse por diversos países. O presidente da Agência da Indústria de Defesa da Turquia, Haluk Görgün, afirmou que o acordo com a Indonésia representa não apenas um marco comercial, mas também um símbolo da crescente confiança global nas capacidades industriais e tecnológicas da Turquia.

O motor da aeronave ainda está sendo desenvolvido, com a TAI esperando alcançar produção 100% nacional até 2032. No momento, os protótipos utilizam motores F110 de origem norte-americana, mas o objetivo do governo turco é substituí-los por modelos projetados e fabricados localmente em parceria com empresas como a TRMotor. Até 2028, está prevista a produção em série para atender tanto às necessidades da Turquia quanto das exportações.

Indonesia keen to join Turkiye's Kaan fighter jet development: Prabowo - CNA

A Indonésia, por sua vez, está em processo de modernização de suas forças armadas e tem buscado diversificar seus fornecedores de defesa. Já mantém contratos ativos com a França para aquisição de caças Rafale e está em negociações para compra de sistemas norte-americanos. O acordo com a Turquia não apenas amplia essa diversificação, mas também oferece ao país a possibilidade de se integrar mais profundamente a uma cadeia produtiva aeroespacial de alto nível. A aquisição do KAAN também é estratégica para a Indonésia diante das crescentes tensões no Indo-Pacífico, oferecendo uma resposta mais moderna e eficiente a possíveis ameaças regionais.

 

Este contrato tem implicações geopolíticas e industriais amplas. A Turquia reforça sua posição como exportadora de armamentos de alta tecnologia e desafia a hegemonia de tradicionais fabricantes ocidentais e russos. Países como Paquistão, Azerbaijão, Malásia, Emirados Árabes e Arábia Saudita já demonstraram interesse no caça turco, e a Indonésia pode ser a ponte para expandir esse mercado no Sudeste Asiático. O vice-presidente turco Cevdet Yılmaz destacou que este é um exemplo de como a estabilidade política doméstica e a visão estratégica em defesa podem gerar resultados concretos em termos de prestígio internacional e desenvolvimento econômico.

O contrato entre Indonésia e Turquia para os caças KAAN simboliza mais que uma venda de aeronaves: representa um alinhamento estratégico entre dois países emergentes que buscam autonomia tecnológica, projeção regional e novas formas de cooperação fora dos tradicionais eixos de poder. Com isso, o KAAN deixa de ser apenas um projeto nacional e passa a se consolidar como uma plataforma global, moldando o futuro do combate aéreo e da diplomacia militar.

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