A Romênia deu um passo importante para reforçar sua defesa aérea ao assinar, no início de julho de 2025, um contrato bilionário com a empresa israelense Rafael Advanced Defense Systems. O acordo, avaliado em cerca de 2 bilhões de dólares, prevê a aquisição de sistemas SPYDER – um dos mais avançados meios de defesa antiaérea de curto e muito curto alcance da atualidade. Essa é a maior compra do tipo já realizada pelo país e faz parte de um amplo esforço de modernização das Forças Armadas, especialmente diante do cenário de segurança cada vez mais instável no flanco leste da OTAN.
O SPYDER é um sistema móvel, compacto e extremamente ágil, capaz de abater alvos como drones, aviões, helicópteros e até mísseis de cruzeiro. Tudo isso operando a partir de um único caminhão, que integra radar tridimensional, sensores eletro-ópticos, lançadores e uma central de comando. Os mísseis utilizados são o Python‑5, com alcance de até 40 quilômetros, e o Derby ER, que pode atingir alvos a 80 quilômetros de distância. O sistema pode operar de forma autônoma e tem tempo de resposta rápido, sendo eficaz até mesmo em ambientes com guerra eletrônica — como ficou claro em um teste real feito em Israel, em 2024, quando abateu com sucesso um drone sob interferência pesada.
A escolha pelo sistema israelense não aconteceu por acaso. Desde 2023, a Romênia estava em busca de uma solução moderna para reforçar sua camada de defesa aérea de baixa altitude. Outras fabricantes como a europeia MBDA, a alemã Diehl e a sul-coreana LIG Nex1 também participaram da concorrência, mas acabaram desclassificadas por falhas técnicas ou por apresentarem preços acima do permitido. Com isso, a proposta da Rafael ficou sozinha na disputa, sendo aprovada com base em critérios técnicos, operacionais e de custo.
Essa aquisição já vinha sendo planejada desde 2020 e se encaixa em um projeto maior de reestruturação das capacidades de defesa do país. Os novos sistemas SPYDER vão atuar junto aos Patriots e Hawks já em operação, formando uma malha integrada e em camadas capaz de proteger bases militares, centros urbanos e áreas estratégicas de ameaças aéreas cada vez mais complexas.
O financiamento do programa também traz um diferencial. Parte dos recursos virá de fundos da União Europeia, como o ASAP e o EDIRPA, que incentivam a produção conjunta de sistemas de defesa entre países do bloco. Por isso, a Rafael terá que envolver empresas romenas na fabricação dos componentes, algo que já é familiar para a companhia israelense, que participa de iniciativas semelhantes, como o projeto europeu dos mísseis antitanque Spike.
Mais do que apenas comprar equipamentos, a Romênia está fortalecendo sua posição dentro da OTAN, mostrando que leva a sério sua responsabilidade com a segurança regional. Ao apostar em um sistema confiável, testado em combate e com forte potencial de cooperação industrial, o país não só aumenta sua capacidade de resposta a ameaças, como também investe na própria indústria de defesa. As primeiras entregas devem acontecer nos próximos anos, com implantação gradual até que todas as unidades estejam operacionais.
Em um momento em que o ambiente de segurança europeu passa por mudanças profundas, a decisão romena é estratégica. Ela garante proteção ao território, reforça alianças internacionais e posiciona o país como um ator mais preparado e autônomo diante dos desafios modernos da guerra aérea.