A Índia deu mais um passo importante no seu ambicioso plano de modernização da frota de caças Su-30MKI. O laboratório estatal LRDE (Electronics & Radar Development Establishment), parte do DRDO, acaba de lançar um pedido formal de propostas (RFP) para escolher um parceiro da indústria nacional que ajudará no desenvolvimento e produção do novo radar AESA batizado de Virupaksha. Essa nova tecnologia será o coração do programa de atualização “Super-30”, que pretende transformar os Su-30MKI em máquinas de combate ainda mais modernas, letais e preparadas para os desafios do futuro.
O radar Virupaksha representa um salto significativo em relação ao atual sistema russo N011M Bars, que ainda usa a tecnologia PESA. Com até 2.600 módulos transmissor/receptor fabricados com tecnologia GaN (nitreto de gálio), o novo radar promete maior alcance, menor peso, melhor desempenho térmico e muito mais confiabilidade. Estamos falando de uma capacidade de detectar alvos do tamanho de um caça a distâncias que variam entre 300 e 400 km, com possibilidade de rastrear mais de 60 alvos simultaneamente, incluindo até mesmo aeronaves furtivas como o caça chinês J-20.
Um dos diferenciais mais interessantes do Virupaksha é o uso de um reposicionador mecânico que amplia o campo de visão do radar: ele pode se mover até ±90° no azimute e ±20° em inclinação. Isso o torna capaz de escanear áreas muito maiores sem precisar que a aeronave mude sua orientação, o que é uma vantagem clara em cenários de combate aéreo moderno. Não por acaso, muitos já estão se referindo a esse radar como um verdadeiro “mini-AWACS” instalado no nariz de um caça.
Além de disso, o Virupaksha também é mais leve e eficiente. Ele pesa até 40% menos que o atual radar Bars e cabe perfeitamente no nariz dos Su-30MKI sem a necessidade de grandes modificações estruturais — nem mesmo será necessário trocar os motores AL-31F, o que facilita muito o processo de retrofit.
Esse novo radar é uma versão avançada do Uttam AESA Mk-II, já em testes em outras plataformas indianas, e operará na banda S. Ele terá a capacidade de engajar até seis alvos ao mesmo tempo e, segundo informações poderá rastrear até 100 contatos simultaneamente. Seu design “plug and play” mostra como o DRDO está levando a sério a ideia de desenvolver tecnologias militares modernas que sejam fáceis de integrar e manter.
A busca por um parceiro nacional está em curso, com várias empresas indianas interessadas — incluindo nomes como HAL, Alpha Design, Rangsons, Data Patterns, Astra Microwave, L&T, entre outras. O parceiro selecionado irá colaborar com o LRDE, a Hindustan Aeronautics Limited (HAL) e a Bharat Electronics Limited (BEL) na construção das primeiras unidades de teste, que serão instaladas em caças designados como plataformas de validação. Se tudo correr bem, a produção em série começará pouco depois de 2025.
O radar Virupaksha faz parte de uma reforma muito mais ampla da frota. O projeto Super-30 prevê a modernização de 84 dos 260 Su-30MKI atualmente em operação, com início previsto já para 2026. As melhorias incluem, além do radar, um novo cockpit digital com comandos por voz, aviônicos nacionais e armamentos atualizados, como o míssil Astra Mk III, com alcance de até 350 km. Tudo isso com um investimento previsto de cerca de ₹65 mil crores (algo em torno de US$ 7,8 bilhões).
Mais do que atualizar uma aeronave já consagrada, a Índia está mirando no futuro — ampliando sua soberania tecnológica, fortalecendo sua base industrial de defesa e garantindo que seu principal caça continue relevante frente a ameaças cada vez mais sofisticadas, como o J-20 chinês e o futuro J-35 paquistanês.
Com o radar Virupaksha, o Su-30MKI terá um desempenho de plataformas de geração 4.5+ e, quem sabe, até superior a algumas versões ocidentais que ainda dependem de radares mais antigos.
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