Segundo informações divulgadas pelo jornalista colombiano Erich Saumeth o Exército Nacional Colombiano (Ejército Nacional de Colombia) está em pleno avanço na formação de uma nova e estratégica unidade militar: o Batalhão de Aeronaves Não Tripuladas (Batallón de Aeronaves No Tripuladas – BANOT). Projetado para operar, manter e, sobretudo, neutralizar drones — também conhecidos como veículos aéreos não tripulados (VANTs) — o BANOT nasce como resposta direta à crescente ameaça representada pelo uso bélico dessa tecnologia por grupos armados ilegais.
Desde 2023, organizações como o ELN, dissidentes das FARC e facções do narcotráfico passaram a adaptar drones comerciais para lançar explosivos contra alvos militares e policiais. Esse tipo de ataque, que se intensificou ao longo de 2024, tem causado sérios danos especialmente nas regiões de Cauca e Norte de Santander, onde a presença desses grupos é mais intensa. Em pouco mais de dois anos, foram contabilizados mais de 250 ataques com drones, resultando em pelo menos 35 feridos e três mortos nas forças armadas e de segurança pública.
Diante desse novo cenário de ameaça aérea de baixo custo e alta letalidade, o Comando Geral das Forças Armadas da Colômbia iniciou um processo emergencial de modernização doutrinária. Isso incluiu a aquisição acelerada de sistemas antidrone, dispositivos de interferência, novos equipamentos e o treinamento de pessoal voltado à guerra eletrônica e operações não tripuladas.
O BANOT, cuja implantação está prevista para o final de 2025 ou, no máximo, o primeiro semestre de 2026, será uma unidade tática com estrutura e doutrina comparáveis às dos Batalhões de Forças Especiais ou do Batalhão de Operações Especiais de Aviação — mas com foco exclusivo no uso tático de drones, tanto em operações ofensivas quanto defensivas.
A criação do BANOT também é fruto da crescente cooperação militar da Colômbia com aliados internacionais. Desde que foi reconhecida como parceira global da OTAN em 2017 — a única na América Latina — a Colômbia tem aprofundado suas relações de interoperabilidade e capacitação. Em 2025, o Exército iniciou um roteiro conjunto com a Aliança Atlântica para aplicar padrões operacionais a unidades-chave, e agora essa política se estende às capacidades de UAVs, consolidando um modelo de defesa adaptado às exigências tecnológicas do século XXI.
Hoje, o Exército Colombiano já emprega drones da fabricante DJI para missões de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR), incluindo modelos com visão noturna e sensores térmicos. Esses equipamentos tiveram papel central em operações como a “Operação Perseu”, que visava retomar o controle do território em áreas dominadas por grupos insurgentes no Cauca. Além disso, drones táticos doados pelos Estados Unidos e sistemas VTOL (decolagem e pouso vertical) adquiridos na Espanha foram incorporados à estrutura de defesa, ampliando o leque operacional.
Com a consolidação do BANOT — ou Unidade de Operações Balanceadas com Drones —, o objetivo é criar uma doutrina nacional robusta e autônoma para o uso de VANTs. O batalhão será capaz de executar missões com seus próprios drones, interceptar dispositivos hostis, e atuar com agilidade em conflitos irregulares e cenários híbridos de guerra.
Essa nova capacidade representa um divisor de águas na estratégia de defesa da Colômbia. Ao internalizar e sistematizar o uso tático de drones, o país não apenas responde de forma eficiente a ameaças emergentes, como também se posiciona como referência regional no combate a tecnologias disruptivas empregadas por atores não estatais. A guerra moderna já não é mais travada apenas com armas convencionais; ela é multidimensional, tecnológica e assimétrica. E a Colômbia parece determinada a não apenas se adaptar, mas liderar essa transformação.