China oferece o caça J-10C à Tailândia e desafia aquisição de Gripen E

A Força Aérea Real da Tailândia (RTAF) está no centro de um debate estratégico que vai muito além da simples modernização de sua frota de combate. Embora o comando da força tenha inicialmente manifestado preferência pelo caça sueco Saab Gripen E, uma nova proposta da China envolvendo os caças Chengdu J-10C vem ganhando destaque nos bastidores militares e políticos do país. A oferta chinesa, que inclui até 24 aeronaves com um pacote completo de armamentos e suporte logístico, tem sido considerada por diversos setores do governo como uma opção mais acessível e imediata diante dos desafios regionais e orçamentários enfrentados por Bangkok.

O plano original da Tailândia prevê a aquisição de 12 a 14 aeronaves multifunção, com orçamento inicial de 19 bilhões de baht (cerca de US$ 560 milhões), destinados à compra das primeiras quatro unidades entre 2025 e 2029. As demais entregas seriam distribuídas até 2034. No entanto, apesar da preferência oficial pelo Gripen E, o contrato com a Saab ainda não foi assinado, abrindo espaço para reconsiderações estratégicas. A proposta sueca, embora tecnicamente sólida, enfrenta obstáculos logísticos e financeiros, incluindo um custo unitário estimado entre US$ 85 e 100 milhões por aeronave, além de prazos de entrega incertos devido à fila de encomendas já firmadas com Brasil e Suécia.

Por outro lado, a China ofereceu os J-10C a preços a partir de US$ 40 milhões por unidade, praticamente metade do custo do Gripen. A oferta inclui ainda facilidades de financiamento e prazos de entrega muito curtos, apoiados na elevada capacidade de produção da Chengdu Aircraft Corporation (CAC). Isso tem chamado atenção especialmente entre os quadros da RTAF que veem na proposta uma solução prática e eficiente diante das demandas urgentes de modernização e da crescente instabilidade na região do Indo-Pacífico.

Além dos atrativos comerciais, os tailandeses tiveram a oportunidade de observar de perto as capacidades operacionais do J-10C em relação ao Gripen durante os exercícios conjuntos Falcon Strike, realizados em anos anteriores entre a Força Aérea da China (PLAAF) e a própria RTAF. Segundo fontes ouvidas pelo Bangkok Post, as manobras revelaram a maturidade tática do J-10C e sua capacidade de integração em cenários de combate complexos. Embora os resultados detalhados dos exercícios não tenham sido divulgados oficialmente, a participação do J-10C deixou uma impressão positiva nos militares tailandeses, especialmente por seu desempenho em combate simulado e uso de mísseis de longo alcance.

O interesse tailandês pelo J-10C aumentou ainda mais após confrontos recentes entre Índia e Paquistão. Segundo reportagens divulgadas pelo jornal nacionalista chinês Global Times, um J-10C paquistanês teria conseguido abater um caça Rafale indiano — um episódio ainda envolto em controvérsias, mas que foi visto com entusiasmo por parte do alto comando tailandês. Fontes militares citadas pelo Bangkok Post afirmam que oficiais da RTAF passaram a ver o J-10C com mais seriedade após esse episódio, considerando-o uma plataforma de combate eficaz, moderna e financeiramente mais acessível que seus concorrentes ocidentais.

O J-10C, equipado com radar AESA, mísseis ar-ar de longo alcance PL-15, sistema de guerra eletrônica avançado e capacidade para reabastecimento em voo, tem sido promovido por Pequim como um símbolo da maturidade tecnológica da indústria aeroespacial chinesa. O Global Times não poupou elogios à aeronave, classificando-a como uma “alternativa confiável e econômica” frente às plataformas ocidentais, e chegou a afirmar que a escolha pelo J-10C representaria um “reconhecimento da ascensão da China como fornecedora de defesa global de primeira linha”.

A posição do ministro da Defesa tailandês, Phumtham Wechayachai, tem sido de cautela, mas fontes ligadas ao gabinete revelaram ao Bangkok Post que o governo vê com bons olhos uma diversificação dos parceiros estratégicos, especialmente após o veto norte-americano à tentativa anterior da Tailândia de adquirir caças F-35A. Nesse contexto, a proposta chinesa ganha ainda mais peso, pois oferece não apenas uma aeronave moderna, mas também a possibilidade de aprofundamento das relações bilaterais com a China em áreas de defesa, tecnologia e infraestrutura.

A decisão sobre qual caça será adquirido ainda não foi tomada oficialmente, mas o cenário está cada vez mais disputado. A hesitação em formalizar o contrato com a Saab, somada à oferta agressiva e abrangente da China, evidencia um momento de transição na política externa e de defesa da Tailândia. A escolha entre o Gripen E e o J-10C não será apenas uma decisão técnica — ela refletirá, sobretudo, a direção estratégica que o país pretende seguir em um mundo cada vez mais polarizado entre influências ocidentais e orientais.

Um comentário em “China oferece o caça J-10C à Tailândia e desafia aquisição de Gripen E

  1. É um ótimo caça o J-10, suplantou o Rafale. O Brasil tinha que encomendar esse caça e parar com os devaneios do Gripen, que é caro e nunca testado em guerras. E o dinheiro do Gripen uma parte vai para os Eua, logo estaremos alimentando essa serpente.

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