Venda da Avibras: Indústria bélica está sendo negociada com investidor brasileiro, afirma empresa

Segundo a Avibras, na última sexta-feira, dia 25 de outubro, o investidor brasileiro assinou um acordo com a empresa, para adquirir o controle da companhia, o que a indústria bélica, que vive uma crise, classificou como um avanço significativo no “processo de recuperação financeira”.

Apesar da assinatura, a Avibras informou que a conclusão do negócio ainda depende de outros fatores, com o cumprimento de condicionantes estabelecidas em contrato. “O fechamento efetivo da aquisição somente poderá ocorrer se cumpridas todas as condições estabelecidas no acordo”, diz trecho da nota da Avibras. A empresa não detalhou o acordo firmado.

Ainda segundo a Avibras, nesta fase, estão sendo seguidas as etapas necessárias “para concretizar e validar a aquisição, com o intuito de restabelecer as operações da companhia”. Por fim, a Avibras destacou que “a assinatura do acordo representa um marco importante no processo de reestruturação da empresa” e que o investidor brasileiro e a indústria bélica “estão trabalhando de forma colaborativa para concluir a transação”.

Nas redes sociais, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que representa os trabalhadores da Avibras, informou que tomou ciência do acordo da indústria com um grupo brasileiro e disse que realizará uma assembleia com os funcionários nesta terça-feira (29), para debater a situação.

A Avibras está em recuperação judicial há dois anos e os funcionários estão em greve quase que o mesmo período. Eles estão sem receber salários há pelo menos 18 meses, de acordo com o Sindicato.

Negociações

Em abril, a Avibras anunciou que a empresa DefendTex, da Austrália, estava negociando a aquisição da indústria bélica. Na época, a Avibras disse que a negociação estava avançada e visava a sua recuperação econômica.

No entanto, no fim de julho, a Avibras emitiu um novo comunicado informando que a DefendTex não cumpriu as condições para adquirir a empresa no prazo estabelecido e acrescentou ainda que a empresa australiana não tem mais exclusividade nas negociações. As negociações são uma tentativa de recuperar a situação econômico-financeira da Avibras, além de retomar as operações, paralisadas há mais de dois anos – veja detalhes mais abaixo.

Na época, a empresa bélica brasileira afirmou ainda que continuava apoiando os esforços da DefendTex e disse que já reiniciou negociações com outras empresas.

Crise e recuperação judicial

Em 22 de março de 2022, a Avibras pediu recuperação judicial, alegando uma dívida de R$ 600 milhões. Em julho de 2023, credores aprovaram o plano de recuperação judicial da empresaA recuperação judicial serve para evitar que uma empresa em dificuldade financeira feche as portas. É um processo pelo qual a companhia endividada consegue um prazo para continuar operando enquanto negocia com seus credores, sob mediação da Justiça.

Nesse cenário de crise, cerca de 400 funcionários da Avibras encerraram em maio o período de layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) na empresa e iniciaram o período de licença remunerada em junho. Ao g1, a Avibras confirmou que são cerca de 400 funcionários nessa situação e que a licença remunerada será aplicada por tempo indeterminado.

A Avibras

A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP). Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.

A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.

Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve diferentes motores foguetes para a Marinha do Brasil e para a Força Aérea Brasileira, além de produzir sistemas fixos ou móveis de C4ISTAR (Comando, Controle, Comunicação, Computação, Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvo e Reconhecimento) e Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) – o Falcão.