Paulo Coelho, empresário de Jutaí

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Por: Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)

Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br


Paulo Coelho, empresário de Jutaí


Por Cel Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 27 de agosto de 2009.


Na minha descida pelo Rio Solimões, de caiaque, conheci diversas pessoas fantásticas cuja lembrança guardarei, eternamente, com muito carinho. Uma delas foi a do Sr. Paulo Coelho da Fonseca, empresário de Jutaí.


– Entrevista com Paulo Coelho da Fonseca (17 de dezembro)


Na manhã, 17 de dezembro de 2008, respondi a alguns e-mails, e fui até o flutuante do Daniel cumprimentar os amigos. A Silvana, funcionária do Daniel, ligou para o Paulo Coelho e marcou uma entrevista com ele. Paulo é acostumado a este tipo de tratativas e não se furtou a relatar sua incrível história de vida. Fomos até o seu sítio, onde cria animais exóticos, peixes como o tambaqui e o pirarucu em lagos ornados por açaís e buritis e diversos locais encantadores para o lazer. No local mais alto, contemplando sua magnífica obra, iniciamos a entrevista.


Eu sou Paulo Coelho da Fonseca, nascido no Espírito Santo. Estou morando em Jutaí há 8 anos. Cheguei aqui em Jutaí sem nada, de carona em um barco e, graças a Deus, hoje eu sou uma das pessoas que mais contribui em termos de emprego na região. Trabalham comigo, diretamente, cerca de 60 pessoas e indiretamente mais de 450. Tenho muitos barcos e em cada barco trabalham 3 ou 4 pessoas. Eu gero muitos empregos, o que posso fazer pela cidade eu faço. Não faço as coisas só para ganhar dinheiro, eu faço as coisas também para agradar as pessoas que vão lá nos meus comércios, como o posto de gasolina, admirar minhas esculturas, as pessoas estão tirando fotos, colocando seus filhos na frente de uma árvore de natal, colocando as pessoas na frente de um pássaro para tirar as fotos. O sítio também é umas das coisas muito bonitas que eu fiz. Há domingos que tem de 300 a 400 pessoas tomando banho de piscina, jogando sinuca, é o único divertimento que temos na cidade. Como a cidade não proporciona, eu ofereço sem cobrar nada.


O motivo de eu ter saído do Espírito Santo para cá foi porque em casa eram todos evangélicos e em toda família existe um que é a ‘ovelha negra’. Na minha família, eu era a ‘ovelha negra’, eu não valia nada, era usuário de drogas, roubava, tudo o que não prestava eu fazia. Hoje as coisas estão mais banalizadas mas, naquela época o filho fazia alguma coisa errada, o pai é que acabava preso. Então não era justo, uma pessoa digna como o meu pai, da igreja como o meu pai, ser preso por erro meu. Decidi sair de casa com 14 ou 15 anos e, por incrível que pareça, o que o meu pai não conseguiu me ensinar o mundo conseguiu. Pois os pais batem com carinho, com pena e o mundo não, a polícia não, no vagabundo batem sem pena.


Na verdade, cheguei a Jutaí assim: saí de Porto Velho pelo o rio Madeira e vim para o rio Amazonas trabalhando no garimpo como peão, eu não tinha nada, nada. Se quisessem me matar por R$ 50,00 me matavam, não tinha nada. De dia eu conseguia uns dois gramas de ouro mergulhando e à noite eu gastava 3 ou 4 em drogas, porque eu comprava duas, e duas eu comprava fiado, então eu nunca conseguia nada. Eu entrei no garimpo, todas as coisas ruins que você puder imaginar do garimpo eu passei, todas as coisas difíceis que você imaginar eu experimentei. Então hoje sei o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que é ruim, o que é perigoso e o que não é perigoso.


Foi aí que eu resolvi escolher o caminho da minha vida. Eu falei: de agora em diante quero zelar pelo meu nome, pela minha pessoa, pela minha imagem e hoje, graças a Deus, eu sou o que sou. Hoje tenho um exemplo de vida, inclusive, já fiz palestras em escolas, já me chamaram para dar o meu depoimento em outras ocasiões e que serve de ensinamento para aqueles que querem pensar como eu pensei. Cada um de nós tem a sua cabeça e se guia. Então, se servir de exemplo, eu sou o exemplo disso. Como havia falado, cheguei aqui em Jutai sem nada e, comecei a pensar naquilo que eu estava falando, comecei a pensar na minha vida. Pensei assim: já que dei desgosto para os meus pais agora vou dar orgulho. Então comecei a pensar – agora vou conseguir alguma coisa, porque tudo o que a gente quer a gente consegue.


Quando entrei para o garimpo, nunca mais usei droga, nunca mais fui para flutuante à noite, comecei a juntar meu ouro. Quando eu entrei para o garimpo, passei 6 meses lá dentro: quando sai, já era dono de duas balsas mesmo devendo. As pessoas começaram a acreditar em mim, começaram a confiar no meu nome mesmo eu devendo. Foi quando fui para São Paulo de Olivença, lá eu também consegui muito ouro, paguei minhas contas e voltei novamente para o rio Negro só. Do rio Negro, fui para o Peru, lá consegui muito ouro, paguei minhas dívidas, minha vida melhorou. Mas também foi lá que eu perdi tudo de novo porque a polícia peruana, talvez vocês não recordem, mas há 8 ou 10 anos atrás, saiu até no jornal Nacional, um brasileiro que foi preso no Peru, eu estava no meio. Saiu em vários jornais, no Peru o que se falava nos jornais tanto lidos, como televisionados era sobre nós, os garimpeiros que tinham sido presos no Peru. Eu perdi tudo.


Voltei para Jutaí sem nada de novo. Morando na rua, não tinha nem condições de pagar hotel, quando um amigo meu que ainda hoje está no Mato Grosso, falou para eu comprar peixe. Só que não sabia nada de peixe, não conhecia nada de peixe mas, por uma insistência dele, fui comprar peixe. Comecei com dois isopores, comprava peixe à noite e no outro dia eu vendia aqui mesmo para os frigoríficos, principalmente para o Alexandre. Pois eles não compravam à noite, só compravam durante o dia. Tinha muita gente tirando sarro de mim, mas continuei comprei mais duas caixas de isopor. Com 30 ou 40 dias eu já tinha umas 8 caixas de isopor. Depois fiz uma caixa grande de isopor e, com uns 6 meses comprando peixe, eu já montei o meu primeiro frigorífico.


Mas eu nunca saía para a rua nem para tomar um refrigerante, tanto que ganhei o apelido de miserável. Passava a noite toda ali, zelando pelos meus fregueses como eu faço até hoje, valorizando-os e, com 6 meses eu já tinha meu primeiro frigorífico e hoje, graças a Deus, eu tenho uma estrutura moderna, tanto que fábrica de gelo do porte da minha são poucas e as pessoas de Fonte Boa, Tabatinga passam para comprar gelo de mim. Eu comprei meus maquinários todos em Caxias do Sul, tudo moderno. Hoje eu tenho capacidade para armazenar em torno de 400 a 500 toneladas de peixe. Tudo começou assim, hoje eu tenho muitos frigoríficos, fábricas de gelo, posto de gasolina…”.


Após a entrevista o jovem empresário nos levou até o melhor restaurante de Jutaí, restaurante Natureza, com sua magnífica vista para o encontro das águas do rio Solimões com o Jutaí. Paulão, como é conhecido, fez questão de pagar nossas despesas de hospedagem.


Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)

Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br


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7 Comentários

  1. O Paulão senhoras e senhores não é um lobo em pele de cordeiro e sim uma vibora em pele de lobo, só nos resta saber quem apilidou este homem de bonzinho, cheguei até imaginar que satanás o espulsou do inferno por ter uma alma tão doce
    Como poucas palavras transformam um carrasco zelador da escravidão humana em gentil vencedor é verdade sim, que este cidadão ostenta uma estrura empresarial bem elevada aos nivis do municipio de jutaí mas não se engane com tais “conquistas” o que este doutor em crime tem, nada mais é do que o reflexo de suas atrocidades dentro dos garimpos, passando por cima dos cadaveres de amigos. Agora me digam isto é vitória? é este homem, o simbolo de virtude?, é este o palastrante que leva as crianças a dignidade estampada na face? nos poupem ! daqui a pouco ses vão dizer que o Pelé é argentino de pele albina e olhos azuis rsrsrsrs e ainda vãon querer ter prestigio,tenham pelo menos dó dos Jutaíenses que deveriam até receber uma quantia em dindin do Espirito Santo por guardar esta ovelha negra aqui .

  2. o paulo é um homem muito guerreiro eu acho ele muito legal
    ele e a esposa dele a regina
    eles dois ajudaram muitos os meus pais
    tegina e paulo brigado por tudo!!!!

  3. Caros Amigos,

    Falar mal do nosso amigo Paulão, como assim o carinhosamente o chamamos é muito fácil, pois uma pessoas simples e trabalhadora como ele é invejável a todos. O dificil de dizer e o que ele faz pelo próximo, sou amigo do Paulão e por diversas diversas vezes nos mostrou o seu carater e personalidade, contudo o seu passado não nos obriga a condená-lo e muito menos tratá-lo como um vilão dos piores filmes. No entanto, nos cabe agradecer ao Paulão pela ajuda que sempre prestou ao nosso povo.
    Quantas pessoas carentes o procuram e foram atendidas com seus préstimos, vale ressaltar que o Paulão nunca foi politico (está sendo agora) e gasta o seu dinheiro para ajudar aos necessitados, envergonhando até mesmo os proprios politicos locais que passaram toda a vida vivendo às custas da politica e nem ao menos se compadece com miséria do nosso povo.
    E para completar, encontrou uma esposa que também é uma guerreira (Regina), que ao seu lado ajudou a construir se consquistar tudo que eles possuem, e isso todos os jutaienses sabem.
    Que Deus continue abençoando suas vidas!!

  4. medo de morrer :O Paulão senhoras e senhores não é um lobo em pele de cordeiro e sim uma vibora em pele de lobo, só nos resta saber quem apilidou este homem de bonzinho, cheguei até imaginar que satanás o espulsou do inferno por ter uma alma tão doceComo poucas palavras transformam um carrasco zelador da escravidão humana em gentil vencedor é verdade sim, que este cidadão ostenta uma estrura empresarial bem elevada aos nivis do municipio de jutaí mas não se engane com tais “conquistas” o que este doutor em crime tem, nada mais é do que o reflexo de suas atrocidades dentro dos garimpos, passando por cima dos cadaveres de amigos. Agora me digam isto é vitória? é este homem, o simbolo de virtude?, é este o palastrante que leva as crianças a dignidade estampada na face? nos poupem ! daqui a pouco ses vão dizer que o Pelé é argentino de pele albina e olhos azuis rsrsrsrs e ainda vãon querer ter prestigio,tenham pelo menos dó dos Jutaíenses que deveriam até receber uma quantia em dindin do Espirito Santo por guardar esta ovelha negra aqui .

  5. É muito fácil apontar os erros de uma pessoa, é igual macaco, nunca olha pro seu rabo. Conheço o Paulo e sua esposa, e já estou a tanto tempo nesta cidade e o que vejo é eles ajundando pessoas necessitadas. Trabalho dos governante atuais que vivem esbanjando com os recursos tirado da miséria do povo de Jutaí. Você amigo que redigiu esta materia deplorável e sem nexo, deve está também se alimentando da miséria deste povo, comendo no mesmo prato das injustiças cometidas pelos piliticos neste municipio. Lembre-se o mundo dá muitas voltas, amanhã você poderá ser um dos entre tantos que irão bater na porta do Paulo pedindo emprego. Quanto você está ganhando por essas palavras de baixo escalão. Elas representam você e seus mandantes. São todos iguais, que pena, de baixo nível. O que seria de Jutaí humanamente falando se um dia não tivesse aberto as portas para um homem que veio de tão longe fazer pelo povo de Jutaí o que os sanguessugas que estão no poder nunca puderam fazer. Fica aqui meus sentimentos e apresso ao Paulo e familia e acredito que ainda vão tomar água no seu copo!

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