Defesa & Geopolítica

ESCOLHAS, NECESSÁRIAS E TOMADAS!

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Autor: Carcará do Cerrado

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Escolhas, necessárias e tomadas!

Em meio ao festival de confusão sobre o F-X2 (e agora com a última sendo a visita de Hillary Clinton) vamos mudar de assunto e falar de quem vê, decide e compra logo sem enrolação?
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Somente fazendo um breve parênteses antes de começar, eu realmente acho que a Hillary não veio ao Brasil para falar de caças, ela pode até comentar algo do tipo, mas isso seria para segundo ou terceiro plano, mas enfim é apenas uma suposição, e as notícias mesmo colocaram as luzes sobre a questão do Irã.

Vamos ao que interessa.

Neste processo de reaparelhamento, recapacitação, enfim, quase que uma re-criação das Forças Armadas, temos muita confusão, muitas escolhas são tomadas, sejam pelo poder vigente no Estado ou sejam pelas vontades e aspirações dos comandantes militares, o ponto é que são decisões, ou seja, escolhas e podem por vezes serem infelizes, mas são necessárias e no momento quase todas urgentes o que é ponto chave para determinar que elas devem ser feitas agora ou o mais rápido possível.

O senso de necessidade e de dever é que as vezes parece ser um ponto de difícil compreensão na sociedade brasileira que tende a acreditar que o mundo é alheio ao Brasil na questão militar e que podemos manter uma Força Aérea de “Aeroclube“, um Exército de “Quintal” e uma Marinha de “Piscina“.

Pobre de nossa “opinião pública”.

Quando a gente passa desse pensamento “pequeno” e entra no pensamento e discussão “de verdade” sobre as Forças teremos então as grandes questões e inevitavelmente as polêmicas! Porém hoje no Brasil as polêmicas são o ponto chave e aquilo que “vende jornal” e com isso elas são fortemente modificadas, guiadas, adulteradas ou até mesmo forjadas por meios de mídia pouco ou nada comprometidos com as necessidades do país e aí temos os “shows” como no F-Xato2 é o exemplo (me perdoem os que não gostaram dessa forma carinhosa de tratar nossa novela mexicana made in Brazil).

Seja lá por qual motivo, o fato é que a FAB conseguiu fazer bons processos de compra, sem alardes ou escândalos, como na compra de helicópteros EC-725, os Mil Mi-35 e até nos patrulheiros marítimos P-3 AM (que ainda creio ser um elefante branco, mas como já disse antes e repito, é um salto operacional para a força), agora quando chegamos ao F-X2 a FAB não conseguiu, “perdeu a mão” e a coisa virou um espetáculo da imprensa, e isso que estamos falando de um contrato de alto valor, porém ainda menor do que as aspirações da Marinha para sua frota de submarinos.
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No Exército as coisas seguem “na surdina“, mais de 2.200 Guaranís serão fabricados e o projeto segue sem holofote, os blindados Leopard 1A5 foram adquiridos e mais devem ser comprados e assim segue sem a imprensa atormentar o sono de nossos generais, aí vejo que o Exército demonstra um bom exemplo de discrição, mesmo que seus contratos envolvam cifras menores, e em teoria uma tecnologia menos sofisticada.
A situação é de descrição e outras novidades devem surgir para essa força em breve, muito provavelmente sem bagunça ou farra na imprensa, de forma simples e direta como o Exército Brasileiro gosta de fazer.

Na Marinha o caso é mais peculiar ainda. Os mais caros e ambiciosos projetos estão ali, a Força que no momento é que mais recursos tem já encaminhados para seu reaparelhamento e até para ampliação de capacidade operacional, e a imprensa até tentou alguns ataques, políticos tentaram atacar, e não conseguiram, mas porque?

Essa é uma resposta de 1 milhão de reais e pode ser mais de uma e diferentes, mas o importante mesmo é o andamento das coisas.

Em nossa Marinha o peso do comando parece ser mais rígido e o senso de necessidade parece ter sido mais bem “implementado” no momento (leia-se bem o “parece”, de aparência). Vou deixar aqui claro e registrado meu elogio a postura assumida pelo Almirante Júlio Soares de Moura Neto que está guiando a força para o futuro e não comprou briga com a política, pelo contrário, fez sua lição de casa e está tendo o que precisa, talvez não o que queira e ainda longe de ser o melhor ou o máximo que poderia, mas está aos poucos galgando o que precisa, e já são fatos consumados, escolhas feitas e com decisão tomada, não há como voltar a atrás e nem como desistir (bem, claro que essas opções sempre existem, mas no momento isso já e trata de jogar muitos recursos consumidos no lixo).
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Almirante Júlio Soares de Moura Neto
Nossa Marinha que foi responsável por glórias no passado, como a batalha do Riachuelo e indo além temos a importantíssima participação em nossa Independência, e é hoje a força que pode ser apontada como o exemplo de postura a ser seguido.

É claro, óbvio e evidente que todas as Forças desempenham função importante em nossa defesa, ou eventualmente em uma necessidade de contra-golpe em um oponente, dizer que uma força é mais importante que a outra é também no mínimo insanidade, mas no processo decisório tem gente sendo mais eficaz do que os outros, e isso sempre existirá, por vezes uma força será mais eficaz do que a outra no jogo político ou até mesmo nas prioridades do governo, mas isso não diminui ou aumenta a importância desta força no cenário de defesa nacional.

A Marinha sabe a muito tempo não só qual é o seu papel como também sabe que o trâmite político é lento, moroso e penoso e que se jogando contra o governo ela efetivamente não terá nada, além do mínimo do mínimo e muito aquém até de suas necessidades básicas. Esse aprendizado fez com que a Marinha chegasse, aparentemente, a conclusões óbvias para se aproveitar de toda e qualquer proposta oportuna e convertê-la a seu favor.

Por mais que o NAe A-12 São Paulo possa ser considerado um “mal negócio“, pois está a mais tempo no estaleiro do que no mar, o fato é que o A-11 Minas Gerais não tinha mais condições de atuar e se não tivéssemos outro porta-aviões nossa Força Naval iria perder sua capacidade de utilização desse tipo de navio. O ex-Foch veio em uma boa oferta com preço extremamente interessante, porém com o peso da idade e desatualização.

Os nossos futuros submarinos convencionais da classe Scorpené, que tantos questionam por serem piores que os IKL-214, são também um caso de conveniência e inteligência, dada a realidade da França de possuir tanto submarinos convencionais, quanto nucleares e além disso o próprio desenho do submarino chama à atenção, dado que apresenta o formato de “baleia” utilizado por americanos, russos, franceses e alguns outros e apontado como mais eficiente em termos de hidrodinâmica.
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No final teremos submarinos convencionais e nucleares e feitos aqui e com modificações nos convencionais para deixá-los “do nosso jeito”.

Não quero comparar uma força com a outra, quero simplesmente demonstrar que assim como na sociedade ou na política nos temos diferenças entre “semelhantes” (vejam bem, semelhantes não é iguais), e no meio militar não é diferente.
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Brigadeiro Juniti Saito
O nosso Brigadeiro Juniti Saito está fazendo um bom trabalho, ele está levando o comando a adiante sim, mesmo com todas estas dificuldades, porém existe tanto falatório dentro do comando da aeronáutica que chega a impressionar um pouco, dado o nível de discrição nos outros dois comandos, mas isso é para outra hora.
Por hoje e acho que pelos próximos anos ainda, o importante é que nossas forças armadas consigam tomar as decisões importantes que precisam tomar, seja dependendo do jogo política ou somente de sua vontade, o importante é fazermos as escolhas e principalmente mantermos nossa capacidade de nos defender (o que no momento está seriamente comprometido).

NOTA DO BLOG: Os artigos publicados na seção “O Carcará do Cerrado” não necessariamente refletem a opinião do Blog PLANO BRASIL, os textos são autoria e responsabilidades do autor e não possuem nenhum vínculo oficial ou representa as instituições militares brasileiras.
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