Capturas de tela e documentos divulgados em 3 de outubro por um grupo hacker indicam que a estatal russa Rostec teria firmado contratos de exportação de aeronaves de combate Sukhoi com Irã, Argélia e Etiópia. O material, cuja autenticidade ainda não foi verificada, descreve quantidades, preços e cronogramas de entrega de caças Su-35, Su-57 e Su-34.
O grupo hacker Black Mirror publicou em 3 de outubro um conjunto de mais de 300 documentos supostamente obtidos de servidores da Rostec, conglomerado de defesa controlado pelo Estado russo. O vazamento inclui planilhas internas, contratos e correspondências comerciais que detalham acordos de exportação de sistemas de guerra eletrônica, aviônicos e aeronaves militares.
Segundo o site The Insider, que analisou parte do material, os arquivos incluem uma tabela de preços atribuída à KRET JSC — subsidiária da Rostec responsável por equipamentos radioeletrônicos e sistemas de guerra eletrônica. A planilha agrupa itens por “códigos de cliente”, identificando três programas principais de exportação: “364”, associado ao Irã; “012”, à Argélia; e “231”, à Etiópia.

O código “364” corresponde a 48 caças multifuncionais Su-35, com entrega planejada entre 2026 e 2028. Os registros apontam um pagamento inicial de 15% e a inclusão de 24 conjuntos de guerra eletrônica Khibiny-M, bem como peças de reposição e aviônicos de bordo. O valor total estimado da parcela atribuída à KRET é de aproximadamente € 588,6 milhões, com cronogramas de entrega de componentes entre 16 e 48 meses após o pagamento antecipado.
O código “012” lista pacotes combinados de guerra eletrônica para aeronaves Su-34 e conjuntos aviônicos completos para 12 caças Su-57E, totalizando cerca de US$ 414 milhões. O material sugere que a Argélia receberia 12 unidades do caça furtivo Su-57E e 14 aeronaves Su-34 para missões de ataque e interdição marítima, com entregas previstas até 2026. Caso confirmado, o contrato tornaria a Argélia o primeiro cliente estrangeiro do Su-57, o caça de quinta geração desenvolvido pela Sukhoi.

O código “231”, menos detalhado, faz referência a um lote de seis Su-35 atribuídos à Etiópia, sem cronograma de entrega especificado.
Os documentos ainda incluem informações sobre prazos de fabricação e integração dos sistemas. Os componentes eletrônicos dos Su-35 iranianos seriam produzidos e enviados entre 2024 e 2026, seguidos por montagem e certificação nas instalações da United Aircraft Corporation (UAC). Para os programas argelinos, os pacotes de guerra eletrônica e aviônicos seriam entregues entre 2024 e 2026, em linha com negociações reportadas anteriormente entre Argel e Moscou.
As quantidades e valores apresentados coincidem com relatos anteriores sobre planos de aquisição iranianos e argelinos. No caso do Irã, a frota de 48 Su-35 substituiria caças antigos F-14, F-4 e MiG-29, incorporando radar Irbis-E PESA e mísseis ar-ar de longo alcance. A Argélia, por sua vez, utilizaria o Su-57E como vetor estratégico de dissuasão e o Su-34 como plataforma de ataque profundo, reforçando sua capacidade aérea sobre o Mediterrâneo Ocidental.

O vazamento também menciona prazos de entrega internos, descritos entre “16 a 18” e “46 a 48 meses após o pagamento antecipado”, o que coincide com contratos assinados entre 2022 e 2023. Caso esses dados reflitam acordos reais, as primeiras aeronaves poderiam ser entregues entre 2026 e 2028.
Até o momento, nem a Rostec nem suas subsidiárias — incluindo a KRET e a Sukhoi — comentaram oficialmente o incidente. O governo russo também não confirmou a autenticidade dos arquivos. Especialistas em segurança digital alertam que o material deve ser tratado com cautela até a verificação independente dos dados.
Caso as informações sejam confirmadas, os contratos representariam uma das maiores rodadas de exportação de aeronaves de combate russas desde o início da guerra na Ucrânia em 2022, reforçando os laços de defesa da Rússia com Estados não alinhados ao Ocidente.



