One-Way Effector o drone europeu que copia os “Shahed” iranianos

E.M.Pinto


O desenvolvimento do novo drone kamikaze da MBDA, o One-Way Effector, representa uma mudança de paradigma no setor ocidental de armamentos guiados. Tradicionalmente, fabricantes europeus e norte-americanos priorizaram a precisão, complexidade tecnológica e integração com sistemas de comando sofisticados.

No entanto, o avanço russo no uso de drones do tipo Shahed, marcados pela produção em massa, baixo custo e simplicidade, parece ter imposto um novo eixo estratégico para os produtores de sistemas de armas ocidentais.

Nesse cenário, o  One-Way Effector surge como uma resposta clara à nova dinâmica dos campos de batalha contemporâneos que consiste em saturar as defesas inimigas com enxames de munições guiadas de baixo custo, produzidas em grande escala e prontas para ação em poucas horas.

Anunciado no Paris Air Show, o drone provocou inicialmente reações ambíguas. Esperava-se que a MBDA apresentasse um míssil de cruzeiro moderno, mas o que surgiu foi um drone com aparência e lógica operacional semelhante ao Shahed-236 (a jato), embora adaptado a padrões ocidentais. No entanto, essa decisão pode representar não um retrocesso tecnológico, mas um avanço doutrinário e que ressalta que depois de dar murro em ponta de faca, o fabricante europeu parece que compreendeu que, em guerras de alta intensidade, o volume pode ser tão decisivo quanto a sofisticação.

Entre os elementos mais significativos do projeto está a modularidade. Com massa em torno de 100 kg e envergadura de 3m, o One-Way Effector será composto por partes de fácil montagem, incluindo asas encaixadas manualmente. O motor a jato garante velocidade de até 400 km/h e alcance de 500 km, características desenhadas para escapar de defesas antiaéreas de curto alcance. Ao contrário de outros sistemas ocidentais que exigem cápsulas lançadoras seladas, este drone pode ser lançado de um simples trilho inclinado, o que reforça seu conceito de agilidade logística.

Outro ponto crucial está na escolha da ogiva que ao em vez de desenvolver um explosivo aéreo personalizado, a MBDA optou por empregar projéteis de artilharia padrão de 155 mm, aproveitando o estoque existente e reduzindo drasticamente o tempo e o custo de desenvolvimento. Essa solução provisória poderá evoluir com a introdução de ogivas mais leves e eficazes, como as de fragmentação aérea.

A empresa afirma que a produção em escala poderá atingir até 1000 unidades por mês a partir de 2027, com apoio de um parceiro da indústria automobilística, algo que evidencia a convergência entre setores civis e militares para atender à nova demanda por munições consumíveis. Mesmo assim, esse número ainda é inferior à atual capacidade de produção russa, que já ultrapassa os 2.700 drones semelhantes ao mês, segundo estimativas.

O One-Way Effector, alia agilidade de montagem, alcance operacional médio, capacidade de penetração em áreas hostis e custo reduzido, representa o início de uma transição estratégica no Ocidente que indica abandonar parcialmente a doutrina de armamentos exclusivos, de alto valor unitário, e investir em enxames de armas inteligentes de custo fracionado.


O sistema que “copia” os desenvolvimentos e soluções iranaianas para guerra assimétricas apresenta-se como o marco inicial de uma nova era de guerra aérea assimétrica, onde vencer será também questão de escala.


Tabela Comparativa – One-Way Effector vs Shahed-236


Fonte

  1. MBDA Targets French Need For Long-Range, One-Way Attack Drone. The Avionist, [Link]
  2. MBDA ONE WAY EFFECTOR: a solution to saturate enemies’ defences,  MBDA, [Link]
  3. MBDA unveils one-way drone, eyeing 1,000 unit a month production rate, Breaking Defense, [ Link]

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Um comentário em “One-Way Effector o drone europeu que copia os “Shahed” iranianos

  1. Nada de novo,vários países estão comprando o Shahed-236 no mercado negro na Ucrânia e fazendo engenharia reversa e produzindo seus Shahed-236 nacional.
    O Brasil deveria fazer a mesma coisa !!!

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