Exército dos EUA cancela projeto do carro de combate leve M10 Booker

Em 1º de maio de 2025, o Exército dos Estados Unidos anunciou o encerramento do programa de desenvolvimento do M10 Booker, um veículo blindado projetado para oferecer suporte de fogo direto às unidades de infantaria leve. Conhecido oficialmente como Mobile Protected Firepower (MPF), o tanque vinha sendo desenvolvido pela empresa General Dynamics Land Systems.

O M10 Booker foi idealizado para atuar em ambientes onde tanques pesados, como o M1 Abrams, enfrentam dificuldades de mobilidade ou restrições logísticas. Armado com um canhão de 105 mm e com peso estimado entre 33 e 38 toneladas, o veículo foi projetado para ser transportado por aeronaves C-17. Embora a possibilidade de lançamento aéreo não fosse um requisito essencial, ela era vista como uma vantagem desejável — porém, acabou comprometida pelo peso elevado do veículo.

Além disso, o programa sofreu críticas técnicas e contratuais. Durante os testes, houve falhas operacionais importantes, como o colapso de pontes em Fort Campbell, revelando problemas com a mobilidade e o impacto estrutural do blindado. Outro ponto controverso foi o contrato com a fabricante, que exigia que quaisquer substituições de peças fossem feitas exclusivamente pela General Dynamics. Essa cláusula impediria o uso de peças fabricadas pelo próprio Exército, inclusive com impressoras 3D, e limitaria seriamente os reparos em campo.

O Secretário do Exército, Dan Driscoll, apontou o M10 Booker como um exemplo de falhas nos processos de aquisição militar, destacando a necessidade de revisar e modernizar essas práticas para garantir que novos projetos estejam alinhados com as demandas operacionais reais.

Embora os motivos oficiais para o cancelamento envolvam problemas técnicos e contratuais, observadores do setor de defesa também apontam fatores políticos e estratégicos. O M10 Booker é baseado em uma plataforma de origem europeia (Ajax/ASCOD), o que pode ter gerado desconforto político em um contrato que poderia resultar na produção de mais de 500 unidades. Além disso, a decisão pode estar relacionada à redistribuição de recursos para o futuro substituto do veículo de combate Bradley e à evolução recente de sistemas de proteção ativa (APS), que agora permitem o desenvolvimento de veículos mais leves, porém altamente protegidos — algo que ainda não era possível quando o programa MPF foi iniciado.

Com isso, o Exército Americano sinaliza um reposicionamento de suas prioridades, buscando investir em tecnologias mais eficientes, sustentáveis e compatíveis com os desafios modernos do campo de batalha.

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