E.M.Pinto & Geraldo Pinto
Em um cenário geopolítico cada vez mais volátil, o ouro volta a desempenhar papel central como ativo estratégico e instrumento de proteção monetária.
O agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, os reveses nas cadeias de suprimento globais e a instabilidade das políticas econômicas norte-americanas impulsionaram a valorização do metal precioso e sua demanda por parte de bancos centrais de economias emergentes e consolidadas.
Este movimento é corroborado por dados recentes do World Gold Council (WGC), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e por projeções fundamentadas em tendências verificadas nos relatórios dos próprios bancos centrais nacionais.
O ouro, historicamente reconhecido como um ativo de porto seguro, tem experimentado uma valorização significativa em 2025, impulsionada pelas tensões comerciais entre Estados Unidos e China. A incerteza econômica global, agravada por políticas comerciais voláteis, tem sustentado a demanda por ativos de refúgio, com o ouro alcançando máximos históricos, como US$ 3212,70 por onça em 14 de abril de 2025, conforme reportado por.
A guerra comercial entre EUA e China, intensificada em 2025, é marcada por uma escalada de tarifas retaliatórias. Dados do Departamento de Comércio dos EUA indicam que tarifas sobre produtos chineses, como semicondutores e veículos elétricos, atingiram até 100%, enquanto a China respondeu com sobretaxas de até 84%, conforme reportado pelo Banco Popular da China (PBoC) em. Esses eventos impactaram o PMI global, que caiu para 49,2 em março de 2025, indicando contração econômica, segundo o FMI.
Essa incerteza tem impulsionado investidores a buscar o ouro, com preços subindo 23% desde o início de 2025. A elevação de tarifas para 125% por Trump em abril de 2025, reforçam ainda mais esta tendência.
O ouro prospera em períodos de incerteza devido à sua estabilidade relativa e liquidez, não dependendo diretamente de políticas monetárias. O FMI destaca que, em crises, o ouro atua como hedge contra inflação, projetada em 5,8% globalmente em 2025.
A volatilidade do dólar, com o índice DXY oscilando 7% em 2025, segundo o Federal Reserve, reforça o apelo do ouro, especialmente com países como China e Rússia reduzindo exposição a treasuries.
Do ponto de vista técnico, o ouro exibe sinais de força, mas também de sobrecompra. Em abril de 2025, o preço spot atingiu US$ 3212,70, com alta de 23% no ano, segundo. O índice de força relativa (RSI) está elevado, sugerindo risco de correção, mas níveis de suporte em US$ 3000 e US$ 2900 permanecem intactos.
Médias móveis de 50 dias (US$ 3050) e 200 dias (US$ 2850) indicam tendência de alta, com projeções do Goldman Sachs estimando US$ 3357 por onça até o final de 2025, enquanto o Deutsche Bank revisa para US$ 3.139, considerando riscos de estabilização geopolítica.
Bancos centrais têm sido protagonistas na demanda por ouro, com compras recordes em 2024. O WGC relata que a demanda global por ouro foi de 4988 toneladas em 2024, com bancos centrais contribuindo com 1100 toneladas.
Países como China (+225 toneladas em 2023) e Rússia (+31 toneladas em 2023) lideram, refletindo dedolarização, enquanto Turquia e Índia também aumentam reservas. No Brasil, o Banco Central adicionou 10 toneladas em 2024, totalizando 130 toneladas, ainda menos de 1% das reservas, segundo.
Para 2025, o WGC projeta demanda global de 5100 toneladas, com bancos centrais adicionando 1200 toneladas, sustentada por incertezas geopolíticas e econômicas. Apesar de sinais de sobrecompra, fatores como conflitos no Oriente Médio e eleições globais reforçam o ouro como refúgio.
Riscos incluem desescalada comercial ou valorização do dólar, mas o ouro deve manter relevância, especialmente em mercados emergentes.
A tabela baseada em dados do FMI e WGC, mostra reservas em 2024 e projeções para 2025 com o ranking global das maiores reservas e dos maiores compradores em 2025.

Pode se concluir apartir da tabela que a China e Rússia dominam compras recentes, alinhadas à dedolarização, com China projetando +110 toneladas e Rússia +80 toneladas em 2025, refletindo estratégias contra sanções e hegemonia do dólar.
Por seu lado a Turquia aparece em 11º global com 570 toneladas, é o 3º maior comprador (+55 toneladas), impulsionada por inflação de 61,8% em 2024, segundo Banco Central da Turquia.
A Índia, 9º global com 830 toneladas, mantém demanda forte (+40 toneladas), devido à cultura de ouro e ações do banco central em crises globais. EUA e Europa (Top 4) não compram ouro há décadas, com reservas estratégicas estáticas, como EUA com 8133 toneladas desde 1971.Por último, o Brasil 26º no ranking global com 130 toneladas, projeta +10 toneladas, indicando compra moderada para diversificação, ainda com ouro abaixo de 1% das reservas.

Figura- Apresenta as reservas dos 10 maiores estoques de ouro do Planeta
Avaliação
O ouro masi uam vez se consolida como um ativo estratégico em 2025, com compras lideradas por emergentes como China, Rússia, Turquia e Índia, enquanto EUA e Europa mantêm reservas estáticas.
A dedolarização e crises econômicas sustentam essa tendência, com projeções indicando demanda robusta apesar de riscos técnicos. A tabela a seguir apresneta uma análise das principais observações que se pode fazer sobre estes recentes eventos e como eles impactam diretamete as quatro principais nações abordadas no artigo
Fontes
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Gold Demand Trends – Full Year 2024, World Gold Council, [Link]
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Gold Reserves by Country, World Gold Council, [Link]
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Gold Demand Trends, World Gold Council, [Link]
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Media Center – Deutsche Bank, Deutsche Bank, [Link]
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Gold Price Prediction & Forecast, LiteFinance, [Link]
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World Economic Outlook, International Monetary Fund (IMF), [Link]
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Data Releases, Federal Reserve, [Link]
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Gold Price Forecast, CoinPriceForecast, [Link]
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Trump’s Tariff Pause Brings Little Relief as Recession Risk Lingers, Reuters, [Link]
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