Israel intensifica ataques na Síria para impedir expansão militar turca na região

Em uma escalada dramática com consequências regionais de longo alcance, ataques aéreos israelenses destruíram bases aéreas chave na Síria, poucas horas antes das visitas militares turcas programadas. A ação foi vista como uma mensagem clara de Israel para Ancara, um sinal inequívoco de que o país não permitirá a ampliação de sua presença militar na Síria, em um contexto geopolítico pós-Assad. Analistas de defesa apontam os ataques como parte de uma tentativa de Israel de preservar sua supremacia estratégica na região e evitar que a Turquia ganhe mais terreno militar no território sírio.

Por semanas, equipes de reconhecimento e engenharia turcas realizaram inspeções meticulosas nas bases sírias de T4, Palmyra e Hama, avaliando a viabilidade dessas instalações como centros avançados para a presença militar turca. O objetivo da Turquia era estabelecer esses locais como pontos estratégicos para operações no país, como parte de um realinhamento pós-Assad. A intenção de Ancara era integrar essas bases à sua crescente rede de operações militares na Síria, além de fortalecer a defesa aérea síria e estabelecer uma zona de segurança turca no centro do país.

A base T4, situada na província de Homs, há muito tempo tem sido um ponto logístico crucial para a Síria e já abrigou pessoal iraniano e do Hezbollah. As autoridades turcas planejavam utilizá-la como um centro de comando avançado e como uma base importante para a expansão de suas operações com drones, um ponto-chave para a sua doutrina de guerra moderna. A base também seria vital para a implementação de sistemas de defesa aérea turcos, como o Hisar-O e Hisar-U, além de integrar outras tecnologias de defesa aérea, como os sistemas Siper e Hisar-RF, que fazem parte do portfólio de defesa desenvolvido pelas empresas turcas Aselsan e Roketsan.

Sistema de defesa aérea “HISAR-O”

Contudo, essa movimentação estratégica turca foi violentamente interrompida quando aviões de combate israelenses realizaram ataques aéreos coordenados com precisão, provavelmente utilizando mísseis avançados como o Rampage e bombas guiadas Spice 2000. Esses ataques visaram exatamente as mesmas instalações que a Turquia pretendia converter em bases militares. A base T4 foi destruída, deixando-a “completamente inutilizável”, de acordo com uma fonte síria próxima aos planejadores turcos. As Forças de Defesa de Israel (IDF) confirmaram os ataques, dizendo que atingiram várias instalações militares sírias, incluindo as bases em Hama e T4, e outros locais de infraestrutura militar na área de Damasco.

Israel deixou claro que continuaria suas operações para neutralizar qualquer ameaça à segurança de seus civis. Em uma declaração oficial, a IDF disse: “Nas últimas horas, a IDF atingiu capacidades militares nas bases sírias de Hama e T4, juntamente com outros locais de infraestrutura militar restantes na área de Damasco. A IDF continuará a operar para remover qualquer ameaça a civis israelenses.” Os ataques destrutivos afetaram pistas, abrigos de aeronaves, radares de defesa aérea e estacionamentos de aeronaves sírias, garantindo que essas bases estivessem fora de operação no futuro próximo.

A resposta da Turquia foi rápida e feroz. O Ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, classificou Israel como “a maior ameaça à segurança regional”. No entanto, para suavizar a retórica, Fidan também afirmou à Reuters que a Turquia não buscava um confronto direto com Israel na Síria, apesar das crescentes tensões. Nos bastidores, Ancara mantinha uma linha de comunicação discreta com Damasco, visando garantir sua presença militar no país. Fontes confirmaram que havia discussões contínuas sobre a possível implantação de forças turcas em uma base aérea síria, com um foco particular na base T4.

A estratégia da Turquia para reforçar a defesa síria inclui o envio de sistemas de defesa aérea como o Hisar-O e Hisar-U, que seriam implementados para proteger a base T4 contra ataques aéreos e garantir a defesa do espaço aéreo sírio. Além disso, Ancara estava considerando ativar seu sistema de defesa aérea S-400 Triumf, comprado da Rússia em 2019, mas nunca completamente operacionalizado. A implantação do S-400 na Síria representaria uma mudança significativa nas dinâmicas de poder no Oriente Médio, uma vez que o sistema de mísseis é capaz de bloquear operações aéreas hostis, incluindo ataques de Israel.

A Turquia também planejava a implementação de sua frota de drones armados e de vigilância, como o Bayraktar Akıncı e o TB2, capazes de realizar missões de ataque profundo e vigilância constante sobre áreas críticas. Esses drones, aliados aos sistemas de defesa aérea, formariam uma rede de segurança integrada para proteger as bases militares turcas e garantir sua autonomia nas operações.

Para Israel, essa expansão militar turca na Síria representa uma ameaça estratégica significativa, principalmente em relação à liberdade de operação no espaço aéreo sírio, que tem sido quase totalmente controlado pela Força Aérea Israelense (IAF) por mais de uma década. A presença turca em território sírio pode limitar a capacidade de Israel de conduzir ataques direcionados a alvos adversários e forçar o país a recalibrar sua estratégia militar na região. Segundo fontes de defesa israelenses, o estabelecimento de uma base aérea turca na Síria poderia prejudicar severamente a liberdade de ação de Israel, representando um risco estratégico considerável.

O aumento da presença turca na Síria também está intimamente relacionado à tentativa da Turquia de preencher o vácuo deixado pela diminuição da influência do Irã e da Rússia na região. Ancara vê sua presença como uma forma de combater o ISIS, eliminar outras forças hostis e garantir um papel de liderança no futuro da Síria. Para Israel, no entanto, isso é visto como um movimento de uma nova potência emergente na região, uma que pode desafiar sua hegemonia no Levante.

Embora a Turquia apresente suas ações como estabilizadoras em uma Síria fragmentada, Israel percebe o movimento como uma ameaça à sua segurança regional. Nos círculos de decisão de Tel Aviv, a crescente presença militar turca está sendo vista como uma mudança fundamental na dinâmica geopolítica da Síria pós-Assad, uma fase que pode remodelar a competição estratégica mais ampla no Oriente Médio.

A mais recente campanha aérea israelense, com ataques simultâneos em T4 e Palmyra, não foi apenas uma operação de negação de acesso, mas também uma advertência geopolítica a Ancara, refletindo a determinação de Israel em manter sua liberdade de operar na Síria. A Síria pós-Assad se tornou o epicentro de uma nova disputa de poder entre as potências regionais, onde cada movimento militar e diplomático pode ter um impacto duradouro em todo o Oriente Médio.

 

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