E.M.Pinto
Desde a anexação da Crimeia em 2014, a Marinha Russa tem enfrentado sérios desafios para modernizar e expandir sua frota oceânica. O contexto geopolítico, as sanções econômicas e as dificuldades tecnológicas impactaram diretamente o desenvolvimento de novos navios e a manutenção das embarcações existentes. A resposta internacional às ações russas na Ucrânia resultou em sanções severas impostas por Estados Unidos, União Europeia e outros países aliados.
Essas medidas restringiram o acesso da indústria naval russa a tecnologias avançadas, componentes eletrônicos e motores navais, estes últimos oriundos da própria Ucrânia, desafeto atual e nação com a qual a Rússia está guerra. A dependência da Rússia por motores de turbina a gás fabricados na Ucrânia, por exemplo, forçou a busca por soluções domésticas, atrasando significativamente projetos como as fragatas da classe Almirante Gorshkov.
Veja também:
https://www.youtube.com/watch?v=bBzH-AtLyOk&t=245s

Embora numerosa, a mairoia dos navios das forças oceânicas russas já são obsoletas e são oriundas ainda da era soviética o que demandam por atualizações e modernizações.
Soma-se a isto a canalização dos investimentos para outras áreas militares, como o desenvolvimento de armas hipersônicas e a modernização das forças terrestres. Isso reduziu os recursos disponíveis para a construção de novos navios de grande porte, comprometendo a expansão da frota oceânica.
Outro desafio significativo enfrentado pela Marinha Russa é a capacidade dos estaleiros russos de produzir embarcações modernas em prazos competitivos. Muitos estaleiros, como o Sevmash e o Yantar, enfrentam escassez de mão de obra qualificada, obsolescência de infraestrutura e dificuldades para integrar novos sistemas navais. Isso resultou em atrasos consideráveis na entrega de fragatas, destroyers e submarinos nucleares.
Desde 2014, a Marinha Russa tem sido cada vez mais exigida em operações no Mar Negro, no Mediterrâneo e no Ártico, intensificando o desgaste dos navios existentes. A guerra na Ucrânia, iniciada em 2022, impôs novos desafios, incluindo ataques diretos à Frota do Mar Negro. A destruição ou danos a embarcações aumentam a necessidade de substituição, mas a capacidade produtiva russa não tem conseguido acompanhar essa demanda apesar da grande escala de produção de navios de baixa tonelagem terem alcançado capacidade plena.
O problema reside no futuro, nos navios de grande tonelagem, cujos problemas supracitados precisam ser resolvidos no intervalo de 5 a 7 anos ou comprometerão as capacidades futuras da Rússia, exigindo aquisições no exterior e cooperações com países aliados para produção dos seus navios, algo que a cada dia transforma-se do não desjado para o imperativo.
Construir uma frota oceância não é tarefa fácil nem muito menos barata, estima-se que o plano russo para obtenção de duas frotas integralmete oceânicas no Mar do Norte e Pacífico, por sí só custarão mais de US$200 bi e algo como US$ 20 bi ao ano para sua manutenção, outros perto de US$ 100 bi teriam que ser gastos para atualização e racionalização das frotas do Báltico, Negro e Cáspio, com outros US$10 a US$15 bi mais acrescido às suas operações.
Deficiências da Marinha Russa em 2015 -2025
O maior e mais simbólico desses navios foi o cruzador de mísseis Moskva, nau capitânia da Frota do Mar Negro, que afundou em abril de 2022 após ser atingido por mísseis antinavio ucranianos R-360 Neptune. Esse foi o maior navio de guerra russo perdido desde a Segunda Guerra Mundial. Outro navio importante foi o Saratov, um navio de desembarque que afundou em março de 2022 após ser atingido por um míssil balístico Tochka-U enquanto estava atracado no porto de Berdyansk. Em fevereiro de 2024, a Ucrânia afirmou ter afundado o Caesar Kunikov, outro navio de desembarque russo, próximo à costa da Crimeia, utilizando drones marítimos Magura V5.
Outras perdas incluem o navio de desembarque Olenegorski Gornjak, que foi atingido por um drone marítimo ucraniano no porto de Novorossiisk em agosto de 2023, sofrendo danos que resultaram em seu afundamento. Em setembro de 2023, um ataque a um estaleiro na base naval de Sebastopol danificou severamente o submarino Rostov-on-Don e o navio de desembarque Minsk, levando ambos ao afundamento. A corveta Askold, da classe Karakurt, foi destruída em novembro de 2023 por mísseis de cruzeiro ucranianos, antes mesmo de ser oficialmente incorporada à Marinha Russa.
Além dessas grandes embarcações, a Rússia também perdeu uma embarcação de desembarque da classe Serna, destruída por um drone Bayraktar ucraniano em maio de 2022 enquanto atracava na Ilha da Cobra, e pelo menos dois barcos patrulha da classe Raptor, atingidos por drones ucranianos na mesma região em março de 2022. Essas perdas demonstram os desafios enfrentados pela Marinha Russa, especialmente diante da crescente sofisticação das táticas e armamentos ucranianos, que têm utilizado drones marítimos e aéreos com grande eficácia.
Segundo alguns relatórios da Marinah Russa, as recentes as principais deficiências são:
- Incapacidade de manter presença perceptível nos oceanos de forma permanente.
- Incapacidade de projetar rapidamente uma força militar real em qualquer região do globo.
- Incapacidade de conduzir operações aeroterrestres decisivas em caso de emergência.
- Necessidade de acompanhar o acelerado desenvolvimento de novas armas e técnicas de combate
- Necessidade de responder coma construção de uma forta, moderna e atualizada.
Alguns estudos mostram que para se tornar uma força naval plena, a frota Russa precisará de pelo menos de duas esquadras operacionais em atividade permanente no Atlântico e no Pacífico compostas por navios da Frota do Norte e da Frota do Pacífico, respectivamente. A Tabela 1 apresenta a atual situação da Marinha Russa noq ue concerne aos meios navais.
Tabela 1. Atuais meios navais russos, suas funções e quantidades, sejam ativas, em manutenção ou em perpectiva de construção.
Classe/Tipo de Navio | Função | Quantidade (Ativa/Em Construção) |
---|---|---|
Kuznetisov | PProjeção de poder aéreo | 1 e (Projeto 23000 “Shtorm” em desenvolvimento, mas não aprovado) |
Lider | Destróieres de defesa antiaérea e lançamento de mísseis | 12 planejados (projeto em andamento, mas prioridade para fragatas Super-Gorshkov) |
Gorshkov | Fragatas multipropósito | Vários em serviço e em construção (Projeto 22350 e 22350M) |
Steregushchiy | Corvetas de patrulha e combate leve | Vários em serviço e em construção (Projeto 20380, 20385, 20386) |
Karakurt | Corvetas de mísseis de ataque | Vários em serviço e em construção (Projeto 22800) |
Buyan-M | Corvetas de mísseis de ataque | Vários em serviço e em construção (Projeto 21631) |
Borei | Submarinos nucleares de mísseis balísticos | 6 ativos, 4 em construção (Projeto 955/A) |
Yasen | Submarinos nucleares de ataque | 3 ativos, 5 em construção |
Kilo | Submarinos convencionais de ataque | Vários em serviço e em construção (Projeto 636.3) |
Lada | Submarinos convencionais de ataque | 1 em serviço, 4 em construção/planejados (Projeto 677) |
Laika/Husky | Submarinos nucleares de 5ª geração (em desenvolvimento) | Em desenvolvimento (Projeto 545) |
Khabarovsk | Submarinos de operações especiais e armas estratégicas | Em desenvolvimento (Projeto 09851) |
Belgorod | Submarino de operações especiais e armas estratégicas | 1 entregue (em papel experimental) |
Mistral | Navios de assalto anfíbio | 0 (cancelado após sanções, vendido ao Egito) |
Alexandrit | Navios de varredura de minas | 4 ativos, 26 planejados até 2035 (Projeto 12700) |
Raptor | Barcos de patrulha costeira | Vários em serviço |
Hospital | Navios-hospital | Novos navios planejados (em desenvolvimento) |
Esquadras operacionais da Marinha Russa
Para avaliar a capacidade de uma marinha, é fundamental adotar parâmetros que permitam medir com precisão os meios disponíveis e efetivamente operacionais. Entre esses parâmetros, destaca-se o coeficiente de operacionalidade (CO), que desempenha um papel crucial nas operações militares, especialmente na análise do desempenho e da prontidão das unidades navais, como as que compõem uma marinha de guerra.
Esse coeficiente demonstra a capacidade das embarcações, ou de um grupo delas, de cumprir suas missões com eficácia, levando em conta diversos fatores operacionais.
Quando se fala de unidades navais, o coeficiente de operacionalidade geralmente leva em conta alguns fatores como:
-
Disponibilidade: A condição física da embarcação e a sua capacidade de operar sem falhas. Isso inclui manutenção preventiva e corretiva, bem como a disponibilidade de pessoal treinado para manter a embarcação em condições ideais.
-
Capacidade de combate: Avalia a capacidade das embarcações de cumprir suas missões táticas, que podem envolver guerra naval, patrulhamento, defesa de interesses estratégicos ou apoio logístico. Inclui a performance de armamentos, sistemas de comunicação, e outras tecnologias essenciais.
-
Tempo de resposta: A rapidez com que uma unidade naval pode ser mobilizada e colocada em operação. Isso envolve não apenas a capacidade de reação das embarcações, mas também a preparação da tripulação e o tempo necessário para a obtenção de recursos ou abastecimento.
-
Eficiência do treinamento: A prontidão da tripulação e a eficácia dos exercícios simulados ou reais, garantindo que todos os membros da marinha saibam como reagir em situações adversas.
-
Logística de apoio: A capacidade de manutenção e reabastecimento das unidades navais, que é essencial para operações prolongadas, garantindo que os navios possam permanecer operacionais por mais tempo sem interrupções.
-
Fatores externos: Incluem condições ambientais, como clima e águas turbulentas, que podem afetar o desempenho das unidades navais. A adaptabilidade das embarcações a diferentes cenários também é um fator importante.
A análise do coeficiente de operacionalidade ajuda a marinha a priorizar investimentos em manutenção, treinamento e atualização de suas embarcações, além de permitir o planejamento estratégico de longo prazo. O ideal é que esse coeficiente se mantenha em níveis elevados para garantir a máxima eficácia das forças navais durante operações de combate, paz ou missões humanitárias.
Esse índice pode ser expresso de diversas formas, dependendo do nível de detalhamento desejado, podendo ser utilizado para comparar diferentes unidades navais dentro de uma mesma frota ou para analisar a eficiência de uma marinha em uma guerra ou cenário de conflito específico.
Após definir a estrutura dos navios de cada esquadra e multiplicá-la por dois (considerando um coeficiente de operacionalidade, CO = 0,5) ou por três (CO = 0,33), será possível determinar o número necessário de navios de águas profundas para cada uma das frotas oceânicas. Aqui surge um dilema: manter um CO alto (maior tempo em serviço ativo) com menos navios ou um CO moderado com mais navios (impactando os custos em cerca de 50%).
Este é um desafio significativo. Entre 1982 e 1986, o CO dos submarinos estratégicos da família 667 foi elevado de 0,2 para 0,35 apenas com grande esforço do pessoal de manutenção, dos estaleiros navais e das unidades logísticas, mas posteriormente caiu novamente. Enquanto isso, os submarinos estratégicos americanos mantiveram um CO entre 0,55 e 0,7.
Para manter um CO de 0,5, a Marinha Russa precisará de um sistema de manutenção programada com contratos estáveis, uma rede extensa de bases navais e regras simplificadas para atracagem em portos estrangeiros. Caso contrário, o setor de construção naval russo dificilmente conseguirá produzir navios suficientes até 2050 para sustentar um CO de 0,33 — especialmente considerando a necessidade de reaprender a construir porta-aviões e Destroyers.
Marinha Russa 2050
O panorama desejado para a Marinha Russa em 2050 é o de uma força naval altamente moderna, capaz de projetar poder globalmente e garantir a defesa estratégica do país. A Rússia busca integrar tecnologias avançadas, como sistemas autônomos, inteligência artificial e armamentos hipersônicos, para fortalecer suas capacidades de combate e dissuasão.

Marinha Russa 2021- de lá para cá alguns navios deram baixa, outros mais forma perdidos e outros incorporados, o compilado de navios ativos encontra-se na Tabela 2.
A frota russa será caracterizada por navios de alta capacidade, como Submarinos Nucleares, Fragatas, Destroyers e demais navios de última geração, com ênfase na cibernética e na guerra eletrônica. Além disso, a Marinha Russa deverá estar mais preparada para operações em ambientes desafiadores, como o Ártico, com uma maior mobilidade e alcance estratégico. A combinação de inovação tecnológica com uma frota adaptável e flexível permitirá à Rússia manter uma posição de destaque no cenário naval global até 2050.
Para tal a estimativa pautada nas questões orcamentárias (CO) e declarações de suas autoridades permitem estimar qual seria a dimensão desta força em termos de números e suas composições de frotaspara o ano de 2025.
Tabela 2. Composição prevista da esquadra operacional da Marinha Russa em 2025.
Situação em 2025 | FNO | FPA | FMN | FMB | Total |
---|---|---|---|---|---|
Cruzador Nuclear | 2 | – | – | – | 2 |
Submarino Nuclear de Ataque | 12 | 10 | – | – | 22 |
Submarino Convencional | 6 | 8 | 7 | 6 | 27 |
Porta-Aviões Pesado | 1 | – | – | – | 1 |
Navio Lança-Mísseis | 3 | 2 | – | – | 5 |
Destróier | 5 | 4 | – | – | 9 |
Fragata de Patrulha | 3 | 4 | 3 | 2 | 12 |
Corveta de Patrulha | 6 | 8 | 5 | 4 | 23 |
Navio de Desembarque Anfíbio | – | – | – | – | 0 |
Grande Navio de Desembarque | 13 | 8 | 4 | 7 | 32 |
Total | 51 | 46 | 19 | 19 | 135 |
Legenda:
- FNO = Frota do Norte
- FPA = Frota do Pacífico
- FMN = Frota do Mar Negro
- FMB = Frota do Báltico
Meios navais: Necessidades x Possibilidades?
Infelizmente, o programa de construção militar de longo prazo da frota do país é classificado. Alguns de seus elementos serão divulgados ocasionalmente, mas, se a política de informação do Ministério da Defesa permanecer a mesma, o panorama geral permanecerá oculto do público por muito tempo. Portanto, sem esperar por esclarecimentos do departamento militar, tentaremos prever o futuro e imaginar como será a Marinha Russa em 2050. Primeiramente, é necessário definir prioridades e compreender o que mais falta à frota russa moderna.
A modernização da Marinha Russa enfrenta desafios financeiros e técnicos, mas demonstra uma clara intenção de competir com as marinhas ocidentais. O desenvolvimento de novas tecnologias, como mísseis hipersônicos e sistemas de propulsão nuclear, será crucial para o sucesso desses projetos. O tempo de implementação e a viabilidade econômica determinarão a real capacidade da Rússia em concretizar essa ambiciosa renovação naval.
A Marinha Russa enfrenta um período de modernização e reestruturação para se manter relevante no cenário global e garantir a defesa dos interesses estratégicos do país. Diversos projetos navais estão em desenvolvimento para substituir embarcações obsoletas e expandir as capacidades operacionais da frota.
Não obstante a isto, ressalta-se que muitos dos navios adquiridos na última década e até mesmo os que estão sendo incorporandos atualmente, provavelmente estarão em baixa programada por volta de 2050.
Submarino Nuclear de Ataque – Project 545 “Laika”
O Project 545, também conhecido como “Laika”, visa substituir os submarinos da classe Akula e Sierra. Esse submarino nuclear de ataque será projetado para missões de patrulha, inteligência e combate naval. A plataforma contará com tecnologias furtivas avançadas, sistemas de armas modernizados e maior capacidade de integração com drones subaquáticos.
Submarino Convencional – Project 677 “Lada”
A classe Lada representa a nova geração de submarinos convencionais da Marinha Russa. Embora o desenvolvimento tenha sido marcado por desafios técnicos, essas embarcações são mais silenciosas e possuem melhor capacidade de detecção em comparação com os modelos da classe Kilo. A propulsão anaeróbica (AIP) está sendo testada para aumentar sua autonomia submersa.
Porta-Aviões – Project 11430E “Lamantin”
O projeto 11430E prevê o desenvolvimento de um novo porta-aviões nuclear para substituir o Admiral Kuznetsov. A embarcação será equipada com sistemas de lançamento eletromagnético, permitindo o emprego de aeronaves modernas e não tripuladas. A intenção é expandir a presença da Marinha Russa em operações oceânicas de longo alcance.
Destróier – Project 21956 e Project 23560 “Líder”
O Project 21956 é um projeto russo que visa o dese
nvolvimento de fragatas de alta capacidade para a Marinha Russa. Essas embarcações são projetadas para realizar missões de defesa aérea, antissubmarino e ataque de precisão, com sistemas avançados de radar e armamento. Elas serão capazes de operar de forma independente ou como parte de uma força maior, oferecendo flexibilidade em diversas operações navais.
O Project 23560 “Líder” é um projeto mais ambicioso, focado na construção de um destróier de última geração. Esse navio será equipado com sistemas avançados de defesa aérea e antimísseis, além de contar com uma grande capacidade de lançamento de mísseis de longo alcance. O “Líder” será uma das peças-chave da Marinha Russa para o enfrentamento de ameaças de alta tecnologia, com ênfase em guerra eletrônica e cibernética, além de ser projetado para operar em diferentes teatros de guerra, incluindo o Ártico.
Fragata – Project 22350M
Essa variante ampliada da classe Gorshkov (foto) terá maior deslocamento e poder de fogo. A fragata contará com um sistema aprimorado de defesa aérea, além da possibilidade de transportar mais mísseis Kalibr, Oniks e Zircon. O objetivo é preencher a lacuna entre destróieres e fragatas convencionais.
Corveta – Project 20385M
Uma evolução da classe Steregushchiy, a corveta Project 20385M será equipada com um sistema de lançamento vertical de mísseis e melhor tecnologia furtiva. Esse projeto busca expandir as capacidades de ataque e defesa das corvetas, tornando-as aptas para operações costeiras e oceânicas limitadas.
Navio de Assalto Anfíbio – Project 117113
O Project 117113 pretende introduzir uma nova classe de navios de assalto anfíbio capazes de transportar helicópteros e veículos blindados. Essa embarcação será essencial para operações expedicionárias e projeção de força, servindo como plataforma para desembarques estratégicos.
Grande Navio de Desembarque – Project 23900
O Project 23900 é um navio similar ao conceito de LHD (Landing Helicopter Dock), inspirado em modelos ocidentais como o Mistral francês. Com capacidade para transportar tropas, veículos blindados e aeronaves de asa rotativa, esses navios reforçarão a capacidade russa de realizar operações anfíbias em larga escala.
A Tabela 3 apresenta os dados compilados segundo os estudos, que referem-se apenas aos navios com capacidade de operação oceânicas.
Situação em 2050 | FNO | FPA | FMN | FMB | Total |
---|---|---|---|---|---|
Submarino Nuclear de Ataque | 12 | 12 | – | – | 24 |
Submarino Convencional | 6 | 6 | 6 | 6 | 24 |
Porta-Aviões | 2 | 2 | – | – | 4 |
Destróier | 8 | 8 | – | – | 16 |
Fragata | 6 | 6 | – | – | 12 |
Corveta | 6 | 6 | 6 | 6 | 24 |
Navio de Assalto Anfíbio | 2 | 2 | – | – | 4 |
Grande Navio de Desembarque | 6 | 4 | 4 | 6 | 20 |
Total | 48 | 46 | 16 | 12 | 140 |
Legenda:
- FNO = Frota do Norte
- FPA = Frota do Pacífico
- FMN = Frota do Mar Negro
- FMB = Frota do Báltico
Abaixo está a composição aproximada da esquadra operacional planejada para 2050. É evidente que nem todos os navios da esquadra precisarão operar juntos o tempo todo. Eles serão divididos em grupos táticos (porta-aviões, ataque, desembarque, etc.), que poderão ser reorganizados conforme necessário. Além disso, algumas embarcações individuais participarão de visitas diplomáticas, manobras internacionais e eventos navais, podendo se reagrupar rapidamente em caso de necessidade.
Defesa Aérea e Patrulhamento
Espera-se que quatro Destroyers sejam equipados com sistemas S-350/400 e S-500 de modo que forneçam a defesa aérea confiável. Além disso, dois a quatro fragatas poderão atuar como unidades de patrulha, reconhecimento e representação diplomática de menor custo.
A necessidade de ampliação e modernização da frota é inegável. Por esta composição estimada, a frota manterá uma parte em serviço ativo enquanto a outra estará em manutenção e descanso. Isso exigirá uma transição completa para um sistema de tripulação por contrato até 2050 dada a escacêz de mão de obra tanto para construí-las como para operá-las o que exigirá um plano governamental extensio e continuado pelos próximos 25 anos. Caso contrário, o conceito de presença oceânica contínua entraria em colapso.
Apenas a presença oceânica não será suficiente. As frotas do Mar Negro e do Báltico não exigem componentes oceânicos. Assim, incluirão fragatas, corvetas, submarinos convencionais e de quatro a seis navios de desembarque anfíbio. O objetivo é manter um equilíbrio entre qualidade e quantidade, conforme indicado pelo então Vice-Chefe da Marinha para Armamentos, B. Bursuk que já aelertou para estes fatos em 2014.
Classes de navios e plantas produtoras
Não se pode possuir/construir uma frota sem os estaleiros ,e a cadência de produçãox ciclos produtivos é excencial para manter uma capacidade de resposta as necessidades. Nesse sentido os estaleiros precisam ser modernizados e possuirem uam cadência contínua de produção de modo a fixar e especializar a mão de obra.
Atualmente a Rússia conta com uma gama de estaleiros que podem suportar esta demanda, ainda que necessitem de investimentos de adequações e modernizações.
Submarinos Nucleares de Ataque – O número total permanecerá semelhante ao atual. Cada frota oceânica terá 12 submarinos operacionais, suficientes para cobrir missões estratégicas. A construção pode ser facilmente conduzida em Sevmash, com uma taxa de entrega de um navio por ano.
Submarinos Convencionais – Equipados com sistemas de propulsão independente do ar, haverá uma brigada por frota. A construção desses navios já é responsabilidade dos Estaleiros do Almirantado, com uma taxa de entrega de dois navios por ano.
Porta-Aviões – O plano para construir quatro porta-aviões foi indiretamente confirmado pelo diretor-geral do NPKB, S. Vlasov. Aesar dos atrasos devido ao cnflito Russo/Ucraniano, a construção pode ser conduzida em Sevmash, com o primeiro porta-aviões iniciado em 2031 e prazos de construção de 7 a 10 anos. Para garantir continuidade, o programa deve incluir pelo menos mais três unidades. Nesse sentido, os estaleiros Bolshoi Kamen (também conhecido como Zvezda Shipyard) é um dos maiores estaleiros da Rússia, localizado na cidade de Bolshoi Kamen, na região de Primorye, no extremo oriente russo. Estes estaleiros passam por processos de modernização com apoio Sul Coreano podem ser alternativas para este projeto.
Destroyers – Substituirão os cruzadores e grandes navios de guerra atuais. O programa prevê pelo menos 12 unidades, construídas nos Estaleiros do Norte e Yantar.
Fragatas e Corvetas – Fragatas serão essenciais para operações em águas distantes, enquanto corvetas substituirão navios de patrulha costeira. Atualmente estes navios tem sido construídos pelos Estaleiros do Norte e Yantar, com corvetas adicionais possivelmente produzidas no Estaleiro Kerch.
Navios de Desembarque – O estaleiro Baltiysky Zavod e Estaleiro Kerch serão os principais responsáveis pela produção dos UDC (Navios de Assalto Anfíbio) e BDK (Grandes Navios de Desembarque), estabelecendo polos especializados nesse tipo de construção.
Considerações Finais
A experiência adquirida na construção de navios de quarta geração, o período de 25 anos para implementação e o financiamento de cerca de US$ 300 bi indicam que a Rússia pode desenvolver uma frota oceânica até 2050, desde que atenda a certos requisitos.
No entanto, a situação atual da Marinha Russa apresenta desafios significativos, agravados pela anexação da Crimeia em 2014, sanções internacionais, dependência de tecnologias estrangeiras e a obsolescência de parte de sua frota soviética. A guerra na Ucrânia, iniciada em 2022, acentuou esses obstáculos, com perdas de navios e ataques à Frota do Mar Negro. A capacidade produtiva dos estaleiros russos, como Sevmash e Yantar, tem sido insuficiente, especialmente para navios de grande porte.
Apesar disso, a Rússia segue com planos ambiciosos, focados no desenvolvimento de submarinos nucleares de nova geração (Projeto 545 “Laika”), fragatas (Projeto 22350M), destróieres (Projeto 23560 “Líder”) e um novo porta-aviões nuclear (Projeto 11430E “Lamantin”). Esses projetos visam substituir equipamentos obsoletos e garantir poder global, especialmente em ambientes desafiadores como o Ártico.
A concretização desses planos depende da superação de desafios estruturais, como escassez de mão de obra qualificada, modernização dos estaleiros e fluxo contínuo de investimentos. O coeficiente de operacionalidade (CO) das embarcações russas precisa ser elevado para que a frota opere de forma eficaz. A composição da frota projetada para 2050 reflete uma estratégia de equilíbrio, com ênfase em esquadras oceânicas e modernização das frotas do Mar Negro e Báltico.
Em resumo, a Marinha Russa está em transformação e, se bem-sucedida, poderá se reposicionar como uma força naval relevante globalmente. No entanto, sua capacidade de superar desafios econômicos e tecnológicos será crucial para o sucesso dessa modernização.
Fonte
- Questões problemáticas no projeto de navios da frota auxiliar da Marinha, Coleção Marinha,[Link]
- Russia’s Naval Revival, KoreanScience[Link]
- Missiles, Vessels and Active Defence, Tailor&Francis, [Link]
- Strike first and strike hard?, Frivarld [Link]
- Russia’s war with Ukraine is to acquire military industrial capability and human resources, Central and Eastern european online librery,[Link]
- Naval activity: key problems of development.Gale academic onefile,[Link]
- Russia as a military opponent in 2050– four possible pathways, FSL, [Link]
- Ministério da Defesa da Rússia, Marinha, MOD[Link]
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