A Marinha das Filipinas está em um processo de modernização para aprimorar as capacidades da classe Tarlac de embarcações de desembarque, um esforço fundamental para fortalecer a frota e a capacidade de defesa do país. Desde a sua entrada em serviço em 2016, o BRP Tarlac (LD-601) se tornou um componente vital das operações anfíbias da Marinha das Filipinas, oferecendo uma capacidade de transporte de tropas e veículos em uma escala muito maior do que as embarcações de desembarque de 1940 usadas anteriormente. O Tarlac tem 7.200 toneladas e pode transportar até 500 pessoas, o que é aproximadamente o tamanho de um batalhão do Exército ou um Corpo de Fuzileiros Navais das Filipinas. Além disso, a embarcação pode até 35 veículos, proporcionando uma flexibilidade significativa nas operações de combate e apoio logístico.
Ao longo de sua carreira, o Tarlac desempenhou um papel essencial em missões significativas, incluindo apoio à luta contra o Estado Islâmico durante a Batalha de Marawi, onde transportou tropas e suprimentos para a linha de frente. Além disso, o navio foi usado em várias operações de assistência humanitária e socorro a desastres, o que o tornou uma ferramenta crucial em tempos de crise. O navio também desempenhou um papel diplomático ao fazer a primeira escala de Manila na Rússia, além de participar de exercícios militares conjuntos com outras nações, como os Estados Unidos e países da região do Sudeste Asiático.
O Capitão Fredie C. Parpan, comandante do BRP Tarlac, destacou a importância da embarcação no patrulhamento do Mar das Filipinas Ocidental, uma área do Mar da China Meridional que está sob disputa territorial. A Marinha das Filipinas reivindica essa zona como parte de sua zona econômica exclusiva, tornando a presença de navios como o Tarlac crucial para garantir a segurança e a soberania da nação nessa região.
No entanto, apesar de suas capacidades impressionantes, o Tarlac enfrenta várias limitações, especialmente no que diz respeito à sua defesa e integração com outros navios da frota. O navio não possui sensores adequados para detectar ameaças aéreas ou de superfície, o que é uma deficiência significativa considerando o ambiente de segurança em constante evolução ao redor das Filipinas. Para autodefesa, o Tarlac está equipado apenas com metralhadoras servidas pela tripulação, o que torna o navio vulnerável a ameaças mais sofisticadas.
A comunicação com outras embarcações da frota também é limitada, pois o Tarlac utiliza rádios convencionais para se conectar com outros navios. Isso pode ser um fator de vulnerabilidade em um cenário em que a coordenação precisa ser ágil e segura.
Em resposta a essas lacunas, a Marinha das Filipinas está buscando várias atualizações. Entre as propostas está a instalação de um sistema de informações de combate a bordo do Tarlac, que seria utilizado para melhorar a detecção de ameaças e coordenar melhor as operações com outras unidades. O navio também deve receber melhorias em suas capacidades de autodefesa, incluindo a instalação de canhões de 76 mm, canhões de convés e lançadores de chamariz, além de radares modernos para detectar alvos aéreos e de superfície. A Marinha está também considerando a integração de mísseis terra-ar VL MICA, um sistema francês da MBDA, que ajudaria a proteger o navio contra ameaças aéreas.
O VL MICA foi selecionado para essa modernização principalmente devido ao seu sucesso operacional em outras forças navais, como nas fragatas da classe Martadinata da Marinha da Indonésia, que já utilizam esse sistema de mísseis com grande eficácia. O VL MICA é um sistema de defesa de mísseis de curto alcance projetado para interceptar ameaças aéreas, incluindo aeronaves, helicópteros e mísseis de cruzeiro, proporcionando uma defesa versátil e eficaz. Sua utilização em plataformas navais, como as fragatas indonésias, demonstrou sua capacidade de melhorar a proteção contra ameaças aéreas e de superfície, sendo visto como uma solução confiável para os navios filipinos. A integração do VL MICA no BRP Tarlac poderia ampliar significativamente a capacidade do navio de proteger a si mesmo e as forças embarcadas, além de oferecer uma camada adicional de defesa no contexto geopolítico dinâmico da região.
Embora ainda não esteja claro onde exatamente o sistema de mísseis seria instalado no Tarlac, a escolha do VL MICA reflete uma estratégia mais ampla de modernização, visando uma defesa mais robusta e uma maior integração com outros navios da frota. O sistema de mísseis também é compatível com outros sistemas de combate, o que permitiria ao Tarlac coordenar respostas rápidas e eficazes contra ameaças aéreas.
Essa modernização é essencial para garantir que o Tarlac e outras embarcações da classe Tarlac possam desempenhar um papel eficaz em missões futuras, especialmente à medida que o Corpo de Fuzileiros Navais das Filipinas se especializa em operações externas, em vez de operações internas. O interesse por mais LPDs dentro da Marinha das Filipinas está crescendo, já que esses navios são fundamentais para operações anfíbias de grande escala e fornecem uma base para várias operações militares e humanitárias.
Além disso, a Marinha das Filipinas encomendou dois novos LPDs da Indonésia, que deverão ser entregues em breve. Esses novos navios terão várias modificações, como rampas laterais mais altas para facilitar o carregamento de veículos e cargas, mas serão, em grande parte, semelhantes em tamanho e capacidade aos navios já em serviço, como o BRP Tarlac e o BRP Davao del Sur (LD-602). A expectativa é que esses novos LPDs contribuam significativamente para aumentar a flexibilidade operacional e a capacidade de projeção de poder da Marinha filipina.
Com esses esforços de modernização, a Marinha das Filipinas está tentando não apenas reforçar suas capacidades de defesa e operações anfíbias, mas também melhorar a interoperabilidade com outras forças armadas, o que é crucial para garantir uma resposta coordenada em situações de crise na região. Esse processo de atualização está alinhado com os esforços gerais das Filipinas para modernizar suas forças armadas e aumentar sua capacidade de enfrentar os desafios impostos por tensões territoriais no Mar da China Meridional e em outras áreas estratégicas.