A Dassault Aviation, fabricante francesa do caça Rafale, está considerando abrir uma linha de montagem final na Índia para atender ao aumento da demanda e aos grandes pedidos esperados. De acordo com o CEO da empresa, Eric Trappier, “A Índia está preparando pedidos significativos e certamente poderíamos abrir uma linha de montagem final lá para poder absorver essa nova carga de trabalho.” Esse movimento ocorre enquanto a Dassault já trabalha para expandir sua capacidade de produção, especialmente devido à crescente demanda pela versão Rafale-M, projetada para operar em porta-aviões, com foco na Índia.
A empresa tem como objetivo aumentar sua produção do Rafale, passando de duas para três entregas mensais, com uma meta de alcançar quatro, podendo chegar a cinco unidades mensais, dependendo dos pedidos futuros. Em 2023, a Dassault entregou 13 Rafales, com previsão de 21 para 2024 e uma meta de 25 para 2025. A carteira de pedidos da Dassault inclui 230 unidades do Rafale, sendo 164 destinadas a exportações e 56 para a Força Aérea e Espacial Francesa. A Dassault também assegurou € 8,3 bilhões em contratos militares em 2024, superando os € 6,5 bilhões de 2023, com pedidos de 12 aeronaves pela Sérvia e 18 pela Indonésia. O portfólio total de aeronaves militares da Dassault, incluindo os jatos Rafale e Falcon, atingiu € 43,2 bilhões, frente aos € 38,5 bilhões do ano anterior.
Contudo, a Dassault enfrenta desafios relacionados às restrições na cadeia de suprimentos, devido a atrasos de subcontratados após a pandemia. Para lidar com isso, a empresa abriu uma nova fábrica em Cergy-Pontoise e está avaliando uma possível expansão ainda maior de sua infraestrutura. O CEO também afirmou que aumentar a produção leva cerca de dois anos para cada etapa incremental. Além disso, a Dassault está monitorando possíveis mudanças nas políticas comerciais dos EUA, já que uma tarifa de 25% sobre importações de aeronaves pode afetar as vendas dos jatos Falcon, sendo os Estados Unidos responsáveis por um terço dessas entregas.
A Índia já recebeu 36 aeronaves Rafale por meio de um contrato de 2016, com as entregas concluídas até 2022. A Força Aérea Indiana está considerando novos pedidos, enquanto a Marinha Indiana está finalizando a aquisição de 26 Rafales Marine, que serão usados no porta-aviões INS Vikrant. A possível criação de uma linha de montagem final na Índia se alinha com a política “Make in India”, uma estratégia do governo indiano para fortalecer a produção doméstica de equipamentos de defesa e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros. A Dassault tem ampliado sua presença na Índia desde meados da década de 2010, com parcerias de produção e infraestrutura de manutenção para dar suporte à frota de Rafales.
Além disso, a Índia está integrando o míssil Astra Mk1 à sua frota de Rafales, aumentando ainda mais as capacidades operacionais dos caças. A Força Aérea Indiana demonstrou recentemente a capacidade do Rafale de interceptar alvos de alta altitude, como balões de reconhecimento simulados a 16,7 km. Esses desenvolvimentos fazem parte de um esforço mais amplo para fortalecer a estratégia de defesa da Índia, melhorando suas capacidades de combate aéreo.
O Rafale é um caça multifuncional desenvolvido pela Dassault Aviation, com capacidade para realizar missões de superioridade aérea, ataque profundo, reconhecimento e dissuasão nuclear. Equipado com o radar Thales RBE2 AESA e o sistema de guerra eletrônica SPECTRA, o Rafale pode usar uma gama de munições guiadas, como mísseis ar-ar Meteor e MICA, mísseis de cruzeiro SCALP e mísseis antinavio Exocet. Sua velocidade máxima é de Mach 1,8, e o alcance de combate é de 1.850 km, com a capacidade de manter uma velocidade de supercruzeiro de Mach 1,4.
A versão Rafale M, adaptada para operações em porta-aviões, tem uma fuselagem reforçada, trem de pouso reforçado e um gancho de retenção para pousos em porta-aviões. Ele foi projetado para decolagens assistidas por catapulta e pousos interrompidos, substituindo a frota de MiG-29K da Marinha Indiana. O Rafale M será usado no INS Vikrant, o primeiro porta-aviões construído na Índia, e sua implantação faz parte da estratégia de aviação naval da Índia, com o objetivo de aumentar as capacidades de sua frota de caças baseados em porta-aviões.
A possível linha de montagem final na Índia e o contínuo desenvolvimento do Rafale posicionam a Dassault e a Índia como parceiros estratégicos no fortalecimento das capacidades de defesa aérea e naval da Índia. Com a expansão da produção local e a incorporação de novos sistemas, como o Astra Mk1, a Índia se prepara para consolidar ainda mais o Rafale como um pilar fundamental de sua força aérea e naval, ao mesmo tempo em que impulsiona sua indústria de defesa sob a política “Make in India”.