A Indonésia está atualmente em negociações com a Itália para adquirir o porta-aviões ITS Giuseppe Garibaldi, que foi retirado de serviço pela Marinha Italiana em 2024. O navio, que tem a capacidade de operar helicópteros e realizar missões de assalto anfíbio, é um porta-helicópteros LPD (Landing Platform Dock), ideal para operações de projeção de força e apoio a tropas no campo de batalha. A negociação também pode envolver a transferência de aeronaves AV-8B Harrier II, jatos de decolagem e pouso vertical (VTOL) que são compatíveis com a plataforma do Garibaldi, aumentando a capacidade operacional do navio.
O Giuseppe Garibaldi foi o principal navio da Marinha Italiana por mais de 30 anos, sendo usado como navio de comando, transporte de tropas e apoio aéreo, e é um dos exemplos de modernização naval realizada pela Itália, com destaque para seu uso de aeronaves de decolagem vertical. O navio tem 18.000 toneladas de deslocamento e foi projetado para operar em cenários de alto impacto, incluindo missões humanitárias, de defesa e de projeção de poder naval.
Para a Indonésia, essa aquisição representa um passo significativo no reforço da sua frota naval e no cumprimento de seu plano estratégico de defesa Força Mínima Essencial (MEF), que visa ampliar a capacidade de defesa e segurança marítima do país. A Indonésia, que possui uma vasta área marítima e é uma das maiores economias do sudeste asiático, busca aprimorar sua capacidade de projetar poder no mar, especialmente no contexto das crescentes tensões na região do Indo-Pacífico. O Giuseppe Garibaldi seria uma adição estratégica para a Marinha Indonésia, que já está em processo de modernização com a construção de navios-patrulha polivalentes, incluindo dois exemplares encomendados da Fincantieri, com entrega prevista para 2025.
Além disso, a Indonésia tem demonstrado interesse crescente por novos sistemas de defesa, tanto para a proteção de suas águas territoriais quanto para fortalecer suas capacidades de projeção de força. A compra do Garibaldi e das aeronaves AV-8B Harrier é vista como uma forma de garantir maior autonomia nas operações militares no mar, com um navio capaz de transportar e operar helicópteros, aeronaves e tropas em terrenos disputados, como ocorre em várias áreas do sudeste asiático.
A transferência do Garibaldi pode não apenas melhorar a capacidade de defesa da Indonésia, mas também aprofundar as relações entre o país e a Itália no setor de defesa. Ambas as nações têm um histórico de cooperação na área de segurança, com a Itália fornecendo anteriormente à Indonésia outros sistemas navais e de defesa. O Garibaldi, que já foi um símbolo da Marinha Italiana, também ajudaria a modernizar e expandir as capacidades logísticas e operacionais da frota indonésia, alinhando-se ao Plano Estratégico de Defesa 2024, que busca uma marinha mais robusta e tecnologicamente avançada.
O Giuseppe Garibaldi é considerado uma plataforma de ponta, com sistemas de radar, controle e operação de aeronaves de ponta para sua época, e a transferência das aeronaves AV-8B Harrier II seria uma grande vantagem para a Indonésia, proporcionando um salto em termos de capacidade operacional aérea embarcada.
Este movimento, se concretizado, também terá implicações para a estratégia de defesa do sudeste asiático, onde o equilíbrio de poder está em constante transformação devido às disputas no Mar do Sul da China e a crescente presença militar de potências globais, como os Estados Unidos e a China. A Indonésia, como membro da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), poderia usar esse novo ativo para fortalecer sua posição regional, ao mesmo tempo em que aprimora suas relações com a Itália, uma nação com experiência em operações navais complexas.
A transação está sendo monitorada de perto, tanto pelos analistas de defesa quanto pelos observadores internacionais, que veem a movimentação como uma possível reconfiguração do poder naval no Pacífico e no Sudeste Asiático.