Desde 2017, a Arábia Saudita vem perseguindo implacavelmente os cobiçados caças F-35 fabricados pela gigante norte-americana Lockheed Martin. Porém, apesar de seu esforço constante, o Reino Saudita tem enfrentado uma série de obstáculos que prejudicaram suas aspirações de garantir a joia da coroa dos caças de quinta geração fabricados nos EUA. O maior desafio, no entanto, tem origem na oposição contundente de Israel, que se esforçou ao máximo para impedir que a Arábia Saudita tivesse acesso à tecnologia militar americana de ponta.
O temor de Israel é claro: o F-35 representa um avanço tecnológico que poderia romper a “Superioridade Militar Qualitativa” (QME) que Tel Aviv mantém sobre seus vizinhos árabes, especialmente a Arábia Saudita. A ideia de que o Reino saudita tivesse o mesmo nível de acesso a caças de quinta geração foi o suficiente para desencadear um frenesi diplomático, com Israel usando sua influência política nos EUA para bloquear o acordo.
Em 2020, Israel demonstrou seu desagrado contra uma proposta de venda de 50 F-35 para os Emirados Árabes Unidos (EAU), mesmo com a aprovação do então presidente dos EUA, Donald Trump. A simples ideia de um país árabe reduzindo a distância tecnológica em relação a Israel gerou uma reação feroz em Tel Aviv. E não foi apenas o F-35 que esteve no centro dessa batalha diplomática. Israel também travou uma campanha agressiva para impedir a venda de sistemas de mísseis ar-ar de longo alcance, como o AIM-120 AMRAAM e o METEOR, para potências regionais que operam caças avançados como o F-16 e o Rafale.
Além disso, a Arábia Saudita foi confrontada com uma condição controversa para obter o F-35: reconhecer formalmente Israel como um estado legítimo e estabelecer relações diplomáticas formais com Tel Aviv. Isso foi interpretado como uma tentativa de coerção geopolítica, especialmente em um cenário onde Israel continua a ocupar territórios palestinos e a violar direitos humanos em sua relação com o povo palestino.
A Nova Direção: A Busca pelo KAAN de 5ª Geração da Turquia
Frustrada com as tentativas fracassadas de garantir os F-35, a Arábia Saudita optou por mudar sua estratégia de defesa e, de forma ousada, se voltou para a Turquia. O caça KAAN, desenvolvido pela Turkish Aerospace Industries (TAI), emergiu como uma solução viável e altamente atrativa para o Reino Saudita. O KAAN é um caça de quinta geração que promete competir com os mais avançados modelos ocidentais, como o F-35, oferecendo capacidades de furtividade, manobrabilidade e versatilidade em combate aéreo.
A aquisição do KAAN é mais do que uma simples atualização da força aérea saudita. Trata-se de uma mudança estratégica que pode redefinir o equilíbrio de poder na região e fornecer à Arábia Saudita uma plataforma para aumentar sua independência em termos de segurança e defesa. Atualmente, a Força Aérea Real Saudita já opera caças avançados como o F-15 e o Eurofighter Typhoon, mas o KAAN representaria um salto significativo para a modernização de sua frota.
O foco no KAAN também reflete a urgência da Arábia Saudita em se distanciar da dependência das potências ocidentais, especialmente dos Estados Unidos. Durante o mandato do presidente Joe Biden, as relações diplomáticas e de defesa entre a Arábia Saudita e os EUA esfriaram, impulsionando o Reino a procurar novas alternativas. As parcerias com a China e a Rússia começaram a ganhar mais força, com Riad buscando garantir novos sistemas de defesa, como o Pantsir-S1M, um sistema de defesa aérea de curto alcance desenvolvido pela Rússia.
Em um movimento de grande importância estratégica, a Arábia Saudita, em 2023, gastou US$ 2,3 bilhões para adquirir 39 unidades do Pantsir-S1M, além de outros equipamentos militares, incluindo mísseis guiados e veículos de transporte. Esse acordo foi um marco na tentativa de reduzir a dependência da Arábia Saudita dos EUA em termos de segurança militar.
O Potencial de uma Parceria Saudita-Turca: Transferência de Tecnologia e Produção Local
A visita do Príncipe Turki bin Bandar Al Saud, Comandante da Força Aérea Real Saudita, à Turquia, em dezembro de 2024, marcou um ponto de inflexão nas relações de defesa entre os dois países. Durante essa visita estratégica, o Príncipe Turki se reuniu com líderes de gigantes da defesa turca, incluindo Roketsan, Aselsan e a própria TAI. Essas reuniões intensivas visaram discutir não apenas a compra do caça KAAN, mas também a potencial transferência de tecnologia e a colaboração estratégica em defesa.
Esse possível acordo não só abrange a aquisição de caças de quinta geração, mas também abre portas para a produção local do KAAN na Arábia Saudita, o que representaria um grande passo na autossuficiência militar do Reino. Essa colaboração entre os dois países pode ser um marco histórico para a Arábia Saudita, que busca consolidar sua capacidade de produção militar e fortalecer sua indústria de defesa local. Isso também colocaria a Arábia Saudita em uma posição mais forte para influenciar a dinâmica militar regional, tornando-a menos dependente da assistência estrangeira.
Além disso, essa parceria estratégica tem o potencial de impulsionar ainda mais as relações bilaterais entre a Arábia Saudita e a Turquia, duas potências regionais com interesses geopolíticos em comum, principalmente em termos de segurança no Oriente Médio e na África do Norte.
O Futuro do KAAN: Produção e Potenciais Implicações Regionais
A Turkish Aerospace Industries (TAI) começou o desenvolvimento do caça KAAN em 2016, e espera-se que a produção em massa comece em breve. A TAI tem planos ambiciosos para entregar 20 unidades do modelo KAAN Bloco 10 para a Força Aérea Turca até 2028, e a produção deve crescer para dois caças por mês até 2029. O objetivo da TAI é substituir mais de 200 caças F-16 atualmente em operação na Força Aérea Turca, criando uma nova geração de aviões de combate que consolidará a posição da Turquia como uma potência militar regional.
Para a Arábia Saudita, a aquisição de até 100 caças KAAN seria um movimento transformador. Além de modernizar sua frota aérea, o Reino Saudita teria a capacidade de projetar poder aéreo em toda a região, especialmente considerando os desafios com o Irã e outras potências do Oriente Médio. A aquisição de caças KAAN fortaleceria a posição da Arábia Saudita em termos de dissuasão e capacidade de projeção de força.
Conclusão: A Arábia Saudita Forja Seu Próprio Caminho no Domínio Aéreo
A busca da Arábia Saudita pelos caças KAAN de quinta geração é mais do que uma simples atualização de sua força aérea; é uma demonstração clara de que o Reino está determinado a seguir seu próprio caminho em termos de segurança e defesa. Ao se afastar da dependência dos EUA e buscar alternativas em parceiros como a Turquia, a Arábia Saudita está posicionando-se para redefinir o equilíbrio de poder no Oriente Médio. A colaboração com a Turquia não só pode trazer o KAAN para a Arábia Saudita, mas também pode permitir a produção local da aeronave, dando ao Reino um nível de autossuficiência militar sem precedentes.
Com essa ousada jogada, a Arábia Saudita está sinalizando ao mundo que, em um cenário global em constante mudança, ela não será mais uma simples cliente de armas, mas uma potência soberana moldando seu próprio destino militar. A aquisição dos caças KAAN pode não apenas remodelar a força aérea da Arábia Saudita, mas também transformar a dinâmica de segurança no Oriente Médio para os próximos anos.
Não sei se a Turquia seria esse parceiro q poderia equalizar sua Força Aérea com Israel. Aviônicos, motorização e armamentos podem ser elementos q inviabilizariam este projeto. China e Rússia são países mais pragmáticos e detém toda a cadeia de produção.
Agora não sei se o Kaan é uma plataforma modular em q pode-se montar um caça específico dependendo do cliente!