O Japão está planejando adquirir aviões de transporte militar dos Estados Unidos para reforçar as capacidades de suas Forças de Autodefesa (SDF). A proposta foi revelada pelo primeiro-ministro Shigeru Ishiba durante uma reunião com o presidente dos EUA, Donald Trump, em 7 de fevereiro de 2025. Essa decisão está alinhada com a crescente pressão dos EUA para que seus aliados aumentem seus gastos em defesa, incluindo o fortalecimento das capacidades militares no Indo-Pacífico, região estratégica em meio às crescentes tensões com a China e a Coreia do Norte.
O modelo de aeronave escolhido para essa aquisição é o Boeing C-17 Globemaster III, um avião de transporte militar de carga pesada e de longo alcance. Produzido pela Boeing, o C-17 é altamente valorizado por sua enorme capacidade de carga e habilidade de operar em pistas curtas e pouco preparadas. Embora a produção do C-17 tenha sido encerrada em 2015, o Japão está considerando a compra de unidades usadas, o que representa uma forma de modernizar sua frota sem depender exclusivamente de aeronaves domésticas, como os modelos C-2 atualmente utilizados.
O C-17 Globemaster III é especialmente destacado por sua capacidade de transportar grandes volumes de carga, como veículos blindados, helicópteros e equipamentos pesados, a longas distâncias. A aeronave tem uma capacidade de carga útil de até 77 toneladas e pode operar com um alcance de 4.400 milhas náuticas (cerca de 8.149 km) com carga total, permitindo que o Japão realize missões de transporte aéreo tanto dentro quanto fora de seu território. O C-17 é projetado para decolar e pousar em pistas curtas e pouco preparadas, o que o torna uma excelente opção para missões em áreas de difícil acesso. Essas características fazem do C-17 uma escolha estratégica, pois melhora significativamente a capacidade de resposta rápida e o transporte de equipamentos pesados em uma variedade de condições operacionais.
Além disso, a compra de aeronaves usadas reflete também uma estratégia mais econômica, já que o Japão poderia adquirir os aviões a um custo inferior ao de novas unidades. Esse modelo de aeronave já é amplamente utilizado por forças armadas de outros países, e sua fiabilidade e robustez são amplamente reconhecidas. A escolha do C-17 Globemaster III é uma maneira de modernizar a frota aérea do Japão sem depender exclusivamente da produção nacional, o que pode ser mais caro e demorado.

Propaganda da então McDonnell Douglas em medados da décadas de 1980 e o início da década de 1990 sobre o C-17 no Japão.
A aquisição está em consonância com o aumento do orçamento de defesa do Japão, que visa atingir 2% do PIB até 2027, em resposta às ameaças geopolíticas da região. A compra de aeronaves de transporte reforça o comprometimento do Japão com a aliança de segurança com os Estados Unidos, que também vem pressionando seus aliados a aumentar os investimentos em suas forças armadas. Essa cooperação mais estreita, focada na modernização e aumento das capacidades de defesa, é uma resposta direta às crescentes preocupações com a segurança regional.
O movimento também demonstra uma mudança significativa na postura do Japão, tradicionalmente mais reservado em termos de militarização devido à sua constituição pacifista. A aquisição de aviões de transporte pesados como o Boeing C-17 Globemaster III é mais uma etapa no fortalecimento das capacidades militares do Japão e no cumprimento das exigências dos EUA para garantir uma maior estabilidade e poder de dissuasão na região do Indo-Pacífico. Com esse passo, o Japão não só melhora suas capacidades de logística militar, mas também fortalece suas alianças estratégicas em um momento de crescente instabilidade global.
Com informações de KYODO NEWS