Expansão da OTAN, Influência de Israel e o Futuro das Relações com a Rússia

Resenha E.M.Pinto
Sugestão: Cel. Marco Antônio Coutinho


Em um discurso contundente e provocativo no Parlamento Europeu, o renomado economista e especialista em política internacional Jeffrey Sachs apresentou uma análise das relações geopolíticas globais, com foco especial no papel dos Estados Unidos, da Rússia, da Europa e do Oriente Médio. Suas declarações, que desafiam narrativas convencionais, geraram ondas de choque em toda a Europa e além, levantando questões incômodas sobre a política externa ocidental e suas consequências.

A Expansão da OTAN e a Reação da Rússia

Sachs iniciou seu discurso abordando a expansão da OTAN, que começou em 1999 com a inclusão de Hungria, Polônia e República Tcheca. Ele destacou que a Rússia sempre se opôs a essa expansão, mas, na época, os países incorporados estavam distantes das fronteiras russas, limitando a capacidade de Moscou de agir. Sachs criticou a falta de consideração pelas preocupações russas, sugerindo que essa postura alimentou tensões que persistem até hoje.

A Influência de Israel na Política Externa dos EUA

Um dos pontos mais explosivos do discurso foi a crítica de Sachs à influência de Israel, particularmente de Benjamin Netanyahu, na política externa dos Estados Unidos. Ele mencionou o documento “Clean Break”, de 1996, elaborado por Netanyahu e sua equipe, que defendia o abandono da solução de dois Estados no conflito Israel-Palestina. Sachs argumentou que os EUA, sob influência israelense, teriam planejado uma série de guerras no Oriente Médio para eliminar aliados da antiga União Soviética e grupos como Hamas e Hezbollah.

Sachs não poupou palavras ao descrever Netanyahu como um “criminoso de guerra” e defendeu a criação de um Estado palestino como única solução viável para a paz na região. Ele também criticou a subordinação da política externa americana aos interesses israelenses, sugerindo que isso tem sido prejudicial tanto para os EUA quanto para o mundo.

A Ucrânia e a Política de Mudança de Regime

Sachs abordou a crise na Ucrânia, destacando a eleição de Viktor Yanukovych em 2010 com uma plataforma de neutralidade. Ele afirmou que a Rússia não tinha interesses territoriais na Ucrânia naquela época, limitando-se a negociar um contrato de arrendamento para a base naval de Sevastopol até 2042. No entanto, segundo Sachs, os Estados Unidos decidiram derrubar Yanukovych em uma operação de mudança de regime, uma prática que ele descreveu como comum na história da CIA.

Essa narrativa desafia a visão ocidental de que a Rússia é a única responsável pela crise na Ucrânia, sugerindo que a intervenção americana desempenhou um papel significativo no desencadeamento do conflito.

A Relação entre EUA e Europa

Sachs criticou a subordinação da Europa aos interesses dos Estados Unidos, argumentando que os europeus deveriam buscar uma relação mais independente e pragmática com a Rússia. Ele sugeriu que a Europa, com sua economia de 20 trilhões de dólares e população de 450 milhões, deveria ser o principal parceiro comercial da Rússia, em vez de seguir as diretrizes americanas.

Ele também mencionou o ataque ao gasoduto Nord Stream, insinuando que os Estados Unidos estariam por trás do incidente, embora não apresente provas concretas. Essa afirmação gerou polêmica, mas reforçou sua visão cética em relação às intenções dos EUA na Europa.

A Possibilidade de Paz e o Papel de Trump

Sachs sugeriu que a guerra na Ucrânia pode chegar ao fim se Donald Trump e Vladimir Putin chegarem a um acordo. Ele argumentou que Trump não quer ser associado a uma derrota e, portanto, estaria disposto a negociar. Essa perspectiva foi apresentada como uma esperança para a resolução do conflito, embora Sachs reconheça que muitos líderes europeus não estão dispostos a ouvir essa visão.

A China e a Multipolaridade

O discurso também abordou a China, descrevendo-a como uma história de sucesso econômico e não como uma ameaça. Sachs sugeriu que os Estados Unidos veem a China como um inimigo precisamente por causa de seu sucesso, e não por qualquer ação agressiva. Ele defendeu que a Rússia não tem intenção de invadir a Europa, mas está preocupada com a unipolaridade americana.

Conselhos para os Países Bálticos

Sachs ofereceu conselhos aos países bálticos, como Estônia e Letônia, sugerindo que eles parem de antagonizar a Rússia. Ele argumentou que a “russofobia” e políticas como a proibição do idioma russo são contraproducentes, especialmente em países com uma significativa população de origem russa. Ele defendeu uma abordagem mais pragmática e respeitosa em relação à Rússia.

Conclusão

Sachs encerrou seu discurso com um apelo para que os líderes europeus ajam como “adultos” e busquem a paz através da negociação e do diálogo. Ele criticou a infantilização da política internacional, sugerindo que as crianças são mais capazes de resolver conflitos do que muitos líderes mundiais. Ele enfatizou a necessidade de mudança de políticas e de uma abordagem mais realista e menos ideológica.

O discurso de Jeffrey Sachs no Parlamento Europeu gerou reações intensas, dividindo opiniões entre aqueles que veem suas críticas como uma análise necessária e corajosa e aqueles que as consideram controversas ou até mesmo perigosas.

 Sachs deixou claro que, para ele, a paz e a estabilidade globais dependem de uma mudança radical na forma como as potências ocidentais conduzem suas relações internacionais.

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