A Turquia está dando passos significativos para consolidar sua capacidade de poderio naval com o desenvolvimento do MUGEM, seu primeiro porta-aviões nacional, que também irá abrigar uma variante naval do caça de quinta geração KAAN. O país está realizando um esforço notável para garantir que suas forças armadas se tornem mais autossuficientes e tecnologicamente avançadas, consolidando sua presença nas operações marítimas globais.
O KAAN, projetado pela Turkish Aerospace Industries (TAI), é uma aeronave de combate que promete ser uma peça chave no fortalecimento da Força Aérea Turca, e sua versão naval, adaptada para operar em porta-aviões, terá um impacto significativo na projeção de poder da Turquia. De acordo com o Capitão Hakan Uçar, gerente do Escritório de Projetos de Design da Marinha Turca, as negociações com a TAI estão em andamento para adaptar o KAAN para operações em porta-aviões, especificamente no MUGEM. O objetivo é garantir que o KAAN, atualmente projetado para uso terrestre, seja modificado para realizar decolagens e pousos a partir de um convés de porta-aviões. Esse esforço está alinhado com a ambição da Turquia de operar sua própria aeronave de combate de última geração em plataformas navais.
Além do KAAN, o MUGEM também será capaz de operar uma série de outras aeronaves domésticas, como os UAVs (Veículos Aéreos Não Tripulados) Kizilelma e Bayraktar TB3, ambos desenvolvidos pela Baykar, e o caça leve Hürjet, da TAI, juntamente com o UCAV furtivo Anka-3. Isso tornará o MUGEM uma plataforma versátil, capaz de abrigar tanto aeronaves tripuladas quanto não tripuladas, uma característica que aumentará ainda mais a eficácia das operações de defesa marítima da Turquia.
Em termos de especificações, o MUGEM será um dos maiores porta-aviões do mundo, com um deslocamento de aproximadamente 60.000 toneladas. O navio terá 285 metros de comprimento e 72 metros de largura, com um convés de voo projetado para operações com decolagens curtas e recuperação interrompida (STOBAR). O MUGEM contará com três pistas de decolagem, uma pista de pouso e a capacidade de transportar pelo menos 50 aeronaves, tripuladas e não tripuladas, o que representa um avanço significativo em relação ao maior navio de guerra atual da Turquia, o TCG Anadolu, que tem 28.000 toneladas de deslocamento e 230 metros de comprimento.
Uma das características mais importantes do MUGEM será o sistema de cabos de parada do porta-aviões que está sendo desenvolvido na Turquia para garantir pousos seguros em um porta-aviões. Esse sistema, será fabricado em solo turco, mostrando mais uma vez a independência tecnológica da Turquia em relação às suas forças armadas. Além disso, a construção de uma rampa de teste terrestre está em andamento, que será usada para simular as operações de decolagem e pouso no convés de voo. Esse desenvolvimento segue o modelo de testes usados no TCG Anadolu, que já foi utilizado para testar o Bayraktar TB3.
O projeto do MUGEM não se limita apenas às questões de design de aviões, mas também aborda a integração de sistemas avançados de combate e gestão de combate. O porta-aviões será equipado com o sistema de gerenciamento de combate ADVENT (Advanced Defense and Combat Control System), desenvolvido localmente, garantindo um desempenho superior e a capacidade de responder rapidamente às ameaças em um ambiente de combate moderno. Isso destaca o compromisso da Turquia com o desenvolvimento de soluções tecnológicas próprias em defesa.
Quando concluído, o MUGEM será uma peça chave da estratégia naval da Turquia. A capacidade de operar um porta-aviões com aeronaves desenvolvidas nacionalmente, como o KAAN, representa uma mudança de paradigma para o país, que não apenas reforça sua capacidade de projeção de poder no mar, mas também garante sua independência em termos de operação e manutenção de aeronaves navais. O MUGEM será uma base de operações flexível e capaz de realizar missões navais de longo alcance, com uma autonomia de até 10.000 milhas náuticas, o que equivale a uma viagem de Istambul a Nova York.
Além disso, o MUGEM não se limita a operações no mar Mediterrâneo ou no Mar Negro, mas permitirá que a Turquia expanda sua presença no teatro marítimo global, atuando de forma eficaz em diversas regiões do mundo. Isso será particularmente importante para a Turquia, dado seu posicionamento estratégico entre o Ocidente e o Oriente Médio, bem como suas ambições de aumentar sua influência nas questões de segurança marítima.
Com o KAAN e o MUGEM, a Turquia não apenas posiciona suas forças armadas em um novo patamar de tecnologia e capacidade operacional, mas também solidifica sua posição como uma potência regional em termos de defesa aérea e naval. O projeto do MUGEM e sua adaptação para aeronaves nativas são um reflexo do compromisso da Turquia com a construção de uma força militar autossuficiente e capaz de operar independentemente, sem depender de fornecedores estrangeiros.
O sucesso desse projeto pode representar um marco não apenas para a indústria de defesa turca, mas também para a posição geopolítica da Turquia no futuro. Uma vez concluído, o MUGEM permitirá que o país se junte a um grupo seleto de nações com capacidade para operar porta-aviões de forma eficaz, aumentando ainda mais sua importância no cenário global de segurança e defesa.
Essa iniciativa, que envolve o KAAN, reflete a visão da Turquia de fortalecer sua soberania nacional, não apenas no âmbito militar, mas também no desenvolvimento de tecnologias inovadoras que possam ser exportadas e servir de exemplo para outras nações em ascensão. Com o KAAN integrado ao MUGEM, a Turquia estabeleceu uma nova era de autonomia e força na sua presença naval global.