E.M.Pinto
Ao longo da história, a Ásia Central ocupou um papel fundamental na geopolítica e na economia do supercontinente euroasiático, servindo como elo crucial entre a Europa e a Ásia Oriental por meio da Rota da Seda. No entanto, com o advento das grandes navegações e o crescimento das potências marítimas, a região perdeu sua relevância estratégica.
Atualmente, esse panorama está em transformação, com a Turquia buscando ampliar sua influência nessa área por meio de uma abordagem que resgata laços históricos e culturais, alinhada ao conceito do panturquismo.

Os atuais e futuros oleodutos na Ásia Central e a posição estratégica da Turquia e sua conexão com os países da Ásia Central
A política externa turca tem sido descrita como assertiva e até mesmo ambiciosa sob a liderança de Recep Tayyip Erdogan. Inspirando-se no legado otomano e nas antigas conexões entre os povos túrquicos, Ancara busca reafirmar sua presença na Ásia Central.
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Historicamente, povos túrquicos já ocuparam territórios centrais dessa região, como demonstram o Caganato Túquico e o Sultanato Seljúcida. Esse fator é instrumental para a estratégia turca, pois a identidade linguística e cultural compartilhada facilita a penetração política e econômica do país na região.

Reunião da Organização dos Estados Turcos (OET). Líderes dos países membros da OET discutindo cooperação política e econômica.
O panturquismo, ideologia que preconiza a unidade dos povos túrquicos, surgiu no final do século XIX e tem ressonância na política externa contemporânea da Turquia. Após o colapso da União Soviética, Ancara rapidamente reconheceu os novos Estados independentes da Ásia Central e estabeleceu acordos políticos, culturais e econômicos com essas nações.
O panturquismo é uma ideologia que busca a unificação política, cultural e econômica dos povos de origem turcomana, espalhados principalmente pela Turquia, Cáucaso, Ásia Central e partes da Rússia e China. A Turquia, como principal potência entre os países turcomanos, tem adotado essa visão para expandir sua influência na Ásia Central, utilizando laços históricos, linguísticos e religiosos para estreitar relações diplomáticas, comerciais e militares.
O movimento é impulsionado por iniciativas como a Organização dos Estados Turcos (OET), investimentos em infraestrutura, cooperação energética e acordos de defesa, consolidando a presença turca na região em contraponto à influência da Rússia e da China. Esse movimento culminou na criação da Organização dos Estados Túrcicos em 2009, reunindo Turquia, Azerbaijão, Cazaquistão, Quirguistão e Uzbequistão, além do Turcomenistão como membro observador. Apesar das dificuldades iniciais devido à influência russa na região, Ancara soube adaptar sua abordagem, adotando um pragmatismo que prioriza investimentos e cooperação em áreas estratégicas.

Infraestrutura financiada pela Turquia na Ásia Central. Projetos de infraestrutura financiados por Ancara fortalecem a presença turca na região.
Nos últimos anos, a Turquia tem intensificado sua presença na Ásia Central por meio do chamado “soft power”, utilizando a cultura, a educação e a religião como instrumentos de influência. Bolsas de estudo para estudantes da região, investimentos em infraestrutura educacional e a disseminação de mídias turcas são alguns exemplos dessa estratégia. Além disso, a organização dos Estados Túrcicos promove a unificação linguística por meio da adoção do alfabeto latino, fortalecendo ainda mais a conexão cultural entre os países membros.
A ascensão da Turquia na Ásia Central também se dá pelo fortalecimento das relações comerciais e militares. O comércio entre a Turquia e os países da região tem crescido, embora ainda esteja abaixo dos volumes movimentados por China e Rússia. No setor militar, Ancara tem ampliado a venda de equipamentos para os Estados centro-asiáticos, incluindo drones de combate, além de estabelecer acordos de cooperação na área de defesa. Esse avanço, no entanto, ocorre sob o olhar atento da Rússia, que tradicionalmente exerce grande influência na região por meio de alianças militares e relações bilaterais.

Exercícios militares conjuntos entre Turquia e países da Ásia Central, a colaboração militar reforça os laços estratégicos entre a Turquia e os países da região.
A geopolítica energética é outro fator crucial para os interesses turcos. A Ásia Central possui vastas reservas de petróleo e gás natural, e Ancara busca se consolidar como um hub de exportação desses recursos para o Ocidente. Já existem oleodutos que transportam hidrocarbonetos da região para a Europa por meio da Turquia, e há projetos de expansão dessas infraestruturas. Essa estratégia pode fortalecer a posição econômica e política da Turquia no longo prazo, ao mesmo tempo em que reduz a dependência energética europeia da Rússia.

Expansão cultural e educacional turca na Ásia Central se dá pro meio das instituições educacionais e culturais turcas promovem a identidade comum turcomana, no mapa as nações que convergem para a Pantuarismo.
Em síntese, a crescente influência turca na Ásia Central reflete uma estratégia bem definida, que combina laços históricos e culturais com pragmatismo político e econômico. Apesar da resistência russa e dos desafios inerentes à região, a Turquia avança na construção de uma nova ordem geopolítica na Ásia Central, consolidando sua presença e ampliando sua influência em um território historicamente relevante.
Entretanto, a continuidade dessa ascensão dependerá da capacidade de Ancara em equilibrar seus interesses com as dinâmicas regionais e as reações das grandes potências envolvidas.
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Fonte
- Neo-Ottomanism and Turkey’s Influence in Central Asia, Middle East Institute [Link]
- Türkiye´s Relations With Central Asian Republics, Ministério das relações exteriores Turquia [Link]
-
Turkey’s ‘golden era’ in Central Asia and the future of the Organization of Turkic States, Armeniam Weekly [Link]
- The Organization of Turkic States: Implications for the Regional Balance of Power, DergirPark [Link]
- Turkey’s Soft Power towards Central Asian Countries after the Cold War, Istanbul Sabahattin Zaim University [Link]
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Muito bom. Muitos dados relevantes no artigo.
Muito obrigado Miriam