
E.M.Pinto
Publicada hoje no The Economist (clique para ler) uma matéria intitulada “A big, beautiful Trump deal with China?” que chega pra abalar as estruturas da geopolítica mundial, isso claro, se os eventos tornarem-se ações de fato.
Na verdade não se trata de nenhuma novidade ou de algo que já não havíamos abordado como hipóteses ou saídas para os impasses de disputas mundiais.
A matéria em si aborda a possibilidade de um amplo acordo entre os Estados Unidos e a China sob a liderança do presidente Donald Trump, a qual tem gerado intensas especulações nos círculos diplomáticos e financeiros. A perspectiva de uma “grande barganha” entre as duas maiores potências globais poderia reconfigurar a geopolítica mundial, reduzindo tensões comerciais e atenuando conflitos armados, como a guerra na Ucrânia.
Os conteúdos dessa negociação ainda não estão totalmente claros, mas indícios apontam para um possível relaxamento das tarifas comerciais impostas pelos EUA sobre produtos chineses em troca de pressão de Pequim sobre Moscou para encerrar o conflito na Europa Oriental.
O impacto de tal acordo transcenderia o comércio bilateral e poderia impulsionar uma nova fase de estabilidade econômica global. A China, ao longo dos últimos anos, desempenhou um papel crucial na sustentação da economia russa, mitigando os efeitos das sanções ocidentais. Uma intervenção chinesa na direção de um cessar-fogo na Ucrânia teria consequências diretas sobre os mercados de commodities, levando à queda nos preços do petróleo, do gás e dos fertilizantes, fatores determinantes para a inflação global. Além disso, um acordo nesse sentido poderia abrir espaço para cortes nas taxas de juros, aliviando pressões econômicas em várias regiões do mundo.
A Europa, que historicamente tem dependência energética da Rússia, observa com atenção os desdobramentos. Não é segredo para ninguém que a União Europeia já considera retomar a compra de gás russo, caso um acordo de paz seja alcançado. Para Trump, um desfecho diplomático bem-sucedido representaria uma vitória significativa em sua gestão, reforçando sua posição como negociador global.
Outro aspecto fundamental da negociação seria a reconfiguração das relações entre Washington e Pequim em outras frentes. Temas sensíveis como comércio, a questão de Taiwan e a participação da China em missões de paz na Ucrânia são aventados como possíveis pautas. Também há indícios de que Trump busca avanços na redução de arsenais nucleares, envolvendo não apenas os EUA e a China, mas também a Rússia.
A possibilidade de uma “Nova Ialta”, em referência à conferência de 1945 que dividiu o mundo em zonas de influência após a Segunda Guerra Mundial, tem sido debatida por analistas internacionais. Caso tal pacto se concretize, poderia emergir um novo arranjo de governança global, centrado na cooperação pragmática entre EUA e China. No entanto, as implicações para a Rússia permanecem incertas. Recentemente, o presidente Vladimir Putin indicou estar disposto a negociar a paz, mas enfatizou que prefere dialogar diretamente com Trump, o que sugere que Moscou busca garantir sua relevância nas tratativas.
A Bloomberg sugeriu que Trump, Xi Jinping e Putin poderiam estar envolvidos em uma negociação secreta para redesenhar a ordem global pós-guerra. Os críticos desse possível acordo alertam, contudo, que um arranjo baseado na força e na coerção, sem uma base ideológica compartilhada, pode ser instável e gerar novos conflitos no futuro.
Curiosamente, Trump tem adotado um tom mais moderado em relação à China desde sua posse, apesar das promessas de campanha de impor tarifas de até 60% sobre produtos chineses. Até o momento, as tarifas efetivamente aplicadas foram de apenas 10%, enquanto outros países, como México e Canadá, sofreram sanções comerciais mais severas. Esse comportamento levanta dúvidas sobre os reais objetivos da administração Trump. Seu pragmatismo sugere que a prioridade pode ser a estabilização da economia no curto prazo, postergando disputas estruturais para um momento futuro.
A evolução dessas negociações determinará o grau de transformação no equilíbrio global de poder. Se concretizada, a “grande barganha” entre Washington e Pequim pode abrir caminho para uma nova era de cooperação pragmática. No entanto, as incertezas quanto ao papel da Rússia e a reação de aliados ocidentais tornam seu desfecho imprevisível.
Fonte
A big, beautiful Trump deal with China, The Economist [link]
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