
E.M.Pinto
A recente conversão de navios cargueiros iranianos em porta-drones foi extensamente analisada pelo autor Bruce Jones, no livro To Rule the Waves, e de Mark Levinson, que destacou que desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e seus aliados estabeleceram um sistema de livre comércio marítimo global. Embora tenham ocorrido conflitos ocasionais, como a Guerra dos Petroleiros nos anos 1980 e ações de pirataria na Somália, a navegação comercial permaneceu amplamente desimpedida.
Contudo, uma nova ameaça pode estar surgindo. Segundo uma reportagem do Maritime Executive, com base em análises de H.I. Sutton, (clique aqui para ler) o Irã está convertendo navios cargueiros tipo Panamax em navios porta-drones.
Imagens obtidas mostram que um desses navios, identificado no estaleiro de Bandar Abbas, recebeu uma superestrutura militar e novas plataformas de armamento. Além disso, o navio foi equipado com um grande convés sobre sua lateral de bombordo, semelhante ao de um porta-aviões. Relatos da mídia iraniana sugerem que essas embarcações servirão como bases móveis para operações de drones militares.

Essa não é a primeira vez que o Irã investe em estratégias navais assimétricas. Em julho de 2022, a Marinha iraniana anunciou a criação de uma divisão naval especializada no uso de drones, composta por embarcações de superfície e submarinos. Já em 2021, o país revelou a conversão do petroleiro Makran, um antigo navio Aframax transformado em um grande navio militar de apoio. Essa embarcação participou de exercícios militares no Golfo de Omã e chegou até a Venezuela, demonstrando a intenção iraniana de operar além do Golfo Pérsico e projetar sua influência até o Atlântico.
O mais recente projeto naval do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC), o porta-drones Shahid Bagheri (C-110-4), que já iniciou seus testes de mar. A embarcação, que foi originalmente um navio mercante convertido para fins militares, foi lançada ao mar em 2023 e agora parece estar ancorada nos arredores do porto de Bandar Abbas, de onde realiza seus teste de mar.
Característica | Especificação |
---|---|
Nome | Shahid Bagheri (C-110-4) |
Tipo | Porta-drones (convertido de navio mercante) |
Comprimento | 240 m |
Ano de conversão | Início em 2022, lançamento em 2023 |
Localização Atual | Próximo ao porto de Bandar Abbas, Irã |
Convés de voo | Angular, posicionado do lado bombordo ao estibordo |
Rampa de decolagem | Tipo “ski-jump” na extremidade frontal |
Capacidade de aeronaves | UAVs de asa fixa, com capacidade de pouso e decolagem |
Operador | Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC) |
Característica | Especificação |
---|---|
Classe e Tipo | Lloyd Alemão (convertido de navio mercante) |
Deslocamento | 41.978 t |
Comprimento | 240,2 m |
Boca (Feixe) | 32,2 m |
Calado (Rascunho) | 11,7 m |
Potência Instalada | 20.000 kW |
Aeronaves Transportadas | Helicópteros (Bell-412) e UAVs ( IAIO Qaher-313) |
Instalações de Aviação | Plataforma de pouso de helicópteros |
Imagens de satélite do Sentinel-2 captadas recentemente revelam o contorno distinto da embarcação. Além disso, relatos de outras fontes sugerem que o navio ainda se encontra na região, com seu convés de voo já demarcado, indicando a possibilidade de testes futuros de aeronaves não tripuladas.
O Shahid Bagheri se destaca por possuir um convés de voo angular localizado no lado de bombordo (esquerdo), que se estende até o lado de estibordo (direito). Essa configuração inovadora foi adotada para evitar a necessidade de remover a superestrutura remanescente da embarcação em sua versão original como cargueiro.

Outro detalhe importante é a presença de uma rampa do tipo “ski-jump” na extremidade frontal do convés de voo, o que sugere que a embarcação foi projetada para operações com aeronaves de asa fixa. Isso indica que os drones utilizados serão capazes não apenas de decolar, mas também de pousar a bordo, uma característica inédita nos porta-drones iranianos anteriores, que eram capazes apenas de lançar grandes UAV, sem possibilidade de recuperação.
O impacto estratégico desse novo navio dentro da frota do IRGC ainda é incerto, mas sua existência demonstra tanto a ambição do governo iraniano quanto a tendência crescente no desenvolvimento de navios especializados em operações com drones militares.A crescente militarização da frota mercante iraniana levanta preocupações em seus adversários. Com a conversão desses cargueiros em bases móveis para drones, o Irã pode realizar ataques de longo alcance contra embarcações comerciais e militares, aumentando os riscos para a navegação global. Esses navios poderiam ser utilizados para atingir alvos israelenses ou outras embarcações sem necessidade de uma declaração formal de guerra, tornando as operações mais difíceis de serem rastreadas e combatidas.

Além disso, essa estratégia pode inspirar outras nações a adotar táticas semelhantes. Já existem relatos de que a Turquia também está transformando navios anfíbios em plataformas de drones. Como os porta-aviões convencionais são caros e acessíveis apenas a grandes potências, o uso de drones lançados de embarcações modificadas pode se tornar uma alternativa viável para diversos países.
Diante desse cenário, surgem questões sobre como as marinhas do mundo irão responder a essa nova ameaça. A segurança da navegação global pode ser comprometida, especialmente porque grande parte da frota mercante mundial opera sob bandeiras de conveniência, como Panamá, Libéria e Ilhas Marshall, sem a proteção direta de potências militares. Se ataques a essas embarcações se tornarem comuns, o comércio internacional poderá ser impactado de forma significativa.
Fonte
Iran’s New Drone Carrier Starts Sea Trials, [ Link ]
Iran’s New Drone Carrier Starts Sea Trials, [ link ]
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