
E.M.Pinto & Jim Yen

O Hypersonic and Ballistic Tracking Space Sensor (HBTSS) é um programa estratégico da Agência de Defesa de Mísseis (MDA) dos Estados Unidos, desenvolvido para enfrentar as crescentes ameaças de mísseis balísticos e hipersônicos.
Esse programa visa criar uma constelação de satélites equipada com sensores para rastrear mísseis desde o lançamento até a reentrada ou interceptação, fornecendo dados de controle de fogo de alta qualidade. Os satélites HBTSS são projetados para operar em conjunto com sistemas terrestres, marítimos e outras constelações espaciais, como as da Força Espacial dos EUA.
Característica | Descrição |
---|---|
Função Primária | Rastreamento e monitoramento contínuo de mísseis balísticos e hipersônicos. |
Capacidades | Detecção desde o lançamento até a reentrada. |
Rastreamento de mudanças de direção, altitude e velocidade em veículos hipersônicos. | |
Sensores | Sensores de infravermelho avançados para detecção de calor gerado por mísseis em alta velocidade. |
Velocidade de Rastreamento | Capaz de acompanhar veículos planadores hipersônicos (HGVs) a velocidades superiores a 6.100 km/h. |
Altura da Órbita | Órbita terrestre baixa (LEO) para rastreamento contínuo. |
Integração | Interligação com radares terrestres, marítimos e satélites de alerta antecipado. |
Operação Colaborativa | Funciona em conjunto com o sistema Proliferated Warfighters Space Architecture (PWSA). |
Lacunas Abordadas | Preenche áreas fora do alcance de radares terrestres e marítimos devido à curvatura da Terra. |
Objetivo Final | Proteger territórios e ativos estratégicos contra mísseis balísticos e hipersônicos. |
Operação Inicial | Programada para integrar constelações operacionais da Força Espacial após 2025. |
Financiamento | Parte do orçamento de defesa dos EUA, com investimentos anuais superiores a US$ 400 milhões. |
Em 2009, um foguete Delta 2 foi lançado da costa leste da Flórida, transportando dois satélites de demonstração do Sistema de Rastreamento e Vigilância Espacial (STSS) da Agência de Defesa de Mísseis. Projetados para operar por quatro anos, esses satélites superaram as expectativas e funcionaram por mais de 12 anos.
Durante esse período, eles demonstraram a capacidade de rastreamento de mísseis balísticos desde o lançamento até a interceptação (“birth-to-death tracking“), além de fornecer dados de qualidade para controle de fogo em sistemas de defesa. Os satélites também serviram como plataforma de testes para explorar novas maneiras de melhorar o rastreamento de mísseis balísticos a partir do espaço.
Atualmente, os dados do STSS contribuem para o desenvolvimento de futuras capacidades de sensores de defesa contra mísseis, como o sensor espacial de rastreamento de mísseis hipersônicos e balísticos, conhecido como HBTSS (Hypersonic and Ballistic Tracking Space Sensor).
Diferenças entre mísseis balísticos e ameaças hipersônicas
Enquanto mísseis balísticos seguem uma trajetória previsível e passam a maior parte do tempo no espaço, os veículos planadores hipersônicos (HGVs) representam uma ameaça muito mais complexa. Esses veículos, que podem alcançar velocidades superiores a 6.100 km/h, têm a capacidade de alterar direção, altitude e velocidade durante o voo, permanecendo dentro da atmosfera. Isso apresenta um grande desafio aos sistemas de defesa atuais.

Os radares terrestres possuem limitações de alcance devido à curvatura da Terra, só podendo observar objetos dentro de perímetros específicos. Por outro lado, uma constelação global de satélites HBTSS oferece monitoramento contínuo de ameaças de mísseis desde o lançamento até a reentrada, além de fornecer dados de rastreamento para controle de fogo em sistemas de defesa.
Esses satélites podem complementar os radares terrestres, preenchendo lacunas de cobertura e garantindo vigilância total ao longo de toda a trajetória do míssil.
Desenvolvimento dos protótipos HBTSS
Dois protótipos de veículos espaciais HBTSS foram projetados para operar em conjunto com radares terrestres e marítimos, bem como com os satélites recentemente implantados pela Força Aeroespacial dos EUA. Esses protótipos têm como objetivo demonstrar e estudar como rastrear ameaças hipersônicas e fornecer dados precisos para interceptação.

Os resultados dessa demonstração serão fundamentais para a arquitetura futura de defesa espacial conhecida como “Proliferated Warfighters Space Architecture” (PWSA), voltada para missões de alerta, rastreamento e defesa contra mísseis.
Etapa | Descrição | Ano |
---|---|---|
Pesquisa Inicial | Estudos sobre a viabilidade de sensores espaciais para rastreamento de mísseis. | 2017-2018 |
Definição de Requisitos | Especificação das capacidades necessárias para rastrear ameaças hipersônicas e balísticas. | 2019 |
Desenvolvimento de Protótipos | Início da construção de dois satélites HBTSS para testes em órbita. | 2020-2022 |
Lançamento dos Protótipos | Lançamento de dois satélites HBTSS para validação de desempenho e integração com sistemas terrestres e marítimos. | 2023 |
Testes Operacionais | Demonstração em órbita das capacidades de rastreamento e integração com a arquitetura PWSA. | 2023-2025 |
Avaliação de Dados | Análise dos dados de rastreamento e desempenho para ajustar tecnologias e operações futuras. | 2025 |
Integração na PWSA | Integração com a Proliferated Warfighters Space Architecture para operações contínuas. | 2026 |
Expansão da Constelação | Lançamento de novos satélites para formar uma constelação global de sensores HBTSS. | 2027 em diante |
Operação Plena | HBTSS se torna uma parte essencial do sistema de defesa de mísseis dos EUA. | 2030 (estimativa) |
Após o sucesso dos ensaios, o HBTSS será integrado a uma constelação crítica de sensores espaciais, operada pela Força Aeroespacial. Isso aumentará significativamente a capacidade de rastrear, apontar e interceptar ameaças hipersônicas, acompanhando a evolução das ameaças de mísseis.
A Agência de Defesa de Mísseis continuará liderando os esforços para aprimorar a capacidade de defesa nacional contra ameaças emergentes. Um dos principais problemas da Iniciativa de Defesa Estratégica (SDI) da década de 1980, lançada durante o governo Ronald Reagan, foi o custo astronômico associado à construção de satélites e ao seu lançamento em órbita. Quarenta anos depois, no entanto, uma solução parece ter sido encontrada.
Em janeiro de 2025, Donald Trump o presidente dos Estados Unidos, anunciou seu primeiro programa global de defesa. A criação de um sistema nacional de defesa contra mísseis.
Por meio de uma ordem executiva, Trump instruiu o Pentágono a apresentar o conceito desse sistema em até 60 dias. A ordem também detalha os objetivos e componentes essenciais do novo sistema de defesa.
Arquitetura do Sistema de Defesa contra Mísseis

O sistema deve ser capaz de proteger o território dos EUA contra mísseis balísticos, hipersônicos e de cruzeiro. Para isso, ele deve ser composto por três camadas principais de interceptação:
- Neutralização antes do lançamento ou na fase inicial de voo do míssil.
- Interceptação no curso intermediário em órbita espacial.
- Interceptação na fase terminal (reentrada). Será necessário criar novos interceptores espaciais para essa finalidade.
Além disso, a ordem inclui uma cláusula específica para o desenvolvimento de “capacidades não cinéticas” que complementem as tecnologias tradicionais de interceptação. Embora detalhes adicionais não tenham sido fornecidos, acredita-se que isso se refira ao uso de lasers, uma tecnologia que remete à SDI, também conhecida como o programa “Star Wars“, devido à ênfase em armas a laser.
Paralelos com Projetos Anteriores
O conceito delineado por Trump compartilha semelhanças com dois projetos anteriores, tanto ao Proliferated Warfighter Space Architecture (PWSA), Um programa contemporâneo que busca criar uma rede de satélites em órbita terrestre baixa para detectar, rastrear e guiar interceptores contra mísseis balísticos e hipersônicos.
Quanto ao Brilliant Pebbles, que foi Concebido em 1987, esse projeto previa uma constelação de milhares de pequenos satélites em órbita terrestre baixa, cada um equipado com mísseis de pequeno porte. Apesar de ser tecnologicamente viável, o programa foi encerrado em 1993 devido ao fim da Guerra Fria.
Característica | Proliferated Warfighter Space Architecture (PWSA) | Brilliant Pebbles |
---|---|---|
Ano de Origem | Programa contemporâneo iniciado nos anos 2020. | Concebido em 1987. |
Objetivo | Detectar, rastrear e guiar interceptores contra mísseis balísticos e hipersônicos. | Criar uma constelação de pequenos satélites armados para interceptar mísseis. |
Órbita | Órbita terrestre baixa (LEO). | Órbita terrestre baixa (LEO). |
Tipo de Satélites | Sensores avançados para rastreamento e coleta de dados de controle de fogo. | Pequenos satélites equipados com mísseis de curto alcance. |
Capacidades Tecnológicas | – Sensores infravermelhos de alta precisão. | – Mísseis de curto alcance para interceptação direta. |
– Integração com sistemas terrestres e marítimos. | – Concentração em plataformas pequenas e simples para reduzir custos. | |
Motivação Inicial | Enfrentar ameaças modernas, como mísseis hipersônicos e avançados. | Contrabalançar a ameaça de mísseis soviéticos durante a Guerra Fria. |
Desafios na Implementação | Requer lançamentos frequentes e tecnologia de ponta para monitoramento global. | Limitado pela tecnologia da época, especialmente em miniaturização e custos de lançamento. |
Status Atual | Em desenvolvimento, com lançamentos de satélites em andamento. | Cancelado em 1993 após o fim da Guerra Fria. |
Situação atual | Pretende formar uma constelação global em operação nos próximos anos. | Cancelado antes de alcançar uma fase operacional devido à mudança geopolítica. |
Ambos os projetos tinham como objetivo superar as limitações técnicas da época, como a dificuldade de criar lasers eficazes e a vulnerabilidade de grandes plataformas espaciais a ataques antissatélites. O Brilliant Pebbles, ao usar uma constelação de satélites menores e mais simples, apresentou uma solução mais prática, mas acabou cancelado por razões políticas e econômicas.
Sistemas chineses e russos
Os sistemas chineses e russos análogos ao HBTSS apresentam propostas completamente diferentes, porém, igualmente sofisticadas. Estas também destinam-se ao rastreamento e a defesa contra mísseis hipersônicos e balísticos.
O sistema chinês por exemplo, destaca-se pelo uso de tecnologia de radar fotônico de micro-ondas, capaz de rastrear múltiplos mísseis simultaneamente em altas velocidades e com precisão. Essa tecnologia avançada é integrada a plataformas terrestres e aéreas, reforçando a defesa antimíssil em várias camadas.
Já o sistema russo foca na integração de sua rede de navegação GLONASS com sensores terrestres e espaciais, incluindo elementos do sistema Beidou, chinês. Essa arquitetura é projetada para aumentar a precisão e a capacidade de rastreamento, oferecendo suporte estratégico para a defesa contra ameaças aéreas e mísseis.
Ambos os programas permanecem em desenvolvimento ativo, com esforços direcionados à implementação de tecnologias avançadas para garantir segurança e superioridade no espaço e no campo de batalha.
O Papel da SpaceX

A declaração do novo programa de defesa depende de tecnologias modernas para lançamento em massa de satélites. Atualmente, a SpaceX domina o mercado de lançamentos espaciais, realizando 134 de 154 lançamentos nos EUA em 2024. A empresa possui um sistema eficiente para a implantação de milhares de satélites em órbita baixa e está desenvolvendo o foguete Starship, capaz de transportar entre 100 e 150 toneladas para órbita baixa, ou 27 toneladas para órbita geoestacionária.
Elon Musk, fundador da SpaceX e um dos principais patrocinadores da campanha de Trump, agora ocupa o cargo de chefe do Departamento de Eficiência Governamental. Sua empresa desempenha um papel central na viabilização do programa, e promete reduzir significativamente os custos de lançamento e permitindo a implementação de uma constelação de satélites que era impraticável na época da SDI.
Desafios Atuais e Futuros
Apesar do avanço tecnológico, desafios precisam ainda provarem-se ser superados, como a interceptação na fase terminal do voo dos mísseis e a integração de tecnologias não cinéticas. O programa de Trump exige o esforço coordenado de toda a indústria de defesa dos EUA, sendo uma empreitada de longo prazo com implicações significativas para a segurança nacional.
Com a redução dos custos de satélites e lançamentos, um obstáculo crucial dos anos 1980 foi superado. Contudo, o sucesso do programa dependerá da colaboração entre os setores militar, industrial e tecnológico, em um cenário geopolítico cada vez mais complexo e competitivo.
Ao que tudo indica, as novas armas hipersônicas como os planadores reacendem uma antiga e adormecida corrida armamentista interrompida com o fim da URSS, pelo andar da carruagem o novo Star Wras já está em marcha, bem vindos a era da nova “Guerra nas Estrelas.”
Fonte
Space sensors and missile defense. [ Link ]
SDA Layered Network of Military Satellites now known as ‘Proliferated Warfighter Space Architecture [ Link ]
Northrop Grumman Completes Hypersonic and Ballistic Tracking Space Sensor Critical Design Review [ Link ]
Brilliant Pebbles: Light and Lethal [ Link ]
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