É possível dizer que estamos vivendo o Pós-neoliberalismo ?

E.M.Pinto

Agradecimentos à Eduardo Loureiro e Rodolfo Queiroz Laterza


Os fluxos de capital que historicamente sustentaram governos e agendas globais como ESG (Ambiental, Social e Governança) e DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) enfrentam mudanças estruturais significativas. Bancos como Bank of America e Citibank têm ajustado suas estratégias, indicando uma retração no financiamento de iniciativas associadas a essas pautas. Esse movimento reflete três vetores principais.

1. Pressões Jurídicas

Nos EUA, o ambiente regulatório cada vez mais hostil tem gerado incertezas sobre a viabilidade econômica de projetos ESG e DEI. A mobilização de legisladores em estados estratégicos, aliada a campanhas de figuras políticas como Ron DeSantis, associou essas agendas a interesses percebidos como contrários ao nacionalismo econômico americano, resultando em ações coordenadas para limitar seu escopo.

2. Reordenamento Político-Econômico Global

A emergência de um paradigma pós-liberal, caracterizado pela priorização de cadeias de produção nacionais e pela redução da dependência globalizada, pode definr as prioridades de alocação de capital. Declarações de lideranças empresariais como Elon Musk, alinhadas ao discurso político de Donald Trump, reforçam a narrativa de reindustrialização dos EUA e repatriação de talentos como estratégias fundamentais para sustentar a competitividade tecnológica do país.

3. Crise de Crédito

A política monetária restritiva do Federal Reserve, com altas taxas de juros, elevou os custos de captação e reduziu a liquidez disponível para projetos de longo prazo e alto risco, como aqueles associados a ESG e DEI. Este cenário tem retraído o apetite por emissões de títulos verdes nos EUA, que devem somar apenas US$ 40 bilhões em 2023 – metade do registrado em 2022 e um terço de 2021 (Goldman Sachs).

Implicações e Realocação de Capitais

A retração no mercado americano contrasta com a resiliência das emissões ESG na Europa, que devem alcançar €140 bilhões em 2023. Nos EUA, no entanto, os títulos ESG representaram apenas 3% do mercado de grau de investimento em 2023, com quedas acentuadas em setores-chave, como energia, serviços públicos e instituições financeiras.

Essa mudança estratégica pode resultar em:

  1. Realocação de Investimentos: Fundos atualmente pulverizados em mercados emergentes, como América Latina, Canadá e Europa, podem ser redirecionados para iniciativas domésticas nos EUA, alinhadas ao projeto de reindustrialização e fortalecimento da infraestrutura produtiva.
  2. Deslocalização de Empresas: Um possível êxodo de empresas europeias e sul-americanas para os EUA, impulsionado por incentivos fiscais e pela busca de maior estabilidade política e econômica.

Consequências de Longo Prazo

Se confirmada, essa dinâmica poderá marcar um “reset econômico” global, mas não no formato digital simplista proposto por visões neoliberais, e sim como uma reestruturação mais profunda, análoga à Grande Depressão de 1929. A centralização de capitais e tecnologias nos EUA sugere um movimento deliberado para garantir a hegemonia econômica e geopolítica do país.

A articulação política nos EUA, somada à sinalização de bancos e grandes corporações, indica uma estratégia de canalização de recursos para setores produtivos e de infraestrutura domésticos. Este movimento, amparado por políticas de incentivo fiscal e atração de talentos, visa consolidar a competitividade americana em tecnologias estratégicas e promover a reindustrialização nacional.

No entanto, esse realinhamento depende de fatores como a capacidade dos mercados globais de implementar estratégias contrárias à centralização americana. A Europa, por exemplo, pode adotar políticas que sustentem sua autonomia industrial e financeira, enquanto países emergentes, como o Brasil, enfrentam o desafio de proteger suas economias da pressão externa.

Considerações Finais

Caso a tendência se confirme, a deslocalização de empresas da Europa, América do Sul e Canadá para os EUA poderá se intensificar, reproduzindo um fenômeno de redistribuição global de capitais e ativos produtivos. Declarações como as de Elon Musk sobre a urgência de repatriação de talentos reforçam a necessidade de uma visão de longo prazo, onde a hegemonia tecnológica e industrial seja central à política econômica americana.

O cenário descrito remete a uma “reestruturação econômica global”, onde a sustentabilidade e as agendas DEI/ESG podem ser substituídas por um pragmatismo econômico focado em eficiência e competitividade nacional. Caso movimentos contrários não surjam, o resultado poderá ser uma nova era de concentração econômica e política nos EUA, reproduzindo os eventos de 1929.
Por último e não mesnos improtante, estaríamos a assistir ao nasciemnto do Pós Neoliberalismo?

Referências

  1. ESG vai resistir a crises econômicas? [Link]
  2. Resumo semanal: Investimentos ESG [Link]
  3. Nem crise climática ajuda: títulos ligados às metas ESG perdem espaço nos EUA [Link]
  4. Walmart joins growing list of companies dropping DEI policies [Link]
  5. House office of diversity and inclusion disbanded [Link]
  6. DEI offices closing at colleges and universities [Link]

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