Análise: Expansão Militar da China e Estratégias no Relatório do Pentágono 2024

E.M.Pinto


O Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) divulgou o aguardado relatório anual Military and Security Developments Involving the People’s Republic of China 2024, revelando os avanços militares e objetivos estratégicos da China. O documento e a peça-chave para entender a dinâmica das relações sino-americanas e o panorama da segurança global, o relatório detalhado oferece uma análise detalhada da crescente capacidade bélica e das políticas de segurança do país asiático bem como, das eventuais respostas planejadas pelos EUA.

Clique para ler o relatório na íntegra

Military and Security Developments Involving the People’s Republic of China 2024

Modernização Rápida e Supremacia Naval

O relatório evidencia a aceleração da modernização militar chinesa, impulsionada por inovações em forças nucleares estratégicas, acompanhada das tecnologias de mísseis hipersônicos e da integração de inteligência artificial. Um marco importante é o arsenal de mais de 1000 mísseis balísticos de alcance intermediário (IRBMs) que devem trazer um desbalanço no poder naval asiático. Isso tudo consolida a posição da China como potência dominante na região do Indo-Pacífico.

A supremacia naval é destacada pelo aumento da frota de superfície e submarina, que conta agora com três grupos de porta-aviões, além da produção contínua de super destroyers, submarinos e navios de assalto anfíbio avançados. Com o maior número de embarcações no mundo, a Marinha do Exército de Libertação Popular (PLA Navy) já supera a frota dos Estados Unidos em tamanho, reafirmando sua posição como a maior marinha do planeta.

Expansão Nuclear e Estratégias de Disuasão

Outro ponto de inegável destaque é o crescimento do arsenal nuclear chinês, estimado em cerca de 500 ogivas, com projeções de duplicação até 2030. A introdução de novos mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) e avanços em tecnologias de sistemas de reentrada manobráveis e planadores hipersônicos, buscam permitir  a penetração nos sistemas de defesa antimíssil e sinalizam uma transição estratégica significativa. Essas iniciativas aproximam a China de uma política de dissuasão nuclear comparável às dos EUA e da Rússia, um objetivo a muito esperado pelo PCC e que agora ganha corpo.

Taiwan e Tensões Regionais

O relatório identifica Taiwan como o principal foco estratégico de Pequim. Exercícios militares intensificados, combinando forças aéreas e navais, têm simulado cenários de bloqueio ou invasão, elevando as tensões no estreito. Essas movimentações refletem a escalada do risco de conflito militar na região, ressaltando a prioridade de Taiwan na política de segurança chinesa.

Projeção Global de Força

Além do Indo-Pacífico, a China avança na criação de uma presença militar global, como evidenciado pela base em Djibouti, na África Oriental. O modelo deve ser replicado no Oriente Médio, na África e nas ilhas do Pacífico, visando proteger os interesses estratégicos de Pequim e ampliar sua capacidade de projeção de poder, embora não mencione a América do Sul explicitamente, o documento leva a entender que a expansão da China na áfrica ocidental orienta-se diretamente ao atlântico sul e por conseguinte, à america do sul, colocando-a frente a frente com países como Brasil e Argentina no Atlântico e demais nações do ocidente sul americano pelo Pacífico.

Implicações para os EUA e Aliados

A análise do Pentágono alerta para a aproximação da China à paridade militar com os Estados Unidos, reforçando a necessidade de investimentos em tecnologias avançadas e parcerias estratégicas na região. O relatório enfatiza a importância de alianças com países como Japão, Austrália e Índia, que compartilham preocupações crescentes com a assertividade chinesa.

Os resultados deverão moldar diálogos multilaterais de defesa, como o Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad) e as iniciativas da OTAN no Indo-Pacífico.

Conclusão

A análise das informações consolidadas sobre a modernização da Marinha Chinesa (PLAN) e suas implicações estratégicas revela uma trajetória clara de expansão e sofisticação tecnológica que redefine o equilíbrio de poder no Indo-Pacífico e além. O crescimento acelerado da frota naval, a incorporação de tecnologias avançadas em navios de superfície, submarinos e porta-aviões, bem como o aumento substancial do arsenal nuclear, indicam que a China busca consolidar sua posição como uma potência militar global com capacidade de projeção de poder além da primeira cadeia de ilhas.

A modernização não se limita a ganhos quantitativos; ela está estrategicamente alinhada com os objetivos de assegurar influência em regiões críticas, como o Estreito de Taiwan, e ampliar sua presença em águas internacionais. Além disso, a integração de plataformas civis à logística militar demonstra uma abordagem pragmática para enfrentar cenários de guerra de alta intensidade, com implicações diretas para operações anfíbias e respostas rápidas em crises.

Para os Estados Unidos e seus aliados, a crescente assertividade chinesa representa um desafio estratégico significativo. A necessidade de parcerias robustas, inovação tecnológica e presença militar constante no Indo-Pacífico é evidente para contrabalançar o avanço chinês. A tendência aponta para um período de crescente tensão militar e competição estratégica, que exigirá coordenação internacional e investimentos contínuos em capacidades de dissuasão e defesa.

Essa realidade intensifica a necessidade de diálogos multilaterais, como o Quad e a extensão da influência da OTAN para o Indo-Pacífico, a fim de evitar uma escalada que poderia comprometer a estabilidade regional e global.

A tabela sumariza as informações

Consolidação dos Dados da Modernização da Marinha Chinesa (PLAN)- Plano Brazil
Categoria Indicador Quantidade Atual (2024) Projeção para 2025 e Futuro Observações
Frota Total Total de navios 340 400 (até 2025) Modernização focada em combatentes de superfície.
Transferências Transferência de 20 corvetas antigas para a Guarda Costeira em 2021.
Navios de Combate de Superfície Luyang III (Type-52D): Deslocamento de 7.500 toneladas Não especificado Expansão com novas unidades Radar AESA e 64 células VLS.
Renhai (Type-55): Deslocamento de 13.000 toneladas 5 Mais em construção Radar AESA, 112 células VLS, capacidade anti-superfície, anti-aérea e possíveis mísseis balísticos.
Forças Submarinas Submarinos nucleares balísticos (SSBN) 6 Manutenção de 65-70 unidades Desenvolvimento de submarinos nucleares guiados.
Submarinos nucleares de ataque (SSN) 6 Maturação de tecnologias e expansão lenta.
Submarinos diesel/propulsão AIP (SS/SSP) 44 Substituição 1:1 Substituição de unidades antigas por modelos mais avançados.
Porta-Aviões Liaoning (STOBAR) Operacional Continuação das operações Baseado em design soviético, em operação no Pacífico Ocidental.
Shandong (STOBAR) Operacional Continuação das operações Operações similares ao Liaoning.
Fujian (CATOBAR) Em fase final Operacional em 2024 Com catapultas, maior alcance e capacidade de transporte de aeronaves.
Capacidades Aéreas Shenyang J-15 (baseado no Su-33) Operacional Variante CATOBAR em testes.
J-15D (versão de ataque eletrônico) Em desenvolvimento Equipado com pods de inteligência e antenas conformais.
J-31 (5ª geração) Em desenvolvimento Variante embarcada em porta-aviões.
Navios Anfíbios e Logística Yushen-class (big-deck): grandes plataformas anfíbias Desenvolvimento acelerado Expansão da capacidade anfíbia Apoio a operações complexas como um possível cenário em Taiwan.
Navios civis adaptados (Ro-Ro) Uso flexível Expansão na integração militar-civil Reduz a necessidade de mais navios anfíbios militares.
Projeção Global Bases militares Djibouti (operacional) Expansão para Oriente Médio, África e Pacífico Estabelecimento de infraestrutura para projeção de poder global.
Mísseis e Defesa Mísseis balísticos de médio alcance (IRBM) 1.000+ Avanço em tecnologias de penetração de defesa.
Arsenal nuclear 500 1.000 (até 2030) Aumento para rivalizar com EUA e Rússia.

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