Por Sistemas de Armas
No conflito recente entre a Ucrânia e a Rússia ocorreu o uso disseminado de drones em uma guerra convencional. Os vídeos na internet mostram várias situações onde os drones mostraram suas capacidades e novas possibilidades de uso em combate. O uso variou desde pequenos drones comerciais até drones maiores e mais capazes como os drones de ataque Bayraktar TB.2.
O objetivo dos drones é adicionar novas capacidades e não necessariamente substituir os meios existentes. Podem realizar com vantagem o que já é rotina. O drone pode até potencializar as capacidades dos recursos já existentes ou ser um multiplicador de força. O termo drone é mais um apelido de origem francesa e será usado aqui. Era o termo mais usado na década de 1960. O termo técnico seria Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) ou RPV em inglês. Oficialmente é chamado no Brasil de VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) que vem de UAV (Unmanned Aerial Vehicle). O termo SARP (Sistema ARP) também é usado considerando que atua como um sistema com vários drones, estação de controle e sistemas de comunicação.
O objetivo deste artigo é examinar como poderia ser a introdução em larga escala de drones no Exército Brasileiro (EB), mas os dados seriam os mesmos em relação ao Corpo de Fuzileiros Navais e os Batalhões de Infantaria da Aeronáutica.
CATEGORIA DOS DRONES
Existem vários parâmetros para classificar os drones segundo o peso, alcance, autonomia, altitude de operação, missão, capacidade de carga, sistema de controle (linha de visada ou além da linha de visada) e escalão do elemento de emprego como escalão superior (drones maiores) ou escalão inferior (Batalhão). Até a infraestrutura de apoio tem que ser considerada. O sistema de classificação é necessário para organizar a compra de equipamento. Os drones Categoria 0 possuem autonomia inferior a uma hora e são usados para reconhecimentos específicos, principalmente visando a segurança da tropa que o emprega (Pelotão ou Companhia). Geralmente realizam observação de contra encostas, perímetros de pontos em que a tropa fique vulnerável a emboscadas e de vias de acesso, zona de ação logo após a linha de partida imediatamente antes do ataque ou com voos esporádicos além da linha de frente durante uma defesa de área.
Os drones Categoria 1 possuem autonomia entre uma e duas horas e possuem utilização semelhante aos Categoria 0, porém são utilizados no nível de Batalhão e possuem um raio de ação estendido. Podem ser utilizados para acompanhamento de ações específicas de frações da unidade (reconhecimentos por exemplo), possibilitando que o observador possa orientar o comandante da fração sobre a situação imediata de ameaças e pontos de interesse para o reconhecimento. Os drones de categoria 0 pesam menos de 2kg. Os de categoria 1 pesam entre 2 e 150kg. São divididos entre microdrones, minidrones (2 a 20kg) e drones pequenos (20 a 150kg). Os drones de categoria 2 pesam entre 150 a 600kg. Os drones de categoria 0 e os minidrones são operados por um ou dois soldados e podem ser levados em uma mochila.
O tamanho do drone usado em cada escalão está relacionado com o tamanho da área de operação a ser coberta. Cada escalão tem suas necessidades de observação ou zonas de combate. Uma Divisão cobre uma frente de cerca de 25 km e uma profundidade de 70 km. A profundidade da área de operação de uma Divisão exige a operação de um drone de Categoria 2 com alcance de cerca de 70km e autonomia de 15 horas. Um exemplo é o Skylark 3 da Elbit com autonomia de até 15 horas (versão com propulsão híbrida). Um Batalhão cobre uma fração desta distância que pode ser coberto pelos drones da Categoria 1 com alcance de 8 a 10 km. Unidades especializadas em drones maiores como os que operam o Nauru 1000 (Categoria 2) apoiariam a Artilharia Divisional.
A frente e a profundidade variam no caso de operações ofensivas e defensivas. Uma Brigada em uma operação ofensiva cobre uma frente de cerca de 6km e uma profundidade de até 15km. O objetivo imediato pode estar a 5km e o intermediário a até 15km com opção de objetivos adicionais a até 30km dependendo do sucesso das operações. Um Batalhão defende uma área de 3 a 5km com profundidade de até 3km enquanto na ofensiva chega a cobrir uma frente de cerca de 1-2 km, ou até menos, para conseguir superioridade local. Também devem ser considerados os dados de marchas, áreas de montagem da unidade, posicionamento de bases da artilharia e logística e postos de comando. Um Batalhão logístico apoiando uma Brigada posiciona os depósitos de munição a cerca de 20-40km durante um avanço e 35-50km na defensiva. Estes dados são usados para planejar as missões de reconhecimento dos drones.
O comandante de um Grupo de Combate ou Pelotão está preocupado com o que tem do outro lado de uma montanha, de uma esquina ou muro. Um comandante de Companhia quer ver além da área de operação dos Pelotões. Já o comandante do Batalhão quer realizar reconhecimento e vigilância ao redor de suas Companhias. Os alvos tem que estar dentro do alcance dos Morteiros de 81mm que chega a 3 a 4 km (se disparados próximos da linha de frente) ou até a bateria de artilharia fazendo apoio direto (cerca de 12km). Os drones da Categoria 0 e 1 apoiariam os Batalhões e Pelotões.
Na defensiva, uma Companhia cobre uma frente de 1,5km e 1,0 km em profundidade. Um Pelotão cobre uma frente de 400 por 300 metros de profundidade. Um grupo de combate cobre uma frente de 100 metros. Na ofensiva, um grupo de combate cobre uma frente de 50 metros.
PELOTÃO DE DRONES
A introdução dos drones no Exército Brasileiro (EB) tem que considerar vários aspectos e variáveis como a categoria do drone, o escalão de emprego (Pelotão, Batalhão, Brigada, etc), a Arma-Base que emprega o drone (Infantaria, Cavalaria, Artilharia, etc), o modo de emprego (ofensivo ou defensivo), a missão (reconhecimento ou ataque), o espectro de conflito (baixa a alta intensidade), o ambiente operacional (selva, montanha, urbano, etc), e a duração do conflito (incursão de curta duração a operações de larga escala e longa duração). Uma comparação entre os vários modelos de drones é apenas um pequeno aspecto da questão.
No US Army e USMC, os drones foram introduzidos primeiro no escalão de Divisão e Brigada com os drones maiores (Categoria 2 ou 3) como os drones Hunter, Shadow e Gray Eagle. Com a miniaturização dos sensores e sistemas, os drones menores passaram a equipar primeiro os Batalhões e Companhias e depois foram passados para os Pelotões e Grupos de Combate com a introdução dos mini-drones. Como exemplo temos os drones Puma, Raven e agora os quadricópteros.
Em 2018, os Pelotões do USMC passaram a ter capacidade de reconhecimento aéreo orgânico ao serem equipados com os mini-drones InstantEye. Cada Batalhão recebeu 54 drones InstantEye com cada Grupo de Combate sendo equipado com dois mini-drones e um operador de drone. São 648 grupos de combate previstos para receberem drones. Os Grupos de Combate terão uma nova configuração com uma das três equipes de tiro equipada com um operador de drone. Os Batalhões do USMC tem um Pelotão de Reconhecimento equipado com drones, chamado de unidade de reconhecimento e vigilância, que operam com três drones Puma e três drones Ravens desde 2004.
Os mini-drones podem realizar ou auxiliar as missões de recon de líderes, ou o reconhecimento que é feito momentos antes de um ataque. Os drones Puma apóiam o esforço principal e o plano de coleta do Batalhão. As Companhias usam os drones Wasp e Raven. O USMC considera que o grupo de combate deve ter prioridade para operar drones pois estão na linha de frente, com um tempo de reação que pode chegar a segundos. Não podem esperar pela ajuda de operadores de drones dos escalões superiores e que decidem quem tem prioridade. Algumas unidades adicionam os drones em todos os Pelotões enquanto outras juntam os drones em um Pelotão de Reconhecimento. A Divisão 101 Aeromóvel incorporou os drones em uma companhia de reconhecimento (Multi-Functional Reconnaissance Company – MFRC) com o objetivo de atacar alvos bem antes do contato com as tropas e coletar informação antes das tropas se moverem até o objetivo.
As operações no Afeganistão e Iraque eram mais defensivas com muitas bases avançadas manejadas por Pelotão ou Companhia. As tropas estavam operando drones a partir de uma base fixa e drones patrulhando a região ao redor ou dando cobertura para as patrulhas. O cenário também era de baixa intensidade contra um inimigo menos capaz. O conflito era de longa duração e já durava vários anos.
Nos treinamentos de operações ofensivas em cenário de média a alta intensidade, a operação dos drones começaram a ter alguns problemas. O operador de drone tinha que acompanhar o comandante de Pelotão ou Companhia que se movia próximo ou junto com as tropas. O comandante tinha que parar frequentemente para ver as imagens do drone. O drone Raven precisa de um local adequado para lançamento e recuperação e que geralmente não era o local adequado para um posto de comando tático. A solução sugerida foi colocar o operador centralizado no posto de comando do Batalhão e enviando informações ou imagens de vídeo em tempo real para os comandantes das Companhias e Pelotão na linha de frente. Para operar os drones foi sugerido equipar cada Batalhão do USMC com um Pelotão de Drones.
As tropas ucranianas que treinaram nos países da OTAN foram ensinadas a posicionar o comandante da Companhia junto com as tropa na linha de frente ou na trincheira. Funciona bem contra inimigos mal equipados como nos conflitos no Iraque e Afeganistão. Os ucranianos perceberam que era melhor operar os drones na retaguarda com a tropa apoiado por um drone para ter os olhos no céu com apoio do drone e comunicando com os pelotões ou comandantes de grupo de combate na linha de frente.
Posicionado na trincheira, o Capitão é apenas outro link na cadeia de comando enquanto do lado do operador do drone consegue tomar decisões e no céu percebe o que está acontecendo tendo uma boa consciência da situação. Pode tomar decisões calmamente olhando o campo de batalha ao invés de ouvir informações do rádio e montar um quadro mental. No EB, o Pelotão de Drone teria até quatro seções de drones sendo uma seção de mini-drones (Categoria 0) que seriam operados junto com os Pelotões e grupos de combate como ocorre com o USMC. Os mini-drones (quadricópteros) seriam os primeiros a serem considerados para uso disseminado. Podem ser os quadricópteros de uso comerciais por serem baratos como os modelos já adquiridos pelo EB. Seriam usados inicialmente para treinamento e desenvolver táticas.
Um drone maior com maior autonomia (Categoria 1 como o FT 100 do EB), seria usado para reconhecimento sendo equivalente ao drone Puma do US Army. São necessários pelo menos três drones para manter cobertura contínua por 24 horas ou seis drones para manter dois drones no ar continuamente. Os drones de Categoria 0 não podem manter cobertura contínua e são mais usados em situações pontuais para reconhecimento.
Outra seção poderia ser equipada com quadricópteros maiores com capacidade de levar cargas ou sensores de melhor resolução. Realizariam missões de bombardeiro pesado. A autonomia também é maior que os mini-drones. Todos os drones podem ser adaptados para realizar bombardeiro sendo necessário a capacidade de ataque de curto e longo alcance, com cargas leves contra tropas e cargas pesadas contra alvos bem protegidos (blindados e casamatas). Uma quarta seção pode ser equipada com drones letais como os drones FPV ou drones letais como o Switchblade 300 e Switchblade 600. Poderia ser a primeira capacidade anti-carro com armas guiadas enquanto o Batalhão não recebe mísseis anti-carros. Os drones letais geralmente atuam em equipes “hunter-killer” com outro drone fazendo a busca de alvos.
O Pelotão de Drones pode fazer parte da Companhia de Comando e Apoio (CCAp) dos Batalhões com os drones sendo distribuídos, conforme a situação, nos escalões de Companhia e Pelotão. Todo Batalhão tem frações responsáveis pelas missões de reconhecimento, inteligência, apoio de fogo indireto e anti-carro. O CCA inclui um Pelotão de Comando e um Pelotão de Apoio equipada com morteiros, armas anti-carro e metralhadora média/pesada. Também pode ser reforçado por outras unidades de logística, antiaérea, engenharia, comunicações, reconhecimento e até uma seção de Sniper. Todos podem se beneficiar e estar integrados com o uso dos drones.
Outra forma de implementar uma unidade de drones nos Batalhões sem adicionar pessoal extra seria mudar a missão de um dos Pelotões em uma das Companhias a exemplo dos PELOPES que tinham como função principal o reconhecimento. As sessões dos Pelotões e Companhias de apoio também podem ter peças de morteiro e Carl Gustaf substituídos por drones bombardeiros e FPV. Como mostrado acima, as operações de drones dependem de algumas questões inter-relacionadas como a missão (reconhecimento), em qual escalão estão operando (Batalhão), qual o cenário (baixa ou alta intensidade) e qual categoria de drone (Categoria 0, 1, 2 etc). Uma consequência é ter uma unidade com pessoal especializado para operar o drone, seja nos escalões inferiores (Batalhão) ou nos escalões superiores (Brigada e Divisão) que usam os drones maiores.
COMANDO DE DRONES
A inclusão de um Pelotão de Drones nos Batalhões é uma abordagem de implantação de drones nas unidades do Exército Brasileiro. O ideal seria implantar um Pelotão de Drones em cada Batalhão, mas nem sempre será possível ou necessário, principalmente por questões econômicas.
A outra abordagem seria criar uma Companhia ou Batalhão de Drones Leves inicialmente para disponibilizar os Pelotões de Drones para as unidades que não tem Pelotão de drones orgânico ou atuar como reforço. Uma Companhia/Batalhão de Drones sempre será necessária para a introdução dos drones e para cuidar de questões como logística, manutenção e treinamento de operadores. Pode ser usada até mesmo para desenvolver doutrina, táticas, Procedimento Operacional Padrão (POP) e as Normas Gerais de Ação (NGA).
Um Batalhão ou Brigada é uma tropa operativa que sai como um todo para realizar uma missão. Um Comando, como o Comando de Operações Especiais ou o Comando de Aviação do Exército, disponibilizam pequenos destacamentos para realizar uma missão específica. Um Comando de Drones seria a organização que disponibilizaria drones leves e drones pesados para apoiar outras unidades que não operam drones. Os Batalhões de Drones Leves e Pesados poderiam fazer parte do Comando de Aviação do Exército também poderia apoiar ao invés de criar um Comando de Operações de Drones (ou SARP ou VANT).
Considerando um Pelotão de Drones por Batalhão, uma Brigada necessita de uma Companhia de Drones com pelo menos três Pelotões de drones enquanto uma Divisão precisaria de um Batalhão de Drones (três Companhias de Drones). As sete Divisões do EB necessitariam de sete Batalhões de Drones Leves.
O Comando evoluiria de um destacamento para um Pelotão, depois para uma Companhia até chegar no escalão de Batalhão de Drones. Esta abordagem centralizada serve para indicar a quantidade de pessoal e material necessário para implantar os drones de forma disseminada no EB. O EB tem 27 Brigadas e cerca de 80 Batalhões de vários tipos. Seriam necessários cerca de 80 Pelotões de drones para equipar todos os Batalhões (sem contar as unidades de artilharia, engenharia, logística etc).
O pessoal necessário para operar os drones pode ser aumento do pessoal ou mudança na função de Pelotões (a exemplo dos PELOPES), uma das Companhias dos Batalhões ou de Batalhões inteiros. O resultado final vai ser sempre o aumento do poder de combate da força.
Um Comando de Drones deve ter unidades especializada em drones simples para conflitos de baixa intensidade e outros mais sofisticados para conflitos de alta intensidade. Cada conflito ou operação vai indicar a composição de um Pelotão de Drone. Conflitos de média a alta intensidade como na Ucrânia tem muita ameaça de blindados e os drones letais e drones bombardeiros seriam muito usados. A crise entre a Venezuela e o Suriname é um bom exemplo com as unidades de drones sendo enviadas para apoiar as unidades locais com drones para cenários de guerra convencional. O EB enviou uma Companhia de mísseis anticarro para o local com função semelhante aos drones letais.
Em um conflito de baixa intensidade é esperado que sejam realizadas muitas missões de reconhecimento e relativamente poucas missões de ataque/bombardeiro. Forças de retaguarda fariam muita segurança de base ou comboios como no caso das unidades de logística e Polícia Militar. Uma abordagem é formar Companhias de Drones de reconhecimento da Categoria 1 e de drones letais de maior capacidade.
Também poderá ser comum a formação de unidades incompletas inicialmente. Um Pelotão pode ter previsão de quatro equipes/seções de drones, cada um operando um tipo de drone, mas que podem operar, pelo menos inicialmente, com apenas uma equipe e um tipo de drone (mini quadricóptero por exemplo). Outra situação é ter a dotação completa de pessoal para operar com três sistema de drones, mas recebe apenas um sistema que será usado para treinar as três equipes.
O objetivo inicial da introdução de equipes incompletas é focar no treinamento e familiarização. As tropas e comandantes devem ter orientações sobre as capacidades dos drones, operação básica, meteorologia, manutenção e procedimentos de segurança. Substituir os drones perdidos é muito mais fácil do que treinar pessoal e substituir operadores experientes.
Os esquadrões de aviação tem que manter um nível mínimo de prontidão para voar em segurança e com os drones pode não ser diferente. O padrão seria ter uma seção fica em prontidão, outra descansando após sair de prontidão e outra se preparando para entrar em prontidão. O processo é acelerado em caso de necessidade. O padrão pode ser seguido nas Companhias de Drones de um Comando de Drones. Esse padrão só exige equipamento completo para parte da tropa.
As forças de emprego estratégico seriam as unidades com prioridade para serem equipadas com um Pelotão de Drone. O Destacamento de Precursores da Brigada pára-quedistas tem unidade dedicada pois os membros tem que ser pára-quedistas e precursores, mas poderiam receber treinamento em uma Companhia ou Batalhão de drones. O EB tem seis unidades de emprego estratégico: a Brigada Páraquedista, 12ª Aeromóvel, 15ª Mecanizada, 23ª de infantaria de Selva e as 4ª Mecanizada e 5ª Blindada de Cavalaria. São as unidades com prioridade para serem equipadas com as Companhias ou Pelotão de Drones.
Os russos tem uma Companhia de drones para cada Brigada que opera drones de vários tamanhos. Em 2014 já havia 14 Companhias de drones em operação. Inicialmente consideravam usar os drones nas Companhias de Reconhecimento da Brigada ou nas Companhias de Reconhecimento da artilharia orgânica da Brigada. A decisão final foi criar uma Companhia única para operar os drones com cada Pelotão dividido por tipo de drone.
A Força de Sistemas Não Tripulados foi criada na Ucrânia no início de 2024 operando com unidades especializadas em drones e sistemas robóticos, formação de operadores, sistematiza o seu uso e aumentar a produção e inovação tecnológica destas armas. A Força de Sistemas Não Tripulados treina operadores e mostra os comandantes em como usar. Pode fornecer unidades de vários tamanhos para apoiar operações sendo a com maior tamanho do escalão de batalhão e capacidade de reparar drones.
A Ucrânia quer treinar 10 mil operadores de drones, cerca de mil operadores de drones por mês, em um exército de 800 mil. Um problema que os ucranianos tem com os seus drones é a falta de operadores de drones e a dificuldade de treinar em grande quantidade sendo o grande limitador na expansão da força de drones. Um operador de drone precisa de cerca de 100 horas de treino teórico e 100 horas de prática. Querem ter pelo menos um operador de drones por Pelotão.
Em uma força de pouco mais de 200 mil homens no Exército Brasileiro, a proporção semelhante a ucraniana seria de cerca de 2,5 mil operadores de drones. Com metade operando em 27 Brigadas seriam cerca de 50 operadores por Brigada ou o equivalente a uma Companhia de Drones sem considerar as tropas auxiliares.
Os ucranianos planejam fabricar 1 milhão de drones por ano. Em uma força com 10 mil operadores de drones seriam 100 drones por operador por ano. São usados cerca de 3 mil por dia em uma frente de batalha de cerca 600 km. São uma média de cinco drones perdidos por km por dia. Os drones tem vida útil e podem realizar várias saídas como no caso dos drones de reconhecimento e bombardeiro enquanto os drones letais ou kamikazes são considerados descartáveis. Os requisito do EB seria cerca de quatro vezes menos em uma força de 200 mil homens.
A referência de 100 drones por operador por ano é de guerra convencional, mas em tempo de paz só precisa de um sistema com uma estação de comando e alguns drones para treinar várias equipes de de operadores. Pode ser um sistema mais simples e barato, mas também podem ser vários sistemas de vários tamanhos e capacidades. Devem cobrir as missões de reconhecimento diurno e noturno, bombardeiro e até FPV de ataque.
A Brigada Striker do US Army tem um Batalhão de Reconhecimento que inclui uma Companhia de Vigilância com um Pelotão de drones equipado com quadro drones Gray Hawk e o Shadow com capacidade de reconhecimento e ataque. O efetivo é de 20 homens. O Pelotão de Drones evoluiu para uma Companhia de Drones. Fazem parte do Escalão de Divisão, mas são controladas pelas Brigadas. No Exército Britânico, a introdução dos drones foi com a conversão de um Regimento de Artilharia para operar drones Categoria 2 (atual Watchkeeper) e depois outro Regimento para operar com drones leves do tipo Desert Hawk que estão sendo substituídos por quadricópteros e drones VXE30 da Categoria 1.
O Exército da França usa um Pelotão equipado com drones DRAC (Drone de Reconnaissance au Contact) da Categoria 1 nos seus regimentos de artilharia. O DRAC tem raio de ação de 10km e autonomia de 90km e estão sendo substituídos por 35 sistemas Thales SpyRanger SMDR (systèmes de mini-drones de reconnaissance) com requisito de alcance de 30km e autonomia de 2 horas e meia. Cada sistema custou cerca de 3 milhões de Euros. As unidades de Engenharia usam drones de Categoria 0 para abertura de itinerários e a identificação de artefatos explosivos improvisados. Em 2008 estavam em operação 62 sistemas de três aeronaves.
O 61º Regimento de Artilharia (RA) é o responsável por operar os drones do Exército Francês, integrando a Inteligência, os drones e os Fogos. Além de possuir a capacidade de desdobrar um Grupo de Inteligência Multissensores. O 61º RA é composto por 4 Baterias (Bia) de drones, contando com drones Táticos (SDT) e drones (Mini Drone) de Inteligência (SMDR); 1 Bia de Processamento e Divulgação de Inteligência; 1 Bia de Manutenção; 1 Bia de Comando e Logística; 1 Bia Reserva; 1 Centro de Treinamento de SARP do Exército (CFD); e 1 Grupo de Operações de Imagem. O Exército de Israel disponibiliza um sistema drone para todo comandante de Companhia. O imageamento é superposto em um mapa e a informação é disseminada para os usuários que solicitarem os dados. Os comandantes das frações recebem treinamento adicional para aproveitar melhor a capacidades e possibilidades dos drones. Os comandantes sabem o que eles podem exigir de um operador de drone da sua fração e quais os tipos de inteligência que os sensores embarcados nos drones podem fornecer.
No EB, o drone de apoio dos escalões de Divisão também podem equipar as Baterias de Aquisição de Alvo de um Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) que apoia a Divisão como já é feito com os novos drones Matrice (Categoria 1). Outra unidade poderia ser o Regimento de Cavalaria Mecanizada que tem como missão principal o reconhecimento. Um Regimento cobre uma frente de 16 a 36km e faz reconhecimento de eixo de até 9km. A AVEX está recebendo novos drones e seria uma opção para operar drones maiores ou para cobrir todas as unidades do país inicialmente com um Batalhão de drones fornecer suas Companhias e Pelotões para apoiar as Divisões. O Batalhão de Inteligência Militar é outra unidade que pode operar drones em uma de suas Companhias como drones com funções especiais como Inteligência Eletrônica ou de imagem radar.
COMPANHIA DE DRONES DE ATAQUE
A operação de drones na Ucrânia iniciou de forma amadora com as tropas comprando drones chineses por conta própria logo após a invasão até que os escalões superiores reagiram. Depois atuavam como um Pelotão de Reconhecimento com drones Mavic e reportava aos superiores. Depois contatavam diretamente as equipes de morteiros e corrigiam os fogos. Os operadores de drones ucranianos atuavam inicialmente sozinhos. Passaram a ter uma pequena equipe de segurança e apoio. Depois passaram a atuar em equipes como equipes caçador-matador. Depois se juntaram em unidades maiores como Pelotões e depois como Companhias de Drones. Algumas Companhias de Drones de Ataque aumentaram tanto de tamanho que passaram para Batalhão de Sistemas Não Tripulados (incompleto).
No fim de 2023 já existiam unidades de drones de ataque. Eram apenas pequenos grupos e queriam formar pelo menos um Pelotão. Idealmente seria o tamanho de uma Companhia com cerca de 100 tropas. Os oficiais mais antigos não acreditavam na idéia. Tiveram ajuda externa como o uso de antenas e podia ser até na forma de tutoriais em vídeos. Levou cerca de seis semanas para iniciarem o uso em combate dos pilotos treinados em drones FPV. A Ucrânia opera cerca de 60 Companhias de Drones de Ataque ou uma por Brigada. Nem todo Batalhão da Brigada tem uma unidade de drone (Pelotão ou Destacamento) além de ainda poder receber apoio da unidade de drones da Brigada. A Companhia de Drones de Ataque só apoia um Batalhão de cada vez e outros Batalhões podem ficar sem apoio de drones. Os Comandantes de Companhia dos Batalhões tem drones que observam apenas a própria infantaria, mas com missão principal de apoiar as decisões.
As Companhias de Drones de Ataque são mais usados como força de reação rápida apoiando posições defensivas sendo atacadas pelos russos. Ficam na retaguarda próximo da frente de batalha e dentro do alcance para poder reagir rapidamente. Realizam missões que tipicamente seria do apoio aéreo aproximado de aeronaves ou helicópteros de ataque. Podem apoiar um Batalhão em uma operação ofensiva dando grande capacidade de ataque, mas os ucranianos raramente realizam grandes operações ofensivas. As missões das Companhias de Drones de Ataque são geralmente de bombardeiro, plantar minas ou apoiar tropas de assalto contra posições russas. Atuar como morteiro voador é o melhor uso tendo maior alcance e maior precisão comparado com os morteiros. Os drones podem atuar como força de reação rápida contra os assaltos russos ou apoiar as tropas de assaltos ucranianas, mas operar de dia tem maior risco de perdas.
O melhor resultado dos drones foi afastar os equipamento para longe da linha de frente a mais de 10 km para blindados a não ser a noite. Os Postos de Comando russos ficavam próximos da frente de batalha pois os oficiais não confiavam nos subordinados. Os Postos de Comando viraram alvo prioritário dos drones e logo se afastaram resultando na diminuição da eficiência das tropas na linha de frente. Depois passaram a atacar grupos de tropas e até soldados como fazem os snipers. Os comandantes ucranianos são treinados em como usar os drones. Uma Brigada usa os drones para apoiar assaltos contra posições inimigas. Cerca de 50 drones voam e destroem tudo na trincheira. Os ucranianos documentaram 290 drones lançados contra um Batalhão russo na linha de frente em apenas um dia em junho de 2024. Um batalhão apoiado por drones mostrou ser bem mais efetivo e letal comparado com um sem drone. O operador de drone virou uma especialidade como a infantaria, artilharia ou engenharia.
Uma unidade de drones ucraniana, a Aerorozvidka, realizava cerca de 300 missões por dia. Se movimentam mais a noite por segurança, além de mudarem o local de lançamento frequentemente assim como o horário e a frequência dos sinais de rádio. O reconhecimento era feito de dia com drones das unidades locais que determinavam as coordenadas dos alvos. Usavam veículos 4×4 para se esconder na mata e usavam drones R18 equipados com câmeras termais capazes de lançar bombas de até 5kg. O R18 tem autonomia de 40 minutos, raio de 4km e custa US$ 20 mil com câmera térmica (metade do custo de um míssil NLAW).
Os ucranianos planejam fabricar 1 milhão de drones FPV por ano. Para equipar as Companhias de Drones de Ataque daria um consumo médio de 42 drones por dia por Companhia (1.200 por mês). Ainda falta os drones dos Batalhões e se todos os Batalhões tivessem um Pelotão de drones poderiam consumir metade dos drones. Como apenas uma parte da força está na linha de frente, a média de consumo diário pode ser bem maior. Já uma unidade cita que 100 drones FPV são suficientes para 10 dias de operações.
Um comandante de Batalhão de drones cita um custo de US$ 6-7 milhões por mês (ou metade com dotação média), mas calcula que já destruiu US$ 100 milhões de equipamentos russos em um mês (consideram preço de material novo). Calculam que um operador de drone a 2 km da linha de frente faz o trabalho de uma Companhia de reconhecimento. A Companhia de Drones de Ataque Magyar era um batalhão de infantaria. O comandante comprou um drone para observar ao redor e depois converteu para unidade de drone. No inicio realizavam 50 saídas por dia. Em junho de 2023 bateram o recorde de 35 blindados destruídos em 4 dias. Calculam que já destruíram cerca de US 1 bilhão em equipamento (pode ser o custo de equipamento novo). Um piloto de drones ucranianos foi condecorado com a medalha de Golden Star por ter eliminado 434 russos mais 346 feridos, 42 carros de combate destruídos e mais outros blindados tais como 44 BMPs, 10 MT-LB, 28 BTR/APCs. Operou entre maio e setembro de 2024.
A configuração ideal das unidades de drones ainda não tem resposta definitiva. O melhor arranjo depende de muitas variáveis como cenários, local de operação, ameaças etc. Pode ser necessário testar todas as opções, desde adicionar operadores de drones nos Grupos de Combate e Pelotões até a criação de uma força de drones independente (Comando de Drones).
A implantação de Companhias de Drones de Ataque no EB sugere que poderiam ser criadas uma Companhia por cada região como no Sul, Sudeste, Nordeste, Norte e Brasília ou em cada uma das 12 Regiões Militares. Algumas Brigadas precisam de uma Companhia de Drones de Ataque dedicada como a Brigada Pára-quedista que precisa de operadores de drones com capacidade de serem lançados de pára-quedista. Poderia ser um Pelotão de Drones adicional em cada Batalhão para formarem a Companhia de Drones ou a conversão de uma Companhia de um dos Batalhões ou os Batalhões das Brigada transferindo tropas para formar uma quarta Companhia especializada em drones em um dos Batalhões.
Seguindo o exemplo da Ucrânia, cada Brigadas poderia ter uma Companhia de Drones que apoiaria diretamente os Batalhões, mesmo que já operem com drones. O Exército Ucraniano possui unidades especializadas em drones, conhecidas como Unidades de Drones Táticos e Companhias de Drones de Ataque que apoia toda a Brigada com a finalidade de fornecer apoio de inteligência, vigilância e reconhecimento no campo de batalha. Estas unidades são integradas às forças terrestres e podem ser atribuídas a diferentes escalões, desde o nível tático até o nível operacional.
Uma Companhia de Drones de Ataque pode operar drones com várias capacidades. Um Pelotão de drones de médio alcance operaria drones FPV maiores apoiados por outros drones com repetidores para atingir distâncias maiores (cerca de 30km), mas podem cobrir alvos de curto alcance onde ficam a maioria dos alvos e com cargas maiores. Inclui missões de reconhecimento, bombardeiro pesado e cargueiro. Um Pelotão de drones de curto alcance operaria drones FPV de curto alcance em missões de reconhecimento, bombardeiro e ataque e cobrem a maioria dos alvos próximos da linha de frente. A probabilidade de sucesso varia com a distância. Geralmente atingem a maioria dos alvos detectados a curta distância, mas varia entre 10 a 30% no caso de alvos a longa distância. Os ucranianos estimam que 70 a 80% das missões dos drones FPV ocorrem a menos de 10 km. Os russos estimam que cerca de 75% dos alvos são atingidos a menos de 5 km.
Um Pelotão de drones de longo alcance, como os Lancet e Orlan russos, podem realizar missões de reconhecimento e ataque. São os drones que poderiam designar alvos para os sistemas Astros do EB. A capacidade lembra o apoio direto para a Brigada e não para os Batalhões e geralmente não estariam incluídos em uma Companhia de Drones de Ataque ou seriam um Pelotão dedicado para apoiar principalmente a Brigada e Divisão.
A Brigada é apoiada por uma bateria com obuseiros de 155mm para bater alvos mais distantes. As Companhias de Drones de Ataque podem fazer o trabalho dos canhões de 155mm e até de peças de maior alcance como o sistemas Astros. O drone passar a ser uma aviação orgânica de baixo custo e não dependem mais de outras unidades. Não precisam pedir apoio para outros escalões e superiores ou pelo menos diminui muito a necessidade.
No caso de várias Companhias de Drones de Ataque se juntando para criar um Batalhão de Drones de Ataque, pode-se pensar em outras capacidades de uma unidade maior como realizar testes, pesquisa, treinamento, logística e até a fabricação de drones. Uma pequena empresa ucraniana consegue fabricar 1.500 drones FPV por mês com apenas 30 funcionários. Seria a dotação de um Pelotão de montagem e manutenção de drones que faria parte do Batalhão de Drones de Ataque. Na Ucrânia, a Força de Drones também é responsável pelo desenvolvimento e melhoria dos drones.
COMPANHIAS DE DRONES DE ATAQUE EM AÇÃO
As Companhias de Drones de Ataque atuam em equipes menores compostas por um piloto, um navegador/co-piloto (comandante da equipe), um especialista em explosivos e um engenheiro. Pode ser menos ou mais, ou até mais de uma equipe operando juntas dependendo do cenário. As equipes misturam pilotos novatos operando junto com um mais experiente para treinar. No inicio apenas acompanham outras equipes por cerca de um mês como observadores antes de operarem sozinhos. Um piloto precisa de muito treino para ter boa pontaria, mas podem treinar longe da linha de frente com bombas de treinamento.
O especialista em explosivos prepara e instala as munições enquanto o engenheiro de voo faz a montagem, manutenção e preparação dos drones. O drone é conectado a um laptop para ser configurado, por exemplo, qual botão do controle vai ser usado para o lançamento de bombas. Deve saber soldar peças pois podem quebrar durante o transporte. Depois é realizado um voo de teste com o drone (voo beta). Os membros fazem treinamento cruzado para que todos possam ser capazes de realizar as tarefas básicas como pilotar, armar e preparar os drones. Em operações de longa duração podem revezar no descasando. Todos são treinados em bombardeio para reagir a um assalto russo. Todos treinam reconhecimento de armas e veículos.
No início eram equipes pequenas que ficavam pouco tempo na frente de batalha. Operavam durante o dia ou durante a noite e voltavam para a base depois da missão. Podia ser uma dupla de operadores de drones que atuavam como observadores avançado de artilharia. Levavam apenas o que podiam carregar e podiam receber suprimento de emergência por veículos como baterias, drones reserva e munição para os drones. A equipe leva três drones e se perder um já chama o substituto. Se perde o segundo já está operando apenas com um. Tinham que estar preparados para se defender e inclui munição anti-carro como o AT-4. A primeira tarefa é sempre instalar a antena Starlink para se conectar com a base e enviar as imagens dos drones.
A operação das equipes evoluiu para se posicionarem mais na retaguarda em abrigos preparados. Com o tempo os abrigos ficam bem organizados com as paredes e tetos cobertos com plástico. Não deixam lixo no local para não denunciar atividade. Usam sacolas de lixo preto e até enterram se necessário. No caso de uma base em uma casa ou porão, tentam colocar a energia do gerador na rede para usarem todas as tomadas.
As equipes recebem a missão pela manhã e se preparam para irem até a frente de batalha de madrugada. Preparam os drones, munição e os equipamentos necessários. Tem os itens de rotação e os itens deixados na base para outras equipes. Em caso de fuga de emergência tenta que levar tudo.
A equipe de drone chegando ou saindo da linha de frente é a parte mais perigosa da missão. Entram e saem de posição a noite por ser mais seguro. A equipe é levada até o local em um veículo 4×4, caminhão ou por um blindado. Levam muito material para operar os drones em containers, além de combustível para o gerador, estação de energia ECO-FLOW, laptops, telas de vídeo, água, suprimentos, mochilas, colchões e armas. Ficam alguns dias na linha de frente e depois alternam com outras equipes e de local de operação. Geralmente são 2 a 5 dias de operações contínuas e pode ser estendido. Uma equipe tem como recorde 8 dias contínuos. No último dia desligam e desmontam tudo e preparam para voltar para retaguarda.
O transporte é por veículo 4×4 como uma pickup e a viagem costuma durar entre 1 a 2 horas e mais cerca de 1 hora para entrar em posição. Preferem um veículo por equipe e o ideal seria um blindado como no caso de local com muita ameaça de artilharia. Usam detectores de drones e se escondem se detectam drones próximos. Bloqueadores portáteis podem ser instalados no teto do veículo e até levado para o esconderijo para proteger o local.
A posição de operação tem que ser bem oculta e camuflada. O esconderijo pode ser um abrigo reforçado ou o porão de uma construção. Ficar muito tempo operando em um local e com o drone retornando expõe muito a equipe de drones pois pode ser seguido. Um vídeo mostra uma equipe capturando o vídeo de um drone russo e depois viram que o local onde se escondiam era o alvo. Foram atacados por 6 horas e tiveram que deixar o local.
Preferem uma rede de camuflagem para uma base improvisada, e de preferência uma rede termal pois tem que considerar que o inimigo usa drones com câmeras termal. O gerador é uma boa fonte de calor e deve ser bem bloqueado. Os membros da equipe também precisam de roupa termal para operar fora do esconderijo. Óculos de visão noturna são necessários a noite e até para procurar drones caídos. Uma câmera termal é necessária para varrer ao redor em busca de drones inimigos.
Os membros da equipe trabalham em turnos. Os operadores quase não dormem e estão sempre ocupados em um ritmo de operações intensa. Um drone está sempre no ar e outro pronto para ser lançado. Quem não está voando fica recarregando baterias, preparando drones e munição, vendo outros vídeos de drones ou apoiando lançamento e recuperação. Também tem trabalho externo como camuflar o local e cavar. Os membros da equipe tem sempre que sair do esconderijo para lançar e recuperar drones, além de outras tarefas como conferir as antenas e ligar o gerador. Se são atacados por artilharia tem que conferir os cabos e as antenas. Drones de reconhecimento que caem próximo da base e dentro das linhas amigas, geralmente devido a interferência eletrônica, podem ser recuperados. É uma missão perigosa devido a ameaça de artilharia e drones inimigos. Geralmente tentam ficar o mínimo possível fora do esconderijo.
A equipe fica na retaguarda a cerca de 2 a 5 km da linha de frente em segurança contra o fogo de tiro direto pois viraram alvo de alto valor. A prioridade dos soldados é diminuir o risco e o drone é um meio eficaz. Os operador de drone é igual a um sniper atacando alvos distantes. Atira e muda posição pois sabe que vai ser caçado. Mudam o local de operações todo dia, dependendo da situação e tipos de alvos que esperam destruir. Esperam a noite chegar para mudar de posição ou sair da linha de frente.
A comunicação durante o lançamento e recuperação do drone pode ser feito por voz, rádio ou com as câmeras do drone (liga o drone e faz sinal de positivo na frente da câmera). Na recuperação fazem sinal para se aproximar e pousar. Recolhem o drone com a mão e é difícil a noite sem luz. Usam sinais manuais para desligar na câmera termal. Depois da recuperação do drone podem trocar a bateria e rearmar rapidamente para um novo lançamento. Usam o próprio drone para ver se a posição está bem camuflada. Com muita artilharia caindo ao redor significa que tem drone russo observando movimentos. Então não operam do lado de fora por falta de segurança.
As operações iniciam preparando as antenas e observando vídeos das equipes próximas. As equipes usam duas antenas sendo uma para o canal de vídeo e outra para o canal de controle. As antenas ficam separadas em pelo menos 20 metros. As antenas ficam camufladas em arvores. Usam uma conexão de internet para receber os vídeos e transmitir as imagens dos próprios drones. Os russos sabem disso e tentam encontrar e destruir as antenas GSM.
Os operadores de drones pensam que estão seguros operando distante da linha de frente, mas não é bem assim. Quando operam com drones recuperáveis, tentam pousar longe da posição e esperam que algum drone perseguindo vá embora. Se não tem drone seguindo recuperam o drone logo após pousar. Na volta do drone para a base, os operadores usam sensores de detecção de drones para saber se está sendo seguido. O detector indica a presença de frequência adicional além do próprio drone voltando. Os drones precisam ser equipados com câmera termal para varrer ao redor e tentar detectar drones seguindo. A equipe de drone é valiosa e os russos usam até bombas planadoras disparadas pelos caças Su-34 para atacar o local.
As missões das equipes são reconhecimento para detectar tropas, patrulha na linha de frente, ajuste de artilharia, bombardeiro e ataque direto e busca de drones inimigos (rastrear operadores de drones).
Os drones fazem até 95% do reconhecimento visual e inteligência na frente de batalha para detectar mudanças e dar alerta antecipado. Tentam determinar as posições inimigas, movimentos de tropas e veículos e posições de armazenamento de suprimentos. Pilotar o drone é a parte fácil enquanto o mais difícil é fazer observação corretamente, voar no local correto ou ficar cobrindo uma área.
Os chefe de equipes de drones que atuavam antes em tropas de reconhecimento a pé perceberam como era desnecessário sendo mais fácil e sem risco com os drone. Iniciou operando com drones Phantom 4 e percebeu que não precisa de reconhecimento a pé nem, cruzar rios ou arriscar vidas. Os ex membros de tropas de assalto que passaram a operar drones também perceberam como é mais fácil e menos arriscado.
Para reconhecimento usam muito os drones Mavic. A autonomia é de cerca de 15 minutos, mas instalando uma bateria extra improvisada aumenta para 30 minutos. A vida útil é de 10 a 20 missões e depende da experiência do operador. O Mavic custa cerca de US$ 2 mil e acham barato comparado com um projétil de artilharia calibre 155mm que custa US$ 3 mil e um foguete guiado do HIMARS custa US$ 150 mil. Já um drone Mavic com câmera termal para operar a noite custa cerca de quatro vezes mais caro (US$ 8 mil). O Mavic ainda é bem mais barato que desenvolver um drone novo e as outras opções são bem mais caras e não tão bons. Uma unidade chega a perder 10 drones de reconhecimento em um dia. A experiência ensina a detectar áreas com bloqueio eletrônico e conseguem desviar. Evitam até voar no mesmo lugar várias vezes.
Quando o drone pousa, os operadores trocam rapidamente a bateria e o cartão de memória e lançam rapidamente para outra missão. As imagens gravadas no cartão de memória tem melhor qualidade que a visualizada na estação de controle, não tem legendas, e é melhor ainda que o vídeo enviado pelo Starlink para os Postos de Comando. As imagens gravadas são revisadas em um laptop para tentar detectar alvos com mais calma e mais detalhes.
Os drones podem cobrir distancias maiores, mas a missão principal é proteger as tropas e por isso cobrem poucos alvos distantes. O objetivo principal é evitar que o inimigo se aproxime das tropas amigas e dar alertas de ataque. Se a frente está calma aumentam a distancia de busca. Os russos tentam infiltrar em pequenos grupos e tem que manter vigilância constante na frente de batalha. Preferem usar os drones Mavic para reconhecimento ou escoltar a infantaria, fazendo segurança na defensiva do Batalhão. Se tem muitos Mavic de sobra podem usar como bombardeiro leve e arriscar perdas. Com os FPV se tornando comum, pararam de usar os Mavic com bombardeiro por ser mais caro.
Com vários drones de reconhecimento cobrindo uma ofensiva, usam vários drones para cobrir vários setores. Uns observam as forças amigas e outros os inimigos enquanto outros tentam vigiar a retaguarda inimiga. Mesmo de longe e com bom tempo é possível detectar veículos e disparos artilharia a longa distância. Um drone Matrice com uma câmera de longo alcance pode detectar alvos a até 20 km voando 500 metros acima do terreno. Os operadores procuram movimentos de tropas e veículos durante o reconhecimento e outras equipes e membros do Posto de Comando seguindo o vídeo ajudam.
Durante os ataques russos, as equipes de drones fazem apoio aéreo com os drones FPV ou bombardeiros além de indicar alvos para a artilharia. A presença e o barulho dos drones já é suficiente para fazer o ataque dispersar e se esconder. Um assalto para ter sucesso tem que concentrar força. Defendendo trincheiras próximas, os drones FPV podem voar bem baixo sem risco de perder o sinal. Em uma situação, três soldados ucranianos em uma trincheira foram atacados por um grupo de 40 tropas russas e foram salvos pelos drones. Os russos pareciam ser muito mais bem treinados e equipados que a média. Atiraram e derrubaram o primeiro drone que apareceu com armas automáticas. Nestas situações gastam quantos drones forem necessários contra um soldado russos. Até os drones bombardeiros pesados que só voam a noite são usados.
As equipes de drones não são preparadas para atuar como força de reação rápida pois demoram a entrar em posição. Nem podem manter as baterias carregadas e armazenadas devido ao risco. Carregam no máximo um dia antes de usar. Levar suprimentos como drones e munição para as equipes já em campo é o reforço possível.
Em local com muita interferência podem fazer cobertura de bem longe com drones com câmeras melhores. Serve para chamar apoio da artilharia. A artilharia geralmente responde mais rápido que os drones FPV, mas tentam economizar munição para manobras mais importantes. Os drones Matrice são os preferidos para ajustar a artilharia média distancia por ter câmera melhor. Os operadores de drones são treinados em usar terminologia de artilharia. Os vídeos dos drones podem ser visualizados diretamente pela peça ou bateria. Antes eram quatro conexões de rádio com os artilheiros (Batalhão, Brigada, Grupo de Artilharia e Bateria). A artilharia usa sistemas C2 para atacar alvos rapidamente. Antes disparavam a cada 5 minutos e ajustavam 3 vezes o que demorava 15 minutos. Agora disparam a cada 2 minutos e o ajuste demora 6 minutos. Antes dos drones, os Observadores Avançados só viam alguns km a frente, mas agora podem ficar na retaguarda e cobrir alvos a 20 km, mas fazer correção a 15km de distância é difícil corrigir tiro longo ou curto.
As equipes tem uma lista de coordenadas (TRP – Target Reference Points), como BL 11 por exemplo, para chamar a artilharia no local ou enviar drones bombardeiros ou FPV de ataque. As imagens dos vídeos facilita a atuação de várias equipes separadas sendo uma fazendo reconhecimento e outra apoiando com drone de ataque ou bombardeiro. Cada parte da linha de frente tem uma frequência que funciona melhor e tem que programar os receptores e transmissores dos drones para a frequência local. As equipes tem que coordenar as frequências com outras equipes.
Quando um drone de reconhecimento detecta um alvo o posto de comando envia uma ordem para uma equipe para atacar com o tipo de drone e munição e enviam a posição do alvo. Preparam um drone o mais rápido possível se já não tem um pronto. As vezes já está até pronto para lançar e coberto com camuflagem. Tem dia que não tem alvo nenhum ou só alvo ruim como desabilitar veiculo já danificado para evitar que seja reboado e recuperado ou usado como peça de reposição para outros. veiculo danificado pode ser rebocado e recuperado. Tentam destruir todos e pode ser necessários várias missões.
Os drones FPV são operados por uma dupla formada por um piloto e um navegador. O navegador tem uma tela repetindo o vídeo do piloto e indicava dados como pontos de virada de navegação, velocidade, altitude, situação da bateria, tempo até o alvo, situação da espoleta, observa o vídeo do drone de reconhecimento no alvo e acompanha dos dados do sistema de comando e controle Delta. A câmera do drone não tem zoom para ter uma visão mais ampla e o piloto pode voar mais alto para ter uma visão melhor para se localizar no terreno. Sem apoio do GPS tem que navegar pelo terreno. A meteorologia é sempre considerada pois um vento de 40 km/h pode fazer a bateria acabar muito rápido. Nas missões de reconhecimento e ataque pode tentar se posicionou com o sol pelas costas.
Se não estão voando a equipe observada os vídeos de outros drones e ficam na escuta de rádio esperando ordem. As equipes costumam ser mais ativos a noite do que de dia. As equipe com drones FPV noturnos alternam com outras equipes que só operam de dia. Usam os melhores pilotos pois os drones são mais caros e tentam evitar perdas.
A missão de caça livre é feita nas rotas logísticas com os drones FPV. A caça livre não permite avaliar os danos nos alvos atingidos e é feito no dia seguinte pelos drones de reconhecimento.Veículos e tropas se movimentando são os alvos com maior prioridade e até mais que um blindado já danificado. Os operadores de drones treinam reconhecimento de veículos e armas e inclui determinar o melhor ponto para atingir o alvo. Contra a artilharia tenta atingir o cano para não atirar mais, ou a munição ao para detonar e por último tentam atingir os operadores da peça.
Os drones Mavic vigiam intercessões onde os veículos vão parar e podem até atacar o local com a artilharia usando munição em cacho pois vão desacelerar no local. Se uma rota logística for muito atacada os russos passam a evitar e já dificulta a logística sem fazer nada. A logística russa passou a ser feita por motos, quadriciclos e pequenos veículos fora de estrada (chamam de carro de golfe) e utilitários. Jogam suprimentos como se fossem lixo para camuflar, mas é fácil de perceber com os drones.
Uma tática é atacar um posição russa incessantemente, com cerca de 50 granadas por dia para dissuadir. Qualquer movimento é loco atacado com morteiros de 60 mm. A artilharia e os morteiros atacam frequentemente para não deixaram descansar, dormir ou relaxar. Diminui o moral das tropas no local e se a posição for assaltada ficam menos efetivos. Tentam atrapalhar a logística para não levarem combustível ou baterias para os interferidores na posição. As tropas não conseguem se mover sem receber suprimentos. Um drone filma a posição continuamente e outro vigia ao redor. Se não conseguem atacar o local devido aos interferidores, tentam evitar que suprimentos cheguem para recarregar a bateria. A reação russa é tentar seguir os drones de volta até a base pois sabem onde serão encontrados.
As equipes usam pequenos drones de reconhecimento como o Mavic e Autel, drones FPV para ataque e drones bombardeiros para ataque noturno. O protocolo é trancar no alvo com um drone de reconhecimento e enviar os drones FPV e bombardeiros para atacar.
Algumas equipes recebem um drone bombardeiro equipado com câmera termal para operar a noite. Usam muito os drones Vampire para plantar minas e é considerado efetivo. Usam as minas para isolar uma área do fronte. Um exemplo é detectar um blindado russo levando tropas para um local e depois não voltar para pegar ou ressuprir pois não consegue devido as minas. Depois atacam a posição russa enfraquecia ou os russos fogem.
Os ucranianos iniciaram ataques com drones bombardeiros baseados em drones agrícolas (lançadores de inseticida) quando não havia ameaça de interferidores no inicio do conflito. No inicio o alcance era de 5km. O alcance aumentou para 22-27 km com o drone Vampiro e passaram a caçar alvos de alto valor como defesa aérea e artilharia. Operam sempre a noite pois são muito barulhentos e fáceis de detectar pois não conseguem voar alto quando estão carregados. São mais caros por usar câmeras térmicas e é outro motivo para evitar operar de dia pois preferem recuperar o drone. Os drones R18, Vampire da SkyFall e o Kazhan 620 Bat são classificados como drones bombardeiros pesados. Os russos apelidaram de Baba Yaga, uma bruxa voadora eslava que devora crianças durante a noite, por serem atacados a noite. O uso de hélice silenciosa diminui a assinatura sonora, mas também diminui o desempenho. Tentam se aproximar das posições russas por trás onde não são esperados.
Os drones bombardeiros pesados noturnos só são usados de dia em ultimo caso como proteger tropas amigas sendo atacadas. De dia usam drones menores para reconhecimento e atacam com os drones FPV e drones bombardeiros leves. A noite são apoiados por duplas de drones menores que fazem o reconhecimento, detectam alvos e obstáculos e chamam os drones bombardeiros. Podem atacar alvos de forma totalmente autônoma disparando em coordenadas.
Os drones bombardeiros são mais caros por usarem câmera termal, mas são recuperáveis. O recorde é de cerca de 200 saídas por um único drone. Operando contra alvos distantes tem vida curta, mas destrói equipamento mais caro. A vida média é de 10-11 saídas e atinge 2-3 peças de equipamento. Alguns drones realizam centenas de saídas de minagem por ser uma missão mais segura. Outros são perdidos na primeira saída em profundidade. Algumas unidades experientes perdem poucos drones. Uma Companhia de Drones de Ataque perdeu 64 drones bombardeiros em oito meses de operações.
As missões de bombardeiro de dia são realizadas por drones pequenos equipados com munição leve para atacar tropas enquanto os blindados são atacados por drones FVP equipados com munição anticarro. Os drones Mavic podem ser equipados com duas granadas e atacar alvos a até 2 km com a carga de uma bateria. Com uma granada podem atacar alvos mais distantes. Os drones FPV também podem atacar tropas mais distantes. Os drones menores são mais difíceis de serem vistos que os drones bombardeiros maiores que só operam com segurança a noite. Já os drones FPV equipados com câmera termal só atacam alvos de valor a noite como caminhões e blindados.
Os drones Vampire passaram a ser equipados com antenas de satélite Starlink e se tornaram imunes aos bloqueadores eletrônicos. O raio de ação aumentou sem se preocupar em manter a linha de visada com o operador. O operador pode estar em outro local como em uma base na capital Kiev junto com analistas de inteligência e observadores de artilharia. Os drones bombardeiros equipados com o Starlink também atacam os interferidores para facilitar a operação dos outros drones. Os drones equipados com o Starlink também podem ser usados como antena repetidora para outros drones permitindo o aumento do alcance de 10 para 30 km. Podem apoiar até 10 drones em um local remoto e inclui drones FPV. Lançando drones FPV são chamados de “drone master” aumentando ainda mais o alcance dos drones.
As equipes recebem um conjunto de drones. Usam cerca de 40 drones FPV para um dia de trabalho. Vários drones FPV já ficam prontos para lançamento. Podem ter várias configurações de alcance curto ou longo e armas anti-pessoal ou anti-carro, além das opções de frequências de vídeo e controle remoto. Os operadores podem montar o drone na hora e guardar ou já vem prontos da retaguarda. A maioria está armado com munição antipessoal e e alguns com munição anti-carro. A capacidade de destruição dos drones é pequena. Primeiro tentam imobilizar um blindado e depois destruir. O mesmo ocorre com tropas, tentando ferir para imobilizar antes de finalizar. Se o alvo for um caminhão, primeiro tenta atingir a cabine para parar e depois a traseira para colocar fogo na carga.
O índice de sucesso varia de 25% a 50% nas missões dos drones FPV. Podem fazer caça livre com os drones FPV e os pilotos gostam. Atuam mais a noite quando os motoristas de veículos ligam os faróis e são facilmente detectados. Com equipamento especial os drones FPV voam a até 20 a 25km de distancia nas missões de caça livre. Tropas na retaguarda também pensam que estão seguro usando luz vermelha para andar a noite. São facilmente visíveis com a câmera diurna ligada a noite.
Conceito de enxame de drone consiste em um drone coordenando a ação de vários drones que trocam dados entre si. Se o drone líder for derrubado, outro drone toma o lugar. A ordem é dada para o enxame e não para um drone individual. Vários drones cobrindo uma área de forma autônoma exige um drone com sensores sofisticados e grande poder de processamento que resultado em drones caros.
O que se aproxima do conceito de enxame de drones na guerra da Ucrânia são os Postos de Comando da Brigada recebendo as imagens de vídeo em tempo real das equipes de drones na linha de frente. Existem os Postos de Comando descentralizados nos Batalhões que servem como reserva. Todas as equipes de drones na linha de frente tem um antena de comunicação por satélite Starlink que permite enviar e receber os vídeos dos drones.
As Brigadas cobrem uma linha de frente de cerca de 12 km em uma operação defensiva. As telas mostram até 12 vídeos ao mesmo tempo o que sugere uma média de uma equipe a cada 1 km. São equipes de reconhecimento, drones bombardeiros, drones FPV ou equipes mistas com os vários tipos de drones.
Os comandantes de Batalhão agora operam no Posto de Comando da brigada gerenciando suas subunidades e forças adicionadas com artilharia e blindados. Controla as tropas olhando uma tela de laptop. O lugar dos comandantes é na linha de frente, mas os vídeos de drones enviados para a retaguarda com o Starlink faz o mesmo e sem risco. Ao invés de usar um binóculos usam uma monitor vendo toda a frente de batalha.
O Posto de Comando também coordena as operações dos drones. Primeiro tem que entender onde alvo está, depois se pode ser atacado e que arma usar no drone. O Posto de Comando indica qual equipe que vai lançar e a missão gerando uma fila que pode ser por frequência dos receptores usados no setor, setor coberto pela equipe de drone, distância até o alvo, tipo de drone que a equipe opera, drones e munição disponível, ou simplesmente é a próxima equipe na fila.
As Companhias de Drones de Ataque da Ucrânia tem equipes de drones de longo alcance para fazer reconhecimento atrás das linhas. O principal drone usado é o Leleka de fabricação local. A autonomia é de 2 a 2,5 horas, voa a cerca de 1.500 metros a uma velocidade de cruzeiro de 70km/h. A aeronave voa de forma totalmente autônoma durante uma rota pré programada. Uma câmera de vídeo apontada para a frente transmite em tempo real para monitorar dados do drone, mas pode ser interferida.
A missão é mapear uma área com uma câmera de vídeo de alta resolução apontada para baixo. O vídeo é analisado depois da missão e inclui comparar com imagens do dia anterior para detectar mudanças. A equipe depois envia os dados coletados por aplicativos de mensagem e com coordenadas para os escalões superiores decidirem. Os alvos de maior valor são atacados por munição guiada do HIMARS. A experiência levou ao desenvolvimento do Leleka LR de maior alcance e com capacidade de designar alvos em tempo real.
Pelotão LUS
Em Setembro de 2024, o US Army selecionou o drone Ghost- X para o programa Medium Range Reconnaissance (MRR) para apoiar os comandantes de Companhia, complementando e depois substituindo os drones Raven. O Ghost-X tem peso máximo de decolagem de 25kg e capacidade de carga de 9kg. A autonomia chega a 90 minutos e o raio de ação de 25km. O contrato de US$ 14,5 milhões para 48 drones por 10 anos. O requerimento inclui pesar menos de 25kg e disponibilidade de 8 horas em um período de 24 horas. O Ghost-X concorreu com o quadricóptero C-100 que pesava 10kg e capacidade de carga de 4,5 kg. O raio de ação é de 10km e a autonomia de 74 minutos.
Os Ghost-X irão operar nos Pelotões LUS (Lethal Unmanned Systems) que fazem parte das Companhias MPC (Multi-Purpose Company). As MPC irão substituir as Companhias de Armas Pesadas e já estão em testes em algumas Brigadas do US Army. A MPC possuem quatro Pelotões: LUS, morteiros, anti-carro e reconhecimento.
A LUS tem cerca de 21 membro sendo sete pilotos de drones, o comandante e um membro com função desconhecida (9 pilotos no total). Os outros membros usam sistemas anti-drones como mísseis Stinger, detectores Bal Chatri, bloqueadores Drone Buster e Modi. Cada operador de drone leva um drone (Parrot, Skydio ou Vesper), mais cinco reserva. Em combate devem levar muito mais pois estimam uma baixa de drone por dia em combate incluindo panes e acidentes. A experiência mostrou a necessidade de uma equipe maior para voar, gerenciar dados e segurança local. Por segurança mantém apenas um drone voando com outro sempre pronto para lançar após a recuperação.
A LUS estão operando inicialmente com os drones pequenos como o RQ-28 e o Switchblade. Também deverão operar outros drones como os FPV e drones bombardeiros. Futuramente a LUS deve operar drones de ataque (projeto SWARM) e drones bombardeiros com o Pelotão de reconhecimento operando principalmente com drones de vigilância como o Ghost-X. É estimado a dotação de 10 drones letais por Pelotão, ou 30 drones no total, operando com o LUS. Os drones Raven e Puma em uso atualmente são apenas plataformas de vigilância. Os novos drones que entrarão em operação terão novas missões como lançar munição e atuar como retransmissor de comunicações.
Os Batalhões devem operar outros drones em outras subunidades como os drones do programa LRR que substituirá os drones Puma. Os Pelotões devem operar novos drones amarrados (programa Te-UAS) enquanto outros 16 drones SBS (Soldier Borne Sensor) Black Hornet operam nos Grupos de Combate. O Pelotão de armas das Companhias devem operar seis drones RQ-28 que operam designando alvos para os morteiros ou atuando destacados com os Pelotões. Os Pelotões devem receber drones FPV futuramente.
Todos os drones do Batalhão devem ser controlados pela estação de controle Robotic & Autonomous Command and Control OV-1 (RAC2) que integra dados com os sistemas de C2. O RAC2 não será usado pelo drone SBS.
O US Army não planeja uma subnunidade equivalente as Companhias de Drones de ataque, mas os dois Pelotões LUS e o Pelotão de reconhecimento das Companhias MPC dão capacidade de drone similar sem operar de forma concentrada, mas ainda com alcance para dar apoio indireto para unidades do lado que precisam de reforço. Outra capacidade é poder atacar alvos em distâncias que seriam responsabilidade da artilharia divisional.
TESTES NO EB
O EB realiza licitações desde 2010 para a compra de drones para testes que levou ao desenvolvimento do drone Horus FT100 de categoria 1. O FT100 entrou em operação em 2014 com 11 unidades compradas. Quatro foram para a Companhia de Precursores Pára-quedista, quatro para o 9º Grupo de Artilharia de Campanha (Nioaque – MS), duas aeronaves foram entregues para a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea e uma para o 6º Batalhão de Inteligência (Campo Grande – MS). Somente a Cia Prec Pqdt seguiu no emprego consolidado do vetor em suas operações. O FT100 Horus foi retirado de operação em 2021.
Em 2015 foi feito uma experimentação doutrinária na Bateria de Busca de Alvos (Bia BA) com a Seção SARP (Seç SARP) do 9º GAC para adestrar a seção que emprega o sistema FT100. Em 2020, a 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada testou drones Mavic Mini Combo para vigilância de fronteira com o Uruguai com os Pelotões de exploradores. O Comando de Aviação do Exército, que será o responsável por gerenciar esse meio no Exército, também realizou vários experimentos.
O FT-100 é um drone de Categoria 1 operado por 2 pessoas, usa sistema de propulsão elétrica com baixa assinatura acústica inaudível a 100 metros, raio de ação de 20km, autonomia de 2 horas, velocidade máxima de 33 Kt e carga útil de 3kg. Opera nos modos de voo Manual, Controlado ou Automático por sistema de “Waypoints”. Possui função “GO HOME”, que permite que a aeronave retorne para o ponto de lançamento após a perda de sinal de rádio frequência.
A aeronave pode transportar sensores eletro-ópticos e infravermelhos, com opções para câmera de alta resolução de mapeamento aéreo. O downlink de vídeo permite a disseminação de informações de Inteligência e Comando e Controle de diferentes formas. As informações geradas pelo Hórus podem ser enviadas e visualizadas por combatentes que podem acessá-las de Unidades de Recepção Individual (URI). Os dados também podem ser enviados diretamente para plataformas tripuladas (aviões e helicópteros).
Foram comprados cinco sistemas Horus FT100 cada um com duas aeronaves e uma estação de controle. A tripulação necessita de constante adestramento dos operadores. Em 2016, o Horus 100 voou aproximadamente 98 horas, 46 horas em 2017 e 26 horas em 2018.
O Subprograma Sistemas de Aeronaves Pilotadas Remotamente (SPrg SARP) visa adquirir sistemas não tripulados para funções como inteligência, vigilância, aquisição de alvos e reconhecimento (ISTAR); inteligência de sinais eletrônicos (ELINT); inteligência de comunicação; logística, apoio de fogo e comando-e-controle. O EB estuda modelos de asa fixa ou rotativa além de drones letais (munição vagante).
Em 2022, o SPrg SARP anunciou a compra de dois modelos de drones para o EB. O primeiro foi o drone Nauru 1000C da XMobots que pode ser equipado com mísseis Enforcer. O Nauru 1000C é um drone categoria 2 com peso máximo de decolagem de 150 kg. A carga é de até 18 kg. Pode atingir velocidade de 112 km/h, tem autonomia de 10 horas e raio de ação de 60 km.
No fim de 2022 foram mostrados os quatro novos drones DJI Matrice 300 RTK para testes no Batalhão de manutenção do AVEx para desenvolver doutrina. O Matrice custa cerca de 50 mil reais na versão equipada com câmera térmica. O raio de ação é de 15 km com autonomia de até 55 minutos dependendo da carga. O teto é de 7 mil metros. A velocidade máxima é de 80 km/h. O peso máximo é de 6,3kg com carga de até 2,7kg. A carga principal são os sensores. Uma câmera de TV e FLIR mais sofisticado como a Zenmuse H20T como as compradas pelo EB chegam a custar 50 mil reais. Algumas tem zoom de 30 vezes (200 vezes com zoom digital) e outras são usadas para fotogrametria com definição de 45 megapixel.
Também foram recebidos 30 unidades do drone Mavic 2 que serão distribuídas para uso em pequenas frações da 12a BDA de Infantaria leve, 15a BDA de Infantaria Mecanizada e da 23a BDA de Infantaria de Selva. O Mavic 2 tem câmera com zoom de 32 vezes, além de sensor de visão termal. A autonomia é de 31 minutos e tem um raio de ação de 10 quilômetros. Cada Mavic 2 custa cerca de R$ 12 mil, mas com a câmera termal chega a custar R$ 40 mil.
O Corpo de Fuzileiros Navais iniciou os estudos para o uso de drones em 2006 com o projeto Carcará da Santos Lab. O objetivo era desenvolver doutrina, treinar e capacitar pessoal especializado. Os requisitos eram uma autonomia de 40 minutos e raio de ação de 2 km em visada direta. A propulsão seria elétrica. Cinco drones foram comprados para o Pelotão VANT (PelVANT). O Pelotão tem uma seção de comando com um Oficial, um Sargento e um Cabo e uma seção de apoio.
O Carcará é usado para apoiar a infantaria em missões de reconhecimento além de elevações ou área fora do alcance visual da tropa. Podia passar informações de alvos em tempo real para o centros de comando aereotático, de apoio aéreo direto e coordenação de apoio de fogo, ajustando tiro indireto de obuseiros e morteiros e de aeronaves.
O Carcará pode ser equipado com câmera diurna ou noturna, com zoom de 10 vezes. A câmera gira 360 graus e é retrátil. O operador pode clicar no alvo e será seguido automaticamente. As imagens indicam as coordenadas do alvo e podem ser gravadas na estação de controle.
O PelVANT apóia a Brigada apoiando missões vigilância aérea e reconhecimento, reconhecimento de rotas de aproximação e retirada de helicópteros, operações de segurança na retaguarda, operações especiais como retomada e resgate, operações psicológica como o lançamento de panfletos.
EFETIVIDADE DOS DRONES
Para garantir a implantação dos drones de forma disseminada, também é oportuno demonstrar que são necessários. A prática já indica que são necessários pois a Doutrina militar valoriza as missões de reconhecimento. Uma máxima no meio militar é “não se ataca sem apoio de fogo e não se avança sem reconhecimento”.
Os ucranianos calculam que cada dólar investido em drone chega a dar retorno de US$ 1 mil. Já uma unidade de drones calcula que dada dólar em drone perdido resulta em 50 dólares de equipamentos destruídos. Se um único drone destrói um blindado sofisticado já pode pagar a produção inteira de vários dias. Por isso investem pesado em drones.
Uma das funções dos drones é diminuir o risco para as tropas em missões de reconhecimento e ataque ao realizar as missões mais perigosas. A razão de ser dos drones é a segurança do piloto, podendo realizar missões de altíssimo risco sem colocar o piloto em perigo.
O EB tem pouca experiência com o uso do drones, mas ainda assim é suficiente para comprovar que são muito úteis. Os oficiais da Brigada Pára-quedista, já equipada com drones, confirmam que os drones garantem uma maior consciência situacional comparados com as unidades onde operavam anteriormente e que não estavam equipados com drones. A possibilidade de identificação do inimigo e a reação a ameaça eram muito limitadas sem o drone.
Os comandantes não costumam contar com meios aéreos próprios pois raramente está disponível. O drone é um recurso barato e garantido, com resposta até imediata. Uma vantagem de ter capacidade de reconhecimento orgânico com drones é diminuir o tempo de resposta entre o pedido de uma missão e a execução.
A Brigada pára-quedista usou o drone Horus FT 100 para Reconhecimento de Zonas de Lançamento (ZL) de pára-quedistas. O drone é usado antes de enviar a equipe no terreno, pois seu reconhecimento consegue dizer sumariamente se a área é praticável ou não para ser uma ZL. Essa possibilita poupar esforços e contribui na consciência situacional dos comandantes das pequenas frações da Companhia de Precursores, pois já se sabe o que irá encontrar no terreno.
As táticas tem como objetivo otimizar os recursos ao mesmo tempo que diminui as baixas amigas. O objetivo é conseguir superioridade numérica, qualitativa, de informação, mobilidade ou de terreno sobre o inimigo e o drone é um recurso para garantir a superioridade.
A teoria também garante que é um recurso promissor. O conceito de ciclo de destruição considera que a capacidade de detectar e atirar primeiro permite ter vantagem no combate. Se esconder para não ser detectado é a abordagem furtiva. Detectar primeiro é a abordagem com bons sensores. O objetivo final é detectar sem ser detectado aproveitando a furtividade e usando bons sensores.
O ciclo de destruição pode ser demonstrado matematicamente pela equação: P(S) = P(D) x P(A) x P(E), onde P(S) é a probabilidade sucesso, P(D) é a probabilidade de detecção da ameaça, P(A) é a probabilidade de avaliar situação corretamente e P(E) é a probabilidade de engajar corretamente o inimigo. Uma P(S) maior que a do inimigo na maioria dos engajamentos permite ganhar a maioria das batalhas e até a guerra, de forma bem mais rápida. Uma boa capacidade de detecção melhora a P(D) que influencia as outras variáveis.
Uma P(D), P(A) e P(E) de 50% cada um, resulta em uma P(S) de 12,5% em cada engajamento (0,5 x 0,5 x 0,5 = 0,125). A maioria dos engajamentos falha pois o inimigo pode vencer em algumas situações, mas na maioria dos casos um dos dois lados pode desengajar. São vários engajamentos sucessivos até a vitória. Com as variáveis P(D), P(A) e P(E) aumentando em efetividade para 80%, a P(S) sobe para 50% de sucesso em cada engajamento ou quatro vezes mais efetivo. Tendo superioridade na maioria dos engajamentos, um lado passa a garantir a vitória sobre o outro. As baixas inimigas diminuem o poder de combate de suas unidades e piora o moral das tropas.
Uma outra forma de avaliar a operação das drones é imaginar como seriam usados nas técnicas básicas de combate. Tem as técnicas planejadas e as não planejadas. Algumas são situações de emergência que exigem reação rápida (não planejada). São cenários táticos que o operador de drone deve ser treinado.
Reagir ao fogo de contato consistem em sobreviver ao contato inicial e depois conseguir poder de fogo superior. Os drones de reação rápida são um recurso que pode ser considerado. Em uma posição defensiva já podem estar prontos para serem usados.
Quebrar contato com o inimigo consistem em usar fumaça ou granadas enquanto parte da tropa cobre a retirada. Um drone pode ser usado para atrapalhar a perseguição.
Reagir a emboscada dá pouco tempo de reação para usar um drone, mas podem ser usados para realizar reconhecimento no trajeto e evitar a emboscada. Reagir a um sniper seria um exemplo melhor com a tropa se escondendo e reagindo com um drone para detectar a posição do sniper e depois atacar.
Assalto de Pelotão ou grupo de combate consiste em usar parte da tropa para realizar a supressão da posição inimiga para o resto avançar. Em uma ação planejada pode ser usado um drone para fazer reconhecimento e depois usar os drones bombardeiros para “amaciar” a posição. Drones voando acima podem ser usados para fazer supressão com o barulho e manter o inimigo escondido.
Tomar uma trincheira consiste em se aproximar, lançar granadas e entrar logo após a explosão. A tropa avança em direções opostas na trincheira. Um drone fazendo overwatch permite se aproximar com segurança ou até atacar a trincheira sem a presença de tropas no local.
Tomar uma casamata pode ser com um mini-drone entrando na frente da tropa ou atacando sozinho com bombas pesadas. Entrar e limpar um cômodo de uma instalação seria semelhante a tomar uma casamata. O drone vai na frente e faz reconhecimento ou ataca alvos sozinhos.
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