Rússia revela Karakurt-E: E transforma barcos-mísseis em avançados navios de guerra antissubmarino

E.M.Pinto


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O conflito na Ucrânia, forçou a reavaliar suas prioridades militares, especialmente no campo naval, antigos projetos como o Porta Aviões e grandes navios de assalto anfíbio entraram para o fim da fila de espera em função das novas necessidades. Novas iniciativas surgiram ocupando os seus lugares e em destaque, a de corvetas de baixa tonelagem dedicadas as mais variadas funções, e foi assim que durante o  o fórum “Army-2024” foi apresnetada uma solução interessante que visa suplantar as antigas pequenas corvetas antisubmarino da Marinha Russa, surgindo assim o conceito Project 22800-E, uma embarcação antissubmarino (ASW) derivada do barco-míssil Karakurt, um desenvolvimento necessário diante da urgência da marinha russa em modernizar sua frota.

Historicamente, a defesa dos submarinos estratégicos russos (SSBN) tem sido uma prioridade, sobretudo em regiões próximas às bases navais, onde os SSBN são mais vulneráveis ao deixar portos rumo às áreas de patrulha. A frota russa, no entanto, enfrenta um desafio crescente haja visto que seus principais navios ASW de pequeno porte, dos project 1124 e 1331M, estão envelhecendo rapidamente e operam com limitações significativas.

Estas corvetas, que foram eficazes durante a Guerra Fria, agora sofrem com a obsolescência, enfrentando dificuldades para operar frente a submarinos mais avançados, como os americanos da classe Virginia, que representam uma ameaça significativa com suas capacidades furtivas e poderosos armamentos.

Project 1331M
Project 1124

A situação se agrava ainda mais devido à lentidão na construção de novas corvetas multifuncionais, como as project 20380 e 20385, que são complexas e equipadas com uma vasta gama de armamentos, dificultando sua produção em grande escala.

Project 20380

A ausência de grandes destroyers na frota russa sobrecarrega ainda mais esses pequenos navios, que acabam sendo forçados a desempenhar funções além de suas capacidades projetadas.

Foi nesse contexto que a Rússia introduziu o Project 22800-E. Com um design mais simples e focado em guerra antissubmarino, essa nova classe de corveta ASW é baseada no bem sucedido projeto do  barco-míssil Karakurt, conhecido por sua capacidade de  construção rápida  com componentes 100% domésticos em três estaleiros diferentes.

Sistema antitorpedo “Paket-NK”

Entre as inovações dessa nova embarcação está um sonar montado no casco, essencial para a detecção de submarinos inimigos, uma planta motriz modificada com quatro motores a jato d’água e uma velocidade reduzida de 32 para 26 nós. Embora menos veloz, o navio ganha em capacidades defensivas e operacionais, incluindo o avançado sistema antitorpedo “Paket-NK” e a capacidade de transportar veículos subaquáticos não tripulados para neutralizar minas marítimas.

O Karakurt-E não apenas compensa as deficiências das antigas corvetas ASW, mas também oferece maior versatilidade ao realizar operações em mares com profundidades e relevo complicados, como o Mar Negro e o Báltico, onde as condições ambientais são desafiadoras para embarcações de maior porte.

A renovação dessa frota, portanto, é fundamental para a Rússia manter a proteção contra pequenos submarinos, garantindo a capacidade de resposta naval diante de um cenário de conflito prolongado e sanções internacionais.

A Rússia revelou o Project 22800-E surge como resposta à necessidade de modernização da frota russa e proteção dos submarinos em mares como o Báltico e o Mar Negro.

Especificação Detalhe
Modelo Project 22800-E
Base Karakurt (barco-míssil)
Função Principal Guerra Antissubmarino (ASW)
Velocidade Máxima 26 nós
Propulsão 4 motores a jato d’água
Sistema Antitorpedo “Paket-NK”
Capacidade Modular Veículos subaquáticos não tripulados
Sonar Montado no casco
Construção Componentes 100% domésticos
Estaleiros de Produção 3 estaleiros nacionais
Velocidade Reduzida De 32 para 26 nós

A embarcação é projetada para patrulhar e monitorar grandes áreas marítimas, com a capacidade de engajar submarinos inimigos de forma independente ou auxiliar a aviação naval na localização de alvos. Sua rápida construção, com componentes nacionais, torna-a uma solução eficiente para o fortalecimento da frota russa, especialmente nas águas de relevo complexo e pouca profundidade dos mares Báltico e Negro.

Em um cenário em que o tempo e os recursos estão pressionados por sanções e prolongado conflito, o Project 22800-E surge como uma solução prática e eficiente, mesclando tecnologias comprovadas e uma montagem ágil, vital para a defesa das águas russas.

1 Comentário

  1. Já era tempo! Eu sempre imaginei a possibilidade de usar Karakurt em versões ASW. E o trabalho de substituição não será fácil, pois são 19 navios do projeto 1124, Grisha (7 no Pacífico, 6 no mar Negro e 6 no mar do Norte) e 6 do projeto 1331M, Parchim (6 no Báltico).
    Que comecem os trabalhos e que as frota do Pacífico e Norte sejam priorizadas.

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