Colômbia anuncia saída da Unasul, o bloco sul-americano criado no governo Lula

O novo ministro do Exterior da Colômbia, Carlos Holmes, em sua primeira entrevista coletiva em Bogotá – CARLOS JULIO MARTINEZ / REUTERS

País se concentrará na OEA, diz chanceler do novo presidente colombiano, o conservador Iván Duque

BOGOTÁ — O governo do presidente Iván Duque, recém-empossado na Colômbia, anunciou nesta sexta-feira sua saída “irreversível” da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a fim de se concentrar no fortalecimento da OEA (Organização dos Estados Americanos), a organização hemisférica liderada pelos Estados Unidos. O anúncio foi feito pelo novo chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo, em sua primeira entrevista coletiva, nesta sexta-feira.

— Vamos nos retirar da Unasul. A Colômbia vai deixar de ser membro da Unasul. Vamos participar ativamente dos cenários multilaterais. Estamos em um processo de consultas com outros países que aparentemente desejam tomar o mesmo rumo. Se for consolidada uma decisão similar, atuaremos em conjunto. Do contrário, de todo modo nos retiraremos da Unasul. É uma decisão política irreversível — disse Holmes Trujillo, citando o Peru, o Chile e o Equador. Ele completou:

Em sua campanha, Duque, um conservador que é afilhado político do ex-presidente Álvaro Uribe, tinha dito que o bloco sul-americano, formado por 14 países em 2008, tinha se “tornado cúmplice da ditadura venezuelana”.

Criada por iniciativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Unasul nasceu como um veículo da liderança que o Brasil aspirava ter na região, e com o objetivo de coordenar de forma autônoma políticas regionais, contrabalançando a influência dos Estados Unidos.

O bloco, no entanto, já estava paralisado e rachado há meses por divergências entre os países ditos bolivarianos e o demais membros, nos quais governos conservadores chegaram ao poder nos últimos anos. Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru e Paraguai decidiram em abril passado suspender sua participação na Unasul até que fosse nomeado um novo secretário-geral em substituição a Ernesto Samper, que deixou suas funções em janeiro de 2017.

No mês passado, o presidente do Equador, Lenín Moreno, pediu que a entidade devolva ao governo equatoriano a sede construída em Mitad del Mundo, ao norte de Quito, para instalar uma universidade no local.

Ainda que houvesse divergências, o organismo teve atuação importante na crise que opôs o presidente boliviano, Evo Morales, aos governadores de oposição, em meados da década passada, e na crise entre a Colômbia, Equador e Venezuela depois que militares colombianos bombardearam uma base das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em território equatoriano. Há cerca de cinco anos, os integrantes da Unasul concordaram em suspender o Paraguai por causa da destituição, pelo Congresso, do então presidente Fernando Lugo.

Hoje o quadro é diferente: os governos de esquerda são minoria e, com o agravamento da crise social, política e econômica na Venezuela, somado à crise política no Brasil, a região ficou mais polarizada, incapaz de coordenar políticas consensuais.

Fonte: O Globo

12 Comentários

    • E a ponta de lança da China e da Rússia é a narcoditadura bolivariana, também conhecida como Cartel de Los Soles…

      Tente de novo!

  1. O fracasso da Unasul,só vem a reafirmar o caráter de província colonial,das elites sul americanas,com o fim da Unasul se perde mais uma chance de reafirmação política da região !

      • Meu caro amigo HMS TIRELESS,meu lamento é porque a ideia era muito boa, poderia ser algo proveitoso para toda América do Sul,mas infelizmente se esvaiu devido a visão tacanha de nossas elite ! Grande abraço !

  2. Alerto mais uma vez…Seja quem for o seu dono você será escravo dele!…existe em nossa sociedade pessoas mal intencionadas e recrutadas para doutrinar em nossas mentes e corações que este pais tenha dono!…Usando teses e falácias dizendo que aquele dono é pior que este dono que é melhor!…Temos que lutar contra isso se quisermos uma nação forte, independente e soberana...

    Interesse estadunidense ou chinês?…nós temos mesmo que escolher a quem obedecer?…porque essa gente toda não se unem pelo interesse brasileiro?…

  3. A UNASUL pode ter surgido com a ideia errada ,mas a aplicação tinha finalidade certa,embora a America do Sul não tenha atingido maturidade para isso,seria possível se governantes mesmo conservadores do continente tivessem um olhar avançado e desenvolvimentista.Porem, a mesquinhez individual sempre falou mais alto.Quanto a Colômbia hoje, depois da aproximação com a OTAN é no mínimo um País não alinhado com os interesses do continente.Vá com Deus.

Comentários não permitidos.