Regime toma províncias meridionais, e sua aliada Rússia já se instala nas Colinas de Golã

JERUSALÉM E DAMASCO – Com as recentes vitórias do regime de Bashar al-Assad na Síria, que o colocam virtualmente como vitorioso na guerra civil que há mais de sete anos assola o país, o vizinho Israel já admite a manutenção do presidente sírio no poder e não pretende intervir no conflito.
— Na Síria, do nosso ponto de vista, a situação volta a ser a que prevalecia antes da guerra civil (2011). Ou seja, que está claro a quem se dirigir, há alguém que é responsável e há um poder central — afirmou Lieberman durante uma visita a instalações de defesa antiaérea no Norte de Israel.
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Para Lieberman, há vantagens na vitória de Assad.
— Não nos misturamos, nem intervimos nos assuntos internos da Síria, com a condição de que se respeitem três pontos importantes para nós — insistiu Lieberman, mencionando “respeito dos acordos de separação de 1974” que estabelecem uma zona desmilitarizada nas Colinas de Golã, em grande parte ocupados por Israel e agora liberados de rebeldes na porção síria. A ONU e a Síria consideram ilegal a ocupação israelense.
FORÇAS ISRAELENSES E JORDANIANAS MATAM JIHADISTAS
Depois de semanas de bombardeio intenso da Rússia, o governo sírio retomou o controle das três províncias meridionais do país, Deraa, Quneitra e Sueida, e também da fronteira com a Jordânia, anunciou nesta quinta-feira o Exército da Rússia, que apoia as Forças Armadas da Síria. Os últimos combates foram com grupos jihadistas ligados ao Estado Islâmico.
A liberação das áreas, inclusive de planícies férteis ao longo do Rio Yarmouk, propiciou uma grande mudança no quadro anterior ao conflito iniciado em 2011, com a polícia militar russa começando a se mobilizar na parte de Golã sob controle sírio e planeja montar oito postos de observação na área, informou o Ministério da Defesa em Moscou.

— Estão criadas as condições para que as forças de manutenção da paz da ONU nas Colinas de Golã retomem suas atividades — declarou em Moscou o general Serguei Rudskoi, do Estado-Maior russo.
Nesta quinta-feira, Israel e Jordânia comunicaram ainda que suas forças mataram insurgentes do Estado Islâmico que se aproximaram de suas fronteiras depois de serem expulsos do Sudoeste da Síria pelo Exército. Israel afirmou ter matado ao menos sete jihadistas, utilizando ataques aéreos. Já militares da Jordânia disseram ter confrontado combatentes do mesmo grupo, o chamado Exército Khaled Bin Walid, durante 24 horas entre terça e quarta-feira, matando um número não especificado deles.
SETE ANOS DE HORROR NA GUERRA SÍRIA EM IMAGENS


Os ataques do governo, com bombardeios, começaram a fazer cada vez mais vítimas em várias cidades pontos de atrito. Alguns dos primeiros grandes foram em 2012, no bairro de Baba Amr, reduto da rebelião em Homs (centro). A imagem mostra o velório de um homem morto nos ataquesFoto: AFP

Menino passa por cima de corpos de crianças mortas em ataque químico em Ghouta, na Síria, em 2013: ataque deixou centenas de mortos. Número é incerto até hojeFoto: Reprodução

Em 2014, o Estado Islâmico conquista a cidade de Raqqa. É o início do autoproclamado califado do grupo, que se expande de maneira veloz e cria um estado de terror em várias cidades sírias e iraquianasFoto: Reuters

Ônibus são usados como barricada em bairro rebelde de Aleppo, em 2015Foto: KARAM AL-MASRI / AFP

Fila de refugiados palestinos se forma no campo de Yarmouk, em Damasco, para receber ajuda humanitária em 2015Foto: UNRWA / AP

A morte do menino sírio Aylan Kurdi, afogado em setembro de 2015 quando a família tentava ir da Turquia para a Europa, chama a atenção do mundo para a questão dos refugiados: com cada vez mais pessoas deixando a Síria, a Europa passa a viver uma grave crise migratóriaFoto: Reuters

Outro menino, o pequeno Omran, chama a atenção para os horrores da guerra ao ser clicado após ser resgatado em estado de choque de um bombardeio em Aleppo, em 2016Foto: MAHMOUD RSLAN / AFP

Em setembro de 2016, sírios carregam bebês em meio a bombardeios contra Aleppo: ofensiva sangrenta do regime reconquistou maior bastião rebelde da guerra, ao custo de dezenas de milhares de civis mortosFoto: AMEER ALHALBI / AFP

Rouhani, Putin e Erdogan se reúnem em Sochi: acordo de 2017 muda os rumos da guerra síria e afasta os EUAFoto: MIKHAIL METZEL / AFP

Explosão na cidade histórica de Palmira, na Síria: Estado Islâmico destruiu parte do patrimônio mundial, mas acabou perdendo terreno com ofensivas de coalizão pró-EUA e da Rússia, junto a AssadFoto: –

Em outubro de 2017, com o Estado Islâmico em forte recuo, forças de maioria curda conseguem reconquistar Raqqa, antes capital dos terroristas. Na imagem, o local é ocupado também por milicianas mulheres — elas eram as mais cerceadas pela visão ultrarradical do grupoFoto: ERIK DE CASTRO / Reuters

Fumaça de bombardeios entre os prédios de Ghouta Oriental, no subúrbio da capital síria Damasco: mais de 500 mortos em apenas uma semana de fevereiroFoto: HAMZA AL-AJWEH / AFP

Homem ferido em bombardeio recebe atendimento em Ghouta Oriental. A ofensiva do regime ao enclave, no início de 2018, marca uma das empreitadas finais de Assad para garantir a vitória na guerra. Com o bastião prestes a ser retomado, resta ao governo reconquistar apenas a província de IdlibFoto: AMER ALMOHIBANY / AFP
Fonte : O Globo
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