O policial civil do Esquadrão Antibomba da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) preso em flagrante no fim da tarde de quinta-feira, enquanto transportava nove artefatos explosivos improvisados e uma granada defensiva militar, é suspeito de desviar explosivos da corporação e vender para traficantes de favelas cariocas. Carlos José Monteiro da Silva, de 59 anos, era chefe do paiol do setor e o mais antigo instrutor de cursos da unidade, como mostrou o site “G1”.
Após a prisão do agente, a Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) instaurou uma sindicância sobre o caso.
— Instaurei uma sindicância administrativa disciplinar para coletar outros elementos probatórios de modo a sugerir a instauração do processo administrativo disciplinar. Se o fato configurar transgressão disciplinar grave, a única pena cabível nesse caso é a demissão — diz o delegado Gilson Emiliano, responsável pela Coinpol.
As investigações começaram há 45 dias, quando policiais do próprio esquadrão desconfiaram do material encontrado após uma explosão ocorrida dentro de uma casa em Irajá, próximo à favela Para-Pedro, na Zona Norte. O local seria usado como uma oficina clandestina do tráfico de drogas, segundo a polícia. Na detonação, Bruno França Pinheiro, de 39 anos, que manuseava os explosivos, morreu. A mãe dele, Vera Lúcia França Pinheiro, ficou gravemente ferida.
Exames realizados por especialistas do esquadrão identificaram no local corpos de granadas reaproveitadas, o que seria um indício de que os explosivos poderiam estar sendo desviados do próprio setor especializado.
A partir daí, um inquérito foi instaurado na Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme). Ao longo das investigações, agentes descobriram que o homem morto na explosão de Irajá tinha uma relação de amizade com Monteiro.
Quando foi detido, na tarde de quinta-feira, Monteiro havia acabado de sair da Cidade da Polícia, no Jacarezinho. Policiais do Esquadrão Antibombas e da Desarme abordaram o carro que ele dirigia na Avenida dos Democráticos. Dentro da mochila que ele carregava, foram encontrados nove artefatos explosivos improvisados, uma granada defensiva militar e bombas artesanais.
Após o agente ser preso, policiais fizeram buscas em dois endereços do comissário. Foram apreendidos quatro revólveres e uma pistola, além de R$45,8 mil e 1,9 mil dólares em espécie.
Há 35 anos na Policia Civil, Monteiro estava no Esquadrão Antibombas desde 1988. Ele era o técnico explosivista mais antigo da unidade de elite da Core e foi o instrutor que mais formou técnicos.
Após ser preso, Monteiro disse conhecer o homem que morreu na explosão apenas de vista e negou ter sido amigo dele. O agente alegou ainda que as bombas e encontradas na sua mochila seriam usadas em uma instrução na Usina Nuclear de Angra, na Costa Verde, durante um curso de reciclagem que ele iria ministrar.
Para a Desarme, as bombas desviadas seriam repassadas para o tráfico, que pagaria até R$ 2 mil reais em cada artefato.
Fonte: Jornal Extra
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