
As Forças Especiais do Chile e dos EUA participaram do exercício conjunto combinado Estrela do Norte 17 no final de 2017. (Foto: Estado-Maior Conjunto do Chile).
Durante quase três semanas, a costa americana do Golfo do México foi o cenário de um treinamento de operações especiais que contou com a participação de centenas de soldados do Chile e dos EUA. Membros das forças especiais de ambos os países executaram manobras no ar, no mar e na terra, em cenários simulados.
O exercício Estrela do Norte 17 (Northern Star) contou com mais de 70 soldados das forças especiais dos EUA e 88 do Chile. A participação americana contou com pessoal do Comando de Operações Especiais Sul (SOCSOUTH, em inglês), do Comando de Operações Especiais do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha e do 7º e do 20º grupo das Forças Especiais do Exército dos EUA. O Chile assistiu com soldados da Brigada de Operações Especiais do Exército, da Marinha e da Força Aérea, além de delegados do Estado-Maior Conjunto (EMCO).

O exercício conjunto combinado Estrela do Norte melhora as capacidades das forças especiais do Chile e dos EUA. (Foto: Estado-Maior Conjunto do Chile)
“As Forças de Operações Especiais dos EUA e do Chile compartilham uma longa história de cooperação e capacitação militar”, disse à Diálogo o Coronel do Exército dos EUA Marshall Ecklund, comandante adjunto do SOCSOUTH. “Este intercâmbio anual se tornou um símbolo do nível de cooperação entre as Forças de Operações Especiais dos EUA e do Chile.”
Realizado pela segunda vez nos EUA, o exercício foi realizado entre 18 de outubro e 3 de novembro de 2017 em vários campos de treinamento, incluindo o centro de capacitação militar Camp Shelby, o Centro de Treinamento de Preparação de Combate da Guarda Aérea Nacional (CRTR, em inglês), e o Centro Espacial Stennis da NASA, na costa do estado do Mississippi. O Estrela do Norte busca incrementar as capacidades de interoperabilidade das unidades de operações especiais de ambos os países.
Benefícios mútuos
“É de suma importância conhecer e operar com forças estrangeiras”, disse à Diálogo o Major da Força Aérea do Chile Daniel Román. “[Isto é importante], já que todas, em seus diversos âmbitos de ação, têm experiências que podem ser aproveitadas em favor de nossas operações, tanto no âmbito operacional quanto logístico e administrativo”.
No treinamento, os soldados realizaram intercâmbios de táticas, técnicas e procedimentos. A capacitação combinada incluiu planejamento, comunicações, reconhecimento, alcance de armas pequenas, guerra urbana, combate corpo a corpo, operações aéreas e táticas de pequenas unidades, entre outros.
“O Estrela do Norte oferece a oportunidade de aprender e compreender os possíveis desafios no ambiente de segurança, cultivar uma rede de parceiros amigáveis e aumentar a interoperabilidade militar”, afirmou à Diálogo o Escritório de Assuntos Públicos do SOCSOUTH. “[É] essencial para respostas e soluções cooperativas quando se enfrentam ameaças comuns.”
Os integrantes participaram de uma série de cenários para estimular o planejamento detalhado, além da aplicação e execução da missão. “A construção do cenário conjunto e combinado permite que os elementos combinados das forças de operações especiais integrem táticas, técnicas e procedimentos únicos para neutralizar uma ameaça”, explicou o Escritório de Assuntos Públicos do SOCSOUTH. “Isso é seguido por um processo que inclui observações, revisão e discussão para identificar oportunidades de melhorar o domínio tático e técnico e alcançar um maior grau de interoperabilidade.”
O Estrela do Norte otimiza a preparação das forças especiais de ambos os países para responder a ameaças regionais. Segundo o Escritório de Assuntos Públicos do SOCSOUTH, o “Estrela do Norte melhora drasticamente os esforços combinados para enfrentar as ameaças internas e externas e coloca nossas forças em um nível melhor para responder às crises”.
“Definitivamente, esses exercícios entregam ferramentas baseadas nas experiências que ajudam a obter melhores resultados no emprego efetivo das forças”, acrescentou o Maj Román. “O treinamento dos soldados deve estar sempre dirigido à simulação de ações em um ambiente controlado, sob condições que sejam as mais reais possíveis, mas ainda considerando a absorção de experiências de forças que tenham sido empregadas em combate.”

A costa do estado do Mississippi foi o cenário do exercício Estrela do Norte 17 com exercícios simulados no âmbito terrestre, marítimo e aéreo. (Foto: Estado-Maior Conjunto do Chile)
Evolução do exercício
O exercício conjunto Estrela do Norte tem como origem o exercício Estrela do Sul (Southern Star), realizado conjuntamente no Chile desde 2007 pelo EMCO e pelo SOCSOUTH. Em 2009, o exercício teve uma participação internacional maior, que incluiu tropas do Brasil, Paraguai e Uruguai – foi a única ocasião em que forças de outros países além do Chile e dos EUA se juntaram ao treinamento. Em 2015, o exercício foi realizado pela primeira vez nos Estados Unidos sob o nome de Estrela do Norte e desde então é executado habitualmente.
“O local de treinamento oferece a oportunidade de integrar o Estrela do Norte em um ambiente único de treinamento conjunto, com áreas de treinamento, ativos e equipes dedicadas”, disse o Escritório de Assuntos Públicos da SOCSOUTH. “Isto dá às operações especiais a oportunidade de validar a interoperabilidade com parceiros chilenos em vários cenários de treinamento aéreo, terrestre e marítimo.”
Em agosto de 2018, o Chile acolherá o exercício combinado Chile-EUA Estrela do Sul. “O Estrela do Norte é uma ferramenta valiosa para aumentar a compreensão mútua e a confiança e para ajudar-nos a alcançar um nível mais alto de interoperabilidade durante as operações combinadas”, concluiu o Cel Ecklund. “A dedicação dos nossos parceiros chilenos nos inspira, bem como o seu compromisso inquebrantável para fortalecer relações e promover o intercâmbio de ideias. Esperamos aprofundar a nossa colaboração por meio de futuros intercâmbios de treinamento que são vitais para manter a posição de forças operacionais especiais prontas e relevantes, necessárias para proteger nossos interesses mutuamente compartilhados.”
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