Defesa & Geopolítica

Blindados norte-americanos, uma ferramenta confiável das Forças Armadas brasileiras

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Os blindados M113 BR foram utilizados durante a Operação Aço, realizada pela 5ª Brigada de Cavalaria Blindada em setembro de 2017, como conclusão do ano de instrução de suas tropas. (Foto: Exército Brasileiro)

Os primeiros veículos blindados provenientes dos Estados Unidos chegaram para o Exército Brasileiro na década de 1960 e hoje formam uma frota com mais de 700 unidades.

Viaturas blindadas M113 operadas pelo Exército Brasileiro (EB) foram as responsáveis por dar início a uma das maiores operações urbanas já desencadeadas pelas Forças Armadas do Brasil. A Operação São Francisco, realizada em 2014, no Rio de Janeiro, teve como objetivo a ocupação de 15 favelas, a fim de conter a violência decorrente principalmente do tráfico de drogas.

Os carros da família M113 são alguns dos cerca de 700 veículos blindados de origem norte-americana usados pelo EB em operações nas cidades, nas áreas de fronteira e em exercícios de treinamento das tropas. Eles também estão presentes na Marinha do Brasil (MB) que, assim como o Exército, já conduziu os blindados por ruelas do Rio de Janeiro em operações de segurança, em apoio à polícia. “O M113 se comportou muito bem nas ações de segurança no Rio de Janeiro, porque é um veículo que tem mais facilidade para manobra e para transitar em locais estreitos”, destacou o Coronel Everton Pacheco da Silva, chefe da Seção de Blindados da Diretoria de Material do EB.

O M113 é uma Viatura Blindada de Transporte de Pessoal. Como a nomenclatura indica, esses carros foram desenvolvidos para transportar grupos de infantaria e cavalaria em organizações militares blindadas. Os primeiros carros M113 foram adquiridos pelas Forças Armadas brasileiras por meio de um acordo militar com os Estados Unidos, durante os anos 1960. Na década seguinte, o EB ganhou como doação Viaturas Blindadas de Combate M41.

No começo do século 21, uma nova leva de blindados fabricados pelos EUA aportou no Brasil. Esse lote foi composto por 91 veículos M60 A3. Em 2016, chegaram mais 50 veículos, de diferentes tipos: 34 unidades do modelo M577 A2, 12 unidades do modelo M113 A2 e quatro tanques blindados de socorro M88 A1. Todos esses foram fruto de doação realizada pelo governo norte-americano através do programa de Vendas Militares para o Exterior.

Junto com esse carregamento de 50 veículos vieram ainda dois blindados de artilharia M109 A5. Estes obuseiros fazem parte de um contrato em curso, que prevê a entrega de um total de 40 viaturas. Destas, três serão aproveitadas exclusivamente para treinamento das tropas e cinco terão sua carcaça e peças usadas em trabalhos de manutenção. As outras 32 estão sendo modernizadas nos Estados Unidos e devem ficar prontas em 2019.

Com a modernização, os M109 A5 recebem novos equipamentos para navegação do veículo e posicionamento do armamento, incluindo GPS, acelerômetros, sensores e radar de boca. Assim, essas viaturas passam para a versão chamada de M109 A5+ BR. “Adquirimos esses blindados porque mexemos na constituição das brigadas blindadas e houve a necessidade de emprego de mais equipamentos”, contou o Cel Everton.

O CLAnf do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil foi recebido em junho de 2017. O veículo faz parte de um lote de 23 unidades que a MB adquiriu dos Estados. (Foto: Marinha do Brasil)

Atuação concentrada no sul

Quando chegarem ao Brasil em 2019, o lote dos 32 obuseiros M109 A5+ BR serão empregados nas atividades da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada e da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, que fazem parte do Comando Militar do Sul do EB. Mais de 70 por cento da frota de blindados sobre lagarta do EB – como todos esses fabricados nos EUA – encontram-se em organizações militares do sul do país. Mas há também exemplares de veículos blindados do modelo M60 no Comando Militar do Oeste, onde são usados frequentemente em ações de vigilância das fronteiras como a Operação Ágatae a Operação Fronteira Sul.

Segundo o Cel Everton, não há blindados sobre lagarta na região amazônica nem no nordeste, porque o terreno nessas áreas não é adequado para esses equipamentos. “Já no sul e no oeste os terrenos são mais planos, as estradas são melhores e há campos mais limpos, sem obstáculos impeditivos”, afirnou.

Blindados no Corpo de Fuzileiros Navais

Na MB, veículos blindados sobre lagarta são usados em operações conduzidas pelo Corpo de Fuzileiros Navais. Além dos exemplares dos M113 dos EUA, os fuzileiros navais brasileiros possuem Carros sobre Lagarta Anfíbio (CLAnf) do modelo AAV-7A1.

Os mais novos chegaram em meados de 2017. Até o momento, foram entregues duas unidades, do total de uma compra de 23 viaturas acordada entre a MB e a Marinha dos Estados Unidos.

“O carro lagarta anfíbio é o meio mais característico de uma Força de Fuzileiros Navais, porque é capaz de se deslocar no mar e em terra da mesma forma. Essa característica permite à Marinha projetar seu poder sobre terra”, afirmou o Contra-Almirante do Corpo de Fuzileiros Navais da MB Carlos Chagas, comandante do Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo, em entrevista ao canal do Ministério da Defesa brasileiro, em julho de 2017. “Por isso, esse equipamento é fundamental não só nas operações anfíbias, mas também em algumas operações terrestres”, ressaltou o C Alte (FN) Chagas.

Com esses 23 blindados, que devem chegar até o final de 2018, o Corpo de Fuzileiros Navais da MB terá em seu acervo operacional 49 unidades de CLAnf. Esse será o maior quantitativo entre os fuzileiros das nações da América do Sul.

 

Fonte: Dialogo Americas

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