Manifestantes no Irã que realizaram três dias de protestos por conta de dificuldades econômicas e suposta corrupção devem pagar um preço alto caso quebrem a lei, afirmou o governo neste domingo.
As pessoas protestam em Teerã, Irã 30 de dezembro de 2017 nesta imagem estática de um vídeo obtido por REUTERS
A onda de manifestações contrárias ao governo em diversas cidades é o maior desafio para líderes do Irã desde agitações em 2009 que seguiram por meses após a reeleição do então presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Manifestantes atacaram bancos e prédios do governo e queimaram uma motocicleta da polícia. Dois manifestantes foram mortos a tiros na cidade de Dorud, no oeste do país, na noite de sábado. O vice-governador da província de Lorestan culpou agentes estrangeiros pelas mortes.
“Nenhum tiro foi disparado pela polícia e forças da segurança. Nós encontramos evidências de inimigos da revolução, grupos Takfiri e agentes estrangeiros neste confronto”, disse Habibollah Khojasteupour em uma entrevista à TV estatal neste domingo. Takfiri é um termo para militantes sunitas, especialmente do Estado Islâmico.
A mídia estatal também citou o ministro do Interior, Abdolreza Rahmani Fazli, como tendo dito: ”Aqueles que danificam propriedades públicas, violam a lei e ordenam e criam agitações são responsáveis por suas ações e devem pagar o preço”.
Os protestos tiveram gritos e slogans contra o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e a liderança clerical no poder desde a revolução de 1979.
De acordo com a televisão estatal, citando uma fonte neste domingo, o Irã vai restringir temporariamente o acesso às mídias sociais e a aplicativos de mensagens para controlar os protestos.
“Foi decidido no nível mais alto de segurança restringir o acesso ao Telegram (aplicativo de mensagens) e ao Instagram”, disse a fonte.
Fonte: Reuters
Protestos se alastram no Irã
Manifestações contra inflação e desemprego ganham nova dimensão e se voltam contra o governo Rohani e o regime. EUA declaram apoio, enquanto forças de segurança tentam abafar movimento.
Manifestante durante protesto em Teerã: dezenas de detenções
As marchas contra os problemas econômicos e o governo Hassan Rohani ganharam nova dimensão no Irã, com uma escala na violência e nas detenções. Ao menos dois manifestantes foram mortos e dezenas detidos, em protestos que, apesar de pacíficos, foram considerados ilegais por Teerã.
Os protestos começaram na quinta-feira em Mashhad, cidade de 2 milhões de habitantes no noroeste do país, e se expandiram por várias cidades nos dias seguintes. Eles tiveram inicialmente como alvo a inflação e o desemprego, mas logo se voltaram contra o governo Rohani e o regime como um todo.
Neste domingo (31/12), o governo disse que os manifestantes vão “pagar” por seus atos. “Aqueles que romperem a ordem e violarem a lei serão responsabilizados por seu comportamento. A propagação de terror será confrontada”, afirmou o ministro do Interior, Abdolrahman Rahmani Fazli.
Segundo a agência de notícia France-Presse, a mídia estatal mostrou imagens de manifestantes destruindo fachadas de bancos e prédios governamentais, inclusive em Teerã. Pelo menos 80 pessoas teriam sido detidas apenas em Arak, cidade a sudoeste da capital.
Estudantes protestam diante da Universidade de Teerã
Como grande parte da informação é controlada pela imprensa estatal e restrições impostas a jornalistas estrangeiros, ainda não está clara a real dimensão dos protestos, que não foram autorizados pelo governo. Nas mídias sociais, é possível ver grupos cantando também slogans contra a República Islâmica, instaurada após a revolução de 1979.
Segundo o jornal britânico The Guardian, os protestos já podem ser considerados o maior desafio ao regime desde a chamada Revolução Verde, de 2009, quando uma série de manifestações tomou as ruas do país contra supostas fraudes eleitorais e em apoio ao candidato reformista.
As duas mortes neste sábado aconteceram na cidade de Dorud, no noroeste do país. As circunstâncias ainda não estão claras, mas, nas mídias sociais, as denúncias são de que a polícia foi responsável. O governo nega envolvimento.
Os manifestantes entoaram lemas contrários a Rohani e favoráveis à independência, à liberdade e à República Iraniana, expressando sua rejeição ao apoio econômico do governo a alguns países da região, enquanto a população local atravessa dificuldades econômicas.
Rohani assumiu para um segundo mandato em agosto, com promessas de revitalizar a economia, minada por sanções internacionais. Os investimentos estrangeiros estão em alta, mas o país continua a sobreviver, sobretudo, da venda de petróleo.
O desemprego entre jovens atingiu recentemente a marca de 40%. Muitas das sanções internacionais foram revogadas com o acordo nuclear de 2015, mas medidas unilaterais americanas contra transações financeiras com o Irã continuam a minar a economia e impedem a maioria dos bancos ocidentais de conceder crédito a iranianos.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mostrou apoio aos manifestantes e disse às autoridades iranianas que “o mundo está observando”. “Os regimes opressores não podem durar eternamente, e chegará o dia em que o povo do Irã poderá escolher. O mundo está observando!”, escreveu Trump em sua conta pessoal do Twitter.
Fonte: DW
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