Apesar de abertura de Tillerson, Casa Branca diz não ser hora certa para conversas com Coreia do Norte

Nenhuma negociação pode ser feita com a Coreia do Norte até que o país melhore seu comportamento, disse nesta quarta-feira uma autoridade da Casa Branca, levantando dúvidas sobre a oferta do secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, de iniciar conversas com Pyongyang a qualquer momento e sem condições prévias.

Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, conclui suas observações sobre a relação EUA-Coreia durante um fórum no Atlantic Council em Washington, EUA, 12 de dezembro de 2017. REUTERS / Jonathan Ernst

Por Matt Spetalnick e David Brunnstrom

“Dado o teste de mísseis mais recente da Coreia do Norte, claramente agora não é o momento”, declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca à Reuters.

    Tillerson disse na terça-feira que os EUA estão “prontos para conversar a qualquer momento em que a Coreia do Norte quiser conversar”, aparentando se distanciar de uma demanda essencial dos EUA de que Pyongyang deve primeiro aceitar que quaisquer negociações terão que ser sobre desistir de seu arsenal nuclear.

A Casa Branca se negou a dizer se o presidente Donald Trump, que adotou uma linha retórica mais dura contra a Coreia do Norte do que Tillerson, deu aprovação para a abertura.

    Um dia após a aparição de Tillerson no think tank Atlantic Council, em Washington, a autoridade da Casa Branca, que se negou a ser nomeada, estabeleceu uma fórmula diferente para qualquer ação diplomática com a Coreia do Norte.

    “O governo está unido em insistir que quaisquer negociações com a Coreia do Norte devem aguardar até que o regime melhore fundamentalmente seu comportamento”, disse a autoridade. “Como o próprio secretário de Estado disse, isto precisa incluir, mas não é limitado a, nenhum novo teste nuclear ou de mísseis”.

Em seu discurso, no entanto, Tillerson, não definiu explicitamente um congelamento de testes como uma exigência antes que conversas possam começar. Ele disse que será “difícil conversar” caso Pyongyang decida testar outro aparato em meio a discussões e que “um período de silêncio” será necessário para discussões produtivas.

    Isto acontece em meio a tensões elevadas entre Washington e Pyongyang sobre avanços bélicos da Coreia do Norte e trocas recentes de retóricas belicosas que aumentaram temores na Ásia sobre o risco de conflito militar.

Fonte: Reuters

“Contradições entre Trump e Tillerson enfraquecem posição dos EUA contra Coreia do Norte”

© REUTERS/ Carlos Barria

A fala do ex-secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson na terça-feira pode até dar a entender que os EUA estão prontos para iniciar negociações com a Coreia do Norte sem condições prévias, mas não é bem assim, argumenta especialista.

Durante uma entrevista coletiva de quarta-feira, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Heather Nauert, disse a jornalistas: “(…) Estamos dispostos a sentar e conversar com eles, mas agora é não o momento certo. O Secretário não está criando nenhuma nova política. Nossa política permanece exatamente como era”.

Autor do recém-lançado livro “The US vs China: The New Cold War of Asia?”, Jude Woodward explicou à Rádio Sputnik como a mudança dos EUA na retórica norte-coreana retrata a instabilidade da política externa dos EUA. O especialista indicou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou repetidamente o ceticismo sobre a negociação com a Coreia do Norte.

“Trump não conseguiu construir uma política externa estável, com as pessoas sendo deslocadas de uma posição para outra. Eu acho que esta não é a primeira vez que Tillerson disse o que pensa ser necessário quanto à Coreia do Norte. O [ex-estragista da Casa Branca] Steve Bannon também disse não apoiar uma solução militar com a Coreia do Norte e defendeu negociações”, explicou Woodward.

China no centro das atenções

A evolução das relações China-Coreia do Sul também é ditada pela realidade da questão norte-coreana.

Também à Rádio Sputnik, o especialista em China, Keith Bennett debateu a chegada do presidente sul-coreano Moon Jae-in em Pequim em uma missão para aprofundar as relações econômicas entre os dois países depois que as relações terem estremecido com a instalação do controverso sistema antimísseis THAAD em território sul-coreano.

“A questão THAAD é percebida pela China como uma ameaça à sua própria segurança, ainda maior que a ameaça da Coreia do Norte. Essa questão não desapareceu. Eles [Moon e Xi Jinping] concordaram em tentar avançar, mas desde então tem havido um certo endurecimento da posição chinesa. O que os chineses esperavam da Coreia do Sul era o comprometimento de Moon em não expandir a instalação do sistema THAAD, que Seul não se unisse a nenhum sistema regional de defesa antimíssil e que não haja uma aliança militar entre os EUA, a Coreia do Sul e o Japão”, explicou Bennett.

Fonte: Sputnik

 

 

 

 

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