O que está por trás da polêmica decisão de Trump sobre Jerusalém

REUTERS – Ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel, Trump preocupou comunidade internacional

Amanda Rossi

Donald Trump prometeu em campanha e cumpriu: Jerusalém foi reconhecida pelos Estados Unidos como a capital de Israel. A decisão, anunciada nesta quarta-feira, provocou reações críticas de líderes políticos e religiosos de todo o mundo – do Papa Francisco ao governo chinês.

O temor generalizado é que a medida dificulte – e até inviabilize – os históricos esforços de negociação de paz entre Israel e Palestina. Mas especialistas ouvidos pela BBC Brasil acreditam que Trump não levou em conta esse conturbado cenário regional ao tomar a decisão.

O que estaria em jogo seriam assuntos domésticos dos próprios EUA. Especialmente a tentativa do presidente americano de agradar suas bases eleitorais. A mais importante delas é a dos evangélicos conservadores, que advogava pelo reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel.

“Trump foi movido por uma pressão da direita evangélica republicana. Não tem nada a ver com aproximar Israel e Palestina de um acordo. Pelo contrário, essa decisão só os separa ainda mais”, afirma J.J. Goldberg, editor da Forward, revista americana voltada para a comunidade judaica.

Evangélicos

O papel dos evangélicos na política internacional americana a respeito de Israel é cada vez maior, explica Kenneth Wald, professor de ciência política da Universidade da Flórida. O grupo teria começado a ter relevância política nos anos 1980, e hoje já representaria uma das maiores e mais leais bases do Partido Republicano.

“Qualquer presidente quer manter sua base contente. Mas precisa estar atento às consequências. Por isso, os antecessores de Trump, inclusive os que eram comprometidos com Israel, viram essa medida como imprudente”, continua Wald.

A influência dos evangélicos na decisão de Trump teria sido maior até que a dos judeus americanos. Primeiro, porque Trump não tem uma boa interlocução com a comunidade judaica nos Estados Unidos. Segundo, porque os judeus representam um grupo muito menor na sociedade americana que os evangélicos.

E terceiro, porque apenas os judeus ortodoxos estariam interessados na solução adotada por Trump. Os judeus mais ao centro e à esquerda prefeririam uma solução negociada. “A decisão de Trump também não tem a ver com a comunidade judaica, que é majoritariamente liberal”, diz Goldberg.

GETTY IMAGES – Evangélicos conservadores advogavam pelo reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israe

‘Política por impulso?’

Já Michael Barnett, professor de assuntos internacionais da Universidade George Washington, discorda que os evangélicos tenham sido tão relevantes na decisão de Trump. Para ele, é difícil encontrar uma explicação razoável.

“Não faz sentido fazer isso. Parece ser uma política dirigida por impulso. Trump decide ignorar as recomendações e fazer o que tem na cabeça. Não há uma estratégia internacional.”

Contribui para essa visão o fato de que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, e a futura transferência da embaixada dos EUA, foram apresentados como medidas isoladas. Parecem não fazer parte de uma estratégia política mais ampla.

Se por um lado o anúncio do presidente foi uma surpresa para o mundo, por outro não destoa de outras das suas polêmicas posturas internacionais, como a saída dos EUA do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, o rompimento da Parceria Transpacífico e até as ameaças públicas a Kim Jong-un, da Coreia do Norte.

“Trump mostra nenhum interesse em considerar qualquer tipo de opinião mundial”, avalia Goldberg.

A decisão de Trump vai na mesma direção de uma medida aprovada em 1995 pelo Congresso dos Estados Unidos, prevendo a transferência da Embaixada americana em Israel para Jerusalém. No entanto, isso nunca havia sido posto em prática, porque era necessária aprovação da Presidência dos Estados Unidos. Desde então, em todos os semestres, o ato do Congresso foi encaminhado aos presidentes americanos, mas a praxe sempre foi renunciar a mudança. Apesar de parecer contraditório, foi o que o próprio Trump fez – o replubicano também assinou a renúncia, para que haja tempo de iniciar a transferência da embaixada.

GELIA – Jerusalém é uma cidade sagrada para judeus, cristão e muçulmanos

Por que evangélicos querem Jerusalém como capital de Israel?

Nos Estados Unidos, as razões para o apoio dos evangélicos ao reconhecimento de Jerusalém como capital são principalmente religiosas. ”

Há muita diversidade no mundo evangélico, mas há uma ideia comum de que o destino de Israel é importante para o futuro religioso dos evangélicos”, afirma Wald.

Alguns acreditam que, por razões bíblicas, Israel é o lugar destinado a agregar os judeus. Outros creem que o messias pode retornar para Jerusalém, vista como a Terra Sagrada e, para isso, é importante que ela esteja nas mãos de Israel, e não dos muçulmanos.

Assim, há uma espécie de ponte entre a história de Israel bíblico e a do Estado moderno de Israel.

Mas nem todos os evangélicos americanos compartilham dessa visão.

“Muitos evangélicos, como eu, não gostam do romance recente entre a igreja e a política republicana, e se preocupam com a mudança da embaixada americana. Para nós, a construção da paz e a busca de Justiça são grandes virtudes”, escreveu o professor de estudos bíblicos Gary M. Burge, em artigo para a revista The Atlantic.

Para analistas, Trump desconsiderou esforços em busca de paz na região

Quais as consequências para israelenses e palestinos?

O representante dos palestinos no Reino Unido, Manuel Hassassian, disse à BBC que a medida será o “beijo da morte” nas negociações de paz baseadas no reconhecimento de dois Estados.

“Ele está declarando guerra no Oriente Médio contra 1,5 bilhão de muçulmanos e centenas de milhões de cristãos que não irão aceitar que os santuários sagrados estejam totalmente sob a hegemonia de Israel”, disse Hassassian.

Acadêmicos também estão em alerta. “Os riscos são inacreditáveis. Quem pensava que poderia haver uma solução negociada entre Israel e Palestina, que levasse à coexistência de dois Estados, não pensa mais nisso. O que sobra para os palestinos? Não sobra muito. Vão sentir que os EUA já determinaram o futuro de Jerusalém”, diz Barnett, da Universidade George Washington.

“Por isso, pode ser um ponto de inflexão na política palestina. Pode espalhar-se uma Terceira Intifada (insurreição de palestinos contra Israel). Além disso, uma medida como essa deixa os oponentes dos Estados Unidos mais dispostos a enfrentar riscos. Essa é a ferramenta de recrutamento (de militantes) que al-Qaeda, o autodenominado Estado Islâmico e Hezbollah adorariam usar”, completa Barnett.

Há ainda quem tenha uma visão mais moderada e acredite que a medida de Trump possa facilitar as negociações entre Israel e os líderes palestinos. É o caso de Jonathan Sarna, professor de história judaica americana na Universidade de Brandeis, Massachusetts.

“Muitas pessoas no mundo muçulmano acreditavam que o tempo estava ao lado deles. Por isso, não queriam sentar à mesa de negociação. Mas agora a situação se inverte. É a hora de negociarem com Israel”, afirma.

Sarna não acredita no surgimento de um conflito, porque, na sua visão, Israel tem forças “capazes de conter a violência árabe”.

Fonte: BBC Brasil.com

 

 

13 Comentários

  1. Meus caros,

    Trump ao meu ver, agiu corretamente.

    Trump, é o anti-Obama, o anti-globalista, o anti-hedonistagay, por conta disso tudo e muito mais, que a mídia impregnada, entorpecida por essas coisas senta o pau nele e fazem campanha para desmoraliza-lo, demoniza-lo. Buscando assim derruba-lo. Evidentemente, contando com o patrocínio do estado-profundo criminoso americano, e globalista.

    A mídia Ocidental busca de todas as formas fazer uma lavagem cerebral na cabeça das massas para que esta, não entenda de fato o que está ocorrendo(distorcem tudo, na defesa da agenda globalista de poderosos grupos, com o qual estão mancomunados), e, assim odeiem Trump, que na verdade é uma pedra no sapato destes, por conta de não rezar pela cartilha da agenda destes grupos. Mas, em uma outra ocasião me estenderei mais sobre este assunto cabeludo…

    Grato

    Ps. Não se esqueçam, que, nem sempre as coisas são como parecem ou pintam…

    • Correta linha de raciocínio meu caro praefectus, poucas pessoas conseguem enxergar além das traves colocadas pela desinformação globalista bilionaria, aos poucos a oposição a esse sistema cria músculos e a eleição de Trump é a prova disso.

    • O sr falou falou falou e não disse nada não explicou o porque o sr acha que Trump agiu correctamente. O sr falou lavagem cerebral mas esqueceu de apresentar argumentos

      • Lunatico meu caro,

        agiu corretamente porque Jerusalem foi, é e sempre será Israel.

        Os argumentos estão todos ali meu caro, quando me refiro ao que Trump é…

        Raciocine um pouquinho mais e você pegará o fio da meada.

        Abraço

      • Lunatico,

        disseste bem, por quanto Jerusalém passa a ser reconhecida como Israel após a ocupação/fundação pelo povo Hebreu.

        Meus caros, até a chegada do povo Hebreu a Canaã(atual Israel e Palestina), esta era habitada pelos hititas, os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus e os jebuseus. Imagino que alguns talvez objetem dizendo que os cananeus já viviam lá e, portanto, tinham o direito de continuar naquela terra. Mas, lhes digo com certeza, o Soberano do Universo(DEUS) tem o direito supremo de determinar quem deve morar em certo lugar – Atos 17:26; 1 Coríntios 10:26.

        Agora, Deus faz isso, como faria o ser humano por capricho?? Evidentemente que não! Porque o Senhor Deus é justiça, é amor, nada lhe é oculto. E, como está escrito em Salmo 5:4-5 “Pois tu não és Deus que se agrade com a iniqüidade, e contigo não subsiste o mal”.

        Os cananeus, em certo sentido, tomaram posse de uma terra que não lhes pertencia. Como assim? Hora, cerca de 400 anos antes, Deus havia prometido ao fiel Abraão que seus descendentes herdariam a terra de Canaã(Gênesis 15:18). Deus cumpriu sua promessa quando fez com que a nação de Israel, que descendeu de Abraão, ocupasse a região.

        Meus amigos, Moisés, como porta-voz de Deus, tornou claro aos judeus os motivos de Deus para tal atitude, em Deuteronômio 9:5 que diz: Não é por causa da tua justiça, nem pela retitude do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela maldade destas nações o SENHOR, teu Deus, as lança de diante de ti; e para confirmar a palavra que o SENHOR, teu Deus, jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó.

        Foi a iniquidade dos cananeus que causou sua expulsão. Estes eram dado a imoralidade, a adoração pagã, faziam sacrifícios de humanos, eram dado a todo tipo de torpeza.

        O Senhor Deus viu com bastante antecedência que o povo de Canaã estava indo no caminho errado. Mas em vez de destruí-los imediatamente, mostrou paciência e deixou passar 400 anos até que o seu erro “se completasse” Gênesis 15:16.

        Quando os pecados dos cananeus atingiram um ponto limite estipulado por Deus, o Senhor os destruiu. A mensagem é clara. Os cananeus foram removidos porque poluíram a terra com sua crassa imoralidade – seus adultérios, seu homossexualismo, e seu derramamento de sangue humano.

        A partir daí O Senhor Deus determina que os Hebreus tomem posse daquela Terra, e não façam como os antigos moradores para não terem o mesmo fim destes – Levítico 18:24-26; 20:22.

        Como Cristão eu creio na Bíblia como Palavra de Deus.

        Portanto embasado nisto digo que Jerusalém é Israel.

        Grato

  2. As reacoes dos mulssumanos aqui em Europa me faz rir porque eles se sentem traidos por Trump, pelos EUA. Rio porque Trump fez o que prometeu na sua campanha eleitoral. Bestas iludidas foram aqueles que esperavam outra coisa de Trump. Repito preferi que ele ganhasse as eleicoes nos EUA porque ja estava me causando nausea ouvir o nome dos Clintons. Mas sabia que o homem era mafioso, um dos herdeiros dos casinos de Meyer Lansky,o verdadeiro Chefao dos Chefoes Mafiosos dos EUA de 1930 ao final da decada de 1960. Trump sempre teve vinculos sociais e comerciais com os sionistas. Seus filhos e filhas, com excetuando de um filho menor de idade, sao todos casados com Judeus. Os diretores de suas empresas, sao todos judeus. Um de seus conselheiros e um judeu casado com sua filha e amigo pessoal do primeiro ministro de Israel. Enfim Trump nao traiu ninguem besta e quem confiava nele

    • Trump fez o que prometeu, e como vc mesmo diz ele não traiu ninguém, me parece ser isso fruto de um homem de caráter.
      Não tinha essa visão da pessoa de Trump, achava que ele era um fanfarrão mas vejo que me enganei.

  3. Dizer que os mulçumanos se sentem traidos pelo EUA é uma piada. São os Arabes e Mulçumanos que chamam o Ocidente de Infiés e como vão confiar nos Infies que so lhe da guerras e discordia entre eles? Os capachos do EUA no medio Oriente nada mais podem fazer se não seu papel de ofendido. Como o caso da A.Saudita que anda de maos dadas com EUA e Israel..o mundo arabe e mulçumano e traido e enganado pelos seus proprios lideres que de dia grita contra os Infies e de noite aceita o luxo e luxuria as modernices e dinheiro a vida boa e boemia dos Infies. Toda politica Americana segue uma agenda secreta “Judia” ou melhor dizendo Iluminati. Os tais da NWO .Jerusalem é so o principio das Profecias. Poucos são os paises tiveram coragem de se pronunciar abertamente sobre Jerusalem

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