E.M.Pinto
” … Ao fim do arco íris, há um pote de ouro”,
Esta crença popular nunca fez tanto sentido. Por outro lado, nas palavras do piloto de testes da BAE Pete Kosogorin,
” O F35 vale cada centavo pago por ele”.
Diante dos eventos recentes, o programa F 35 britânico tem sido alvo das mais duras críticas em toda a sua história, especialmente devido aos incidentes recentes que têm colaborado para uma onda crescente de descontentamento e desaprovação da continuidade das aquisições do revolucionário caça furtivo.
Em meio as controvérsias de aumentos sucessivos de custos, a Grã-Bretanha pode reduzir pela metade o pedido de aviões de combate F-35. As razões? A crescente lista de problemas enfrentados pela aeronave e a inegável redução proposta no orçamento de defesa do Reino Unido.
Com um pedido inicial para 138 aeronaves é a primeira vez que as autoridades parlamentares e militares sugeriram a redução no número de caças em razão da não clareza dos custos operacionais do vetor.
Parlamentares britânicos estão de cabelo em pé com as recentes alegações de que o Ministério da Defesa do Reino Unido provavelmente deverá pagar mais que US$ 103 milhões por aeronave, extrapolando a estimativas de custos de US$ 12 bi.
A espiral crescente dos custos do programa são devidos em parte à queda no valor da libra, um problema interno, porém, aliada a isto, há uma série de falhas técnicas que atingiram o programa F-35 neste ano em particular.
Soma-se a isto o fato do governo exigir uma economia de nada menos que US$ 39 bilhões para as forças armadas da Grã-Bretanha, o que em especial, colocou a RAF e RN no olho do furacão devido aos inegáveis problemas no programa F 35.
A situação se agravou após a consulta do parlamento britânico por meio dos deputados do Comitê de Defesa que ouviram das autoridades envolvidas no programa, que:
“Não é possível prever com precisão os custos dos aviões de combate, pois o Ministério da Defesa imperativamente terá que “fazer ajustes no programa”.
Até agora, a Grã-Bretanha já ordenou a entrega de 48 F-35, porém o Secretário Permanente Stephen Lovegrove opõe-se a pagar pelas demais 70 aeronaves, enquanto os problemas forem relatados durante os testes nos EUA.
Lovegrove foi duro e disse que seria “imprudente” e “enganador” adquirir os demais caças enquanto o programa ainda não soluciona questões básicas de operacionalidade.
O alerta soou no Parlamento e até mesmo nos defensores do projeto. O deputado Mark Francois, ex-ministro da Defesa, disse que o público ficaria “bastante chocado” ao saber sobre os custos do F 35, segundo ele não é de se admirar que as pessoas tenham algum ceticismo quanto ao orçamento no Ministério da Defesa.
O próprio presidente do Comitê de Defesa Julian Lewis, não recebeu de bom agrado as notícias e indicou que isso pode significar numa inevitável degola no programa, com uma redução ordem de aquisição.
Nos últimos meses o programa relatou cinco incidentes graves envolvendo os pilotos que sofreram sintomas semelhantes a hipóxia (falta de oxigênio) durante os voos de testes, mas estes não foram os únicos relatos, há incidentes envolvendo perda de consciência e até mesmo de manobrabilidade da aeronave em voos de testes.
Dirigindo-se ao Ministério da defesa, Lewis questionou sobre a segurança garantida pelas 48 aeronaves já encomendadas, mas não deu “segurança” sobre a possibilidade de aquisição das demais frente a estes problemas.
Em meio ao fogo cruzado, o programa recebeu mais um balde de água fria, desta vez, das declarações do Tenente General Stephen Poffley, vice-chefe de Estado-Maior da Defesa, que reforçou a hipótese de drásticos cortes dizendo
“Consideramos exatamente essa dinâmica no ponto em que era evidente que não conseguiríamos prosseguir nosso plano original de 138, mas isso é certo.”
Poffeley no entanto ressaltou que se tomadas estas decisões, isto significaria que a Grã-Bretanha teria que manter na ativa as aeronaves mais antigas, sendo que muitas delas já estariam em estágio avançado de obsolescência e desgaste. Deste modo tanto a RAF quanto a RN estariam em situação de penúria, sem um vetor moderno para suprir as suas necessidades defensivas, especialmente quando os adversários potenciais têm demonstrado melhorias nas suas capacidades.
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