Premiê afirma ter reconsiderado sua decisão após pedido presidencial. Ele retornou poucas horas antes a Beirute, depois de ter permanecido duas semanas no exterior e anunciado sua renúncia na Arábia Saudita.
Presidente Aoun e Hariri durante uma parada militar em Beirute, após premiê ter reconsiderado sua renúncia
O primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, anunciou nesta quarta-feira (22/11), em Beirute, que suspendeu sua renúncia após um pedido do presidente Michel Aoun.
Num discurso transmitido pela televisão, Hariri disse ter decidido pôr a renúncia de lado e salientou que os interesses do Líbano estão acima de tudo. “Hoje apresentei minha renúncia ao presidente, e ele me pediu para que a suspendesse temporariamente diante de novas conversações sobre os motivos que levaram a ela”, declarou Hariri.
Aoun havia se recusado a aceitar oficialmente a renúncia do premiê até que ele retornasse ao país e fizesse o pedido pessoalmente. Em entrevista na televisão em 12 de novembro, Hariri já havia dado a entender que ainda poderia rever sua decisão, mas apenas se o grupo militante xiita Hisbolá assumisse o compromisso de respeitar a política do governo libanês e não se envolver em conflitos regionais.
Hariri retornara a Beirute poucas horas antes, Duas semanas atrás, ele anunciara, de forma inesperada, sua renúncia ao cargo. O chefe de governo estava na Arábia Saudita quando fez o anúncio e não pisava no Líbano desde então.
A televisão libanesa exibiu imagens ao vivo da chegada de Hariri ao aeroporto internacional de Beirute, onde ele aparece descendo de um avião em meio a um forte esquema de segurança.
O premiê não falou com os jornalistas que o aguardavam no terminal. Após deixar o local, seguiu para sua residência, no centro de Beirute, mas antes visitou o túmulo do pai, Rafiq Hariri, que também foi primeiro-ministro do país e morreu num atentado com carro-bomba, em 2005.
Antes de chegar à capital libanesa, Hariri fez paradas nesta terça-feira no Egito e no Chipre, onde se encontrou com os presidentes de cada país, Abdel Fattah al-Sisi e Nicos Anastasiades, respectivamente, para debater a crise no Líbano e na região do Oriente Médio.
Hariri havia passado duas semanas em Riad após seu anúncio de demissão, e depois viajou à França a convite do presidente Emmanuel Macron. No sábado passado, os dois líderes se reuniram no Palácio do Eliseu, em Paris, onde também debateram a crise política que assola o Líbano desde o anúncio de renúncia do premiê.
Na capital francesa, o chefe de governo libanês já havia antecipado que voltaria a Beirute nesta semana para participar das celebrações do Dia da Independência, em 22 de novembro. A cerimônia é normalmente comandada pelo presidente, primeiro-ministro e chefe do Parlamento libanês.
Renúncia inesperada
O primeiro-ministro anunciou sua renúncia em 4 de novembro passado durante uma visita à Arábia Saudita, gerando uma crise política no Líbano. Na ocasião, ele disse temer ser assassinado, atacou o Hisbolá e criticou a ingerência do Irã em seu país.
Grupos políticos libaneses, por outro lado, acusam a Arábia Saudita de ter obrigado Hariri a renunciar, como forma de atingir indiretamente o Hisbolá, aliado do governo libanês. Aoun também disse duvidar que a decisão de Hariri tenha “refletido sua vontade”.
O premiê, por outro lado, rechaçou tais alegações e disse ter escrito sua carta de renúncia com “a própria mão”. Ele ainda concordou que “teria sido melhor” ter renunciado a partir do Líbano, mas alegou correr perigo em seu país.
O anúncio de renúncia de Hariri trouxe o temor de que o Líbano, país de frágeis equilíbrios entre as suas diversas comunidades, caia de novo na violência.
Fonte: DW
Hariri é um fraco, não merece estar na alta cúpula do Líbano depois de ter protagonizado tamanhas palhaçadas!
Hariri, que foi colocado no poder com apoio saudita, repentinamente foi convocado pela rei saudita, para ir para Riad.
Saiu as pressas e ao chegar na Arabia Saudita, já no aeroporto foi recepcionado por forças policiais que o obrigaram a permanecer incomunicável e em prisão domiciliar por 15 dias , na própria residencia que Hariri possui na Arábia Saudita…
O texto de renuncia que ele leu foi claramente redigido pelos sauditas, que obrigaram a ler em comunicado público…A mulher e filha (e/ou filho) de Hariri que residem em Riad foram impedidas de viajar, servindo como ferramenta de ameaça/chantagem contra Hariri, forçando sua renuncia declarada a partir de dentro do território saudita…
Enquanto isto acontecia, ao mesmo tempo houve um grande golpe palaciano dentro da família real saudita.
Sob o comando de Moahmmed bin Salman, o novo rei, mais de mil personalidades sauditas foram presas no decurso do golpe palaciano do passado dia quatro. A grande maioria, figuras associadas a outros concorrentes ao trono.
De acordo com o Wall Street Journal, o total de bens confiscados a adversários e rivais políticos do príncipe herdeiro Mohammed Ben Salman é de 800 milhões de dólares.
Hariri, foi colocado no cargo pela facção da familia real saudita agora derrubada do poder e a nova facção no poder parece que tentou forçá-lo a renunciar…
Emfim, apesar de sequestrar e ameaçar um primeiro ministro de outro país soberano ser um completo escarnio com o direito internacional, tudo foi varrido para baixo do tapete pela mídia ocidental, que deu baixa repercussão para este imbroglio todo.
Mesmo assim a coisa fedeu, as diversas facções políticas libaneses (incluindo o Hezbolla) se uniram internamente e apoiaram Hariri, o que parece ter sido decisivo para que Hariri desistisse da renuncia…