O acordo secreto que garantiu a fuga de centenas de homens do Estado Islâmico na Síria

Imagine dirigir um caminhão pelas cidades bombardeadas da Síria… com extremistas do autoproclamado Estado Islâmico na caçamba.

Até pouco tempo atrás considerada a capital do Estado Islâmico, a cidade de Raqqa, na Síria, foi retomada pelas Forças Democráticas Sírias no mês passado.

Mas só agora veio à tona a verdade sobre o acordo que foi feito para dar fim à batalha pela cidade.

Ele foi aceito pela coalizão das Forças Democráticas Sírias – liderada pelos curdos e integrada por soldados de dezenas de nacionalidades e religiões diferentes.

Pensava-se que apenas alguns jihadistas locais do EI tinham sido liberados, sem carregarem armas. Nenhum tipo de armamento nem extreministas vindos de outros países teriam saído da cidade.

No entanto, vídeos feitos por cinegrafistas amadores mostram um combio de caminhões carregando centenas de combatentes do EI – durante a evacuação, a presença da mídia não foi permitida e nenhuma filmagem da fuga foi autorizada.

Os motoristas foram contratados pelas Forças Democráticas Sírias. Eles ouviram que dirigiriam por algumas horas levando civis para fora da cidade.

Mas na verdade tiveram que carregar jihadistas, boa parte estrangeiros, por dias.

O eixo de um dos caminhões chegou a quebrar porque estava sobrecarregado com as armas carregadas pelos extremistas em fuga.

Trauma e medo

Um motorista diz que havia 47 caminhões, 13 ônibus e alguns veículos dos próprios combatentes.

“Nosso comboio chegava a seis ou sete quilômetros de comprimento. Levamos 4 mil pessoas, incluindo mulheres e crianças”, diz.

 

https://www.youtube.com/watch?v=D2cL61DGw94

Aeronaves da coalizão de defesa da Síria sobrevoaram o comboio sem fazer nada.

Os caminhões passaram pela vila de Shanina. Lá, um comerciante diz que os extremistas deixaram a estrada principal, pegando uma trilha no deserto. Eles disseram que iriam decapitar qualquer um que os denunciasse.

“Vai demorar um pouco para nos livrarmos do trauma e do medo”, afirma uma moradora. “A gente sente que eles podem voltar para nos pegar ou mandar espiões. Ainda não temos certeza de que eles realmente se foram.”

Por que há uma guerra na Síria?

A guerra civil na Síria já dura mais de seis anos. Ela começou com a perseguição da oposição pelo governo de Bashar al-Assad durante a revolta inspirada pela chamada Primavera Árabe.

A violência rapidamente aumentou no país: grupos rebeldes se reuniram em centenas de brigadas para combater as forças oficiais e retomar o controle das cidades e vilarejos.

Em 2012, os enfrentamentos chegaram à capital, Damasco, e à segunda cidade do país, Aleppo.

O conflito já havia, então, se transformado em mais que uma batalha entre aqueles que apoiavam Assad e os que se opunham a ele – adquiriu contornos de guerra sectária entre a maioria sunita do país e xiitas alauitas, o braço do Islamismo a que pertence o presidente.

Durante a presidência de Barack Obama, os Estados Unidos culpavam Assad pela maior parte das atrocidades cometidas no conflito e exigiam que ele deixasse o poder como pré-condição para a paz.

A rebelião armada da oposição evoluiu significativamente desde suas origens.

O número de membros da oposição moderada secular foi superado pelo de radicais e jihadistas – que defendem a chamada “guerra santa” islâmica. Entre eles estão o autointitulado Estado Islâmico e a Frente Nusra, afiliada à al-Qaeda.

Os combatentes do EI – cujas táticas brutais chocaram o mundo – criaram uma “guerra dentro da guerra”, enfrentando tanto os rebeldes da oposição moderada síria quanto os jihadistas da Frente Nusra.

Hoje a principal força lutando contra o EI são as Forças Democráticas Sírias, uma aliança de milícias de sírios curdos, árabes, assírios, armênios, turcos e circassianos. Eles defendem um governo secular e democrático e são apoiados pelos Estados Unidos e por potências europeias como o Reino Unido e a Alemanha.

Fonte: BBC Brasil.com

Edição: Plano Brasil

24 Comentários

  1. Deveriam ser destruídos completamente. Grande erro. Com este tipo de extremista , acordo não existe. Rendição deveria ser total.

  2. Onde estava a toda poderosa Rússia do “deus” Putin que não bombardeou o comboio? Será que foi porque eram parte signatária do acordo?rs!

    • Raqqa fica do outro lado do Eufrates, S-88. Em tese a´rea controlada pela FFAA aliadas. Pelo canal que ele mantém com a Russia podem ter pedido prioridade de voo na área naquele dia, o que fazem ambos os lados lá. Apenas uma conjectura, não estou afirmando. Outra, e mais provável é que sim eles estavam sabendo, até que porque o acordo que permitiu a saída de “algumas dezenas” de soldados do IS já era de conhecimento público. Só não sabia-se (pelo menos o público no geral) que as “dezenas” passava de mil soldados.

      O bla,blá, blá está grande por que a BBC acaba de descobrir que a guerra na Síria é “suja”. Ela não costuma publicar nada que contradiga a narrativa oficial ocidental.

      • E assim a Síria segue para ser “balcanizada” territorialmente.

        Essas “transferências” de jihadistas e membros do EI, estão sendo feitas desde antes da retomada de Aleppo. Tanto por membros da coalizão liderada pelos EUA, quanto pelo governo Sírio.

        Normalmente, o acordo tácito, ao que se especula (e pelo que acontece posteriormente, nem pode ser considerado como especulação) redireciona a presença militar massiva do ISIS das áreas urbanas, para as porções desérticas, evitando um banho de sangue durante a desocupação.

        Só que nisso, não só as forças extremistas mantêm certa estrutura de combate, apenas se reagrupando, nestas regiões, como também Curdos e membros das milícias rebeldes sacramentam um controle informal, indiretamente referendado por europeus e americanos, em áreas de conexão como Der Er Ezzor.

        Ademais, se considerarmos a vontade declarada de validar a independência curda sobre o território que hoje vai desde o sul da Turquia e se alastra até o norte do Iraque, passando por parte do território Sírio, temos aí um sério componente de conflito geopolítico durante uns próximos 30 anos no Oriente Médio.

      • É Claudiney, só que como você bem colocou a Guerra é suja por todos os lados envolvidos, inclusive sírios e russos, os mesmos russos que fazem cara de paisagem toda vez que a Heyl Ha’Avir ataca infraestruturas do Hezbollah em território controlado por Damasco.

        Moral da história: Assad é apenas um boneco!

  3. Todo mundo sabe disso, até aqui no PB … falamos isso anos … e os sionistas de plantão viviam dizendo que era mentira ..rsrsr …. tai ? .. e agora ? .. quem passa por MENTIROSO ?
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    Também tem muito sionista de meia-tigela ….que dizia que as TOYOTAS que o ISIS usam .. não eram ” doados” pelo tio Jacó e que Frente al-Nusra, que tem muitos integrantes do Hamas( uma cria de Israel para combater a OLP )… não é apadrinhado pelo titio jacó .
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    Pois é amiguinhos do PB .. a verdade sempre vem a tona ! ….e tem muito americanófilos depois que são pegos na MENTIRA …. ficam sem jeito e com sorriso amarelo .. sabe como é né ? …rsrsr … ficam igualzinho aqueles cachorros ..rsrs ..com olhar desconfiado quando cheiram a própria bosta . >:)

      • Tentativa alucinada de colar esta falsa interpretação de um rótulo bem sucedido! Agora fico mais convencido que você é impermeável a argumentos e dados e prossegue por missão (remunerada) ou paixão, com seu objetivo goebeliano. Não adianta, os fatos são mais fortes que as versões!

  4. Se estou entendendo bem quem fez acordo para a fuga da liderança do EL na Síria foi o governo sírio e seus associados.
    Mas não foi os EUA?
    Fiquei muito frustrado com essa notícia, queria tanto que fosse o norte americanos.

    • Pois não é meu amigo JLM!? A gente aqui, ansiosamente esperando para ser alguma maquinação “duzamericanú mau” ou “dussiúnista ladraum di terra” e eis que os sírios e os russos são signatários do acordo….?

  5. Eu penso que possa ser um sórdida estratégia de reunir a galera em um canto e depois tacar napalm na lomba deles, e outra coisa, acusar sem provas concretas é tapadice

  6. O detalhe interessante é que o clipping adveio da BBC…

    Ou seja, os ataques às fontes informativas, algo tão natural quando estas são provindas da Rússia, se esvaem e caem no ridículo, dado que o veículo de informação é inglês e estatal.

    E a informação é clara: os EUA protegeram os terroristas ao permitiram que estes saíssem de Raqqa sem lhes dar o devido combate.

    A informação é clara e objetiva, não carece de discussão.

    • Como eu disse acima Xarliane, onde estava a “toda poderosa” Rússia do “deus” Putin que não impediu tal movimento? Como se vê, quer a Rússia, quer Assad também são signatários desse acordo tácito…….

      Ps: Lembra daquela listinha de “assessores militares” estrangeiros lida por um estafeta sírio, que incluía norte-americanos, turcos e israelenses? Onde eles estão agora?

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