IMBEL: Kit redutor de calibre .22LR para Fuzil 5,56x45mm IA2

O uso de munições de sub-calibre em armas de fogo – e peças de artilharia também – está longe de ser uma novidade e seu objetivo é evidente: reduzir os custos de treinamento. Para aqueles que vivem em países onde os cartuchos de munição são abundantes e muito acessíveis para os indivíduos e, mais ainda, para instituições estabelecidas, como forças armadas e polícias, esta questão pode parecer irrelevante. Este não é o caso de muitos países ao redor do mundo, cujas economias têm que lidar com orçamento apertado o tempo todo. Nas nações em que as forças armadas e as forças de aplicação da lei recebem frequentemente uma importância menor do que o desejável pelos políticos tomadores de decisão, economizar dólares (ou outra moeda qualquer) no treinamento inicial pode ser a única maneira de dar aos conscritos e novatos a um programa de treinamento com armas de fogo um pouco decente, antes que possam ser escalados para desempenhar suas funções com um mínimo de qualidade. Entenderam o quadro geral?

O Brasil se encaixa perfeitamente nesse cenário. Não só os custos das munições são, em geral, muito elevados, mas as restrições orçamentárias também tendem a limitar para baixo de forma alarmante as aquisições. Um usuário de longa data (desde meados da década de 1960) de rifles FAL de 7.62x51mm feitos pela IMBEL – Indústria de Material Bélico do Brasil, o Exército Brasileiro, está agora em processo de complementação dos Fuzis 7,62 com o Fuzil IA2 calibre 5.56x45mm do mesmo fabricante. Sendo adotado, a munição de menor calibre é também mais barata do que a maior, mas ainda é cara neste recanto do mundo.

Até onde eu sei (por favor, corrijam-me os leitores do TFB), uma munição calibre 0,22LR custa um décimo do valor de uma munição calibre 5.56x45mm/.223 Remington nos EUA, enquanto no Brasil, por razões desconhecidas para este articulista, um cartucho de percussão na borda (rim-fire), fabricado no Brasil pela CBC – A Companhia Brasileira de Cartuchos, custa cerca de um terço de um cartucho de percussão central. No entanto, a diferença de custos continua sendo suficiente para justificar o emprego da munição calibre .22LR no treinamento de tiro inicial.

Antes de entrar em nos detalhes do kit de conversão IMBEL, vamos esclarecer alguns pontos. Obviamente, o redutor de calibre destina-se principalmente ao uso nas fases introdutórias do treinamento com fuzil, de modo que os recrutas possam aprender os princípios básicos do manuseio de armas, os procedimentos gerais de segurança, a utilização dos dispositivos de pontaria e, claro, à execução do tiro prático em linha de tiro com escala reduzida. Também, evidentemente, ao atirarmos com esse cartucho tão leve, de um fuzil que pesa mais de 3kg, geralmente temos a sensação (e nos parece!) que estamos atirando com um fuzil de ar-comprimido! Não se preocupe, porém. Em um estágio posterior, os recrutas receberão a arma de verdade para treinar e se acostumar com coisas como o recuo, o ruído, o fulgor das chamas, o calor, etc. E eles vão ajudar a gastar o estoque de munição de tão alto custo!

Ainda em testes, um protótipo do kit de conversão foi disponibilizado recentemente ao TFB para uma rápida sessão de tiro nas instalações da Fábrica de Itajubá, em Minas Gerais. O procedimento todo é o mais descomplicado possível: pegue um fuzil IA2, remova a tampa da caixa da culatra, retire o ferrolho e o conjunto das molas do recuo, insira o conjunto do kit, feche novamente a arma, coloque o carregador padrão OTAN (capacidade ainda indefinida) e você estará basicamente pronto para atirar. Agora você tem, claro, um IA2 operado por ação dos gases em suas mãos, mas ainda mantendo a capacidade de seleção de tiro. Isso não vai adicionar muito de prática ao programa de instrução, mas é muito interessante.

A equipe mais cooperativa da IMBEL recentemente deu ao autor a oportunidade de uma breve avaliação prática do kit de treinamento IA2 .22LR na linha de tiro da Fábrica de Itajubá. Um tiro quase silencioso e sem recuo…

Como já disse, o kit de conversão IMBEL IA2 .22LR ainda está em fase de desenvolvimento e terá que ser submetido a um programa oficial de testes de certificação pelo CAEx – Centro de Avaliação do Exército, no Rio de Janeiro, antes de iniciar sua produção em série. Como a conversão para cápsulas de percussão na borda parece estar passando sem obstáculos evidentes, penso que um futuro fuzil IA2 apenas com câmara .22LR pode vir a ser disponibilizado. O mercado local adoraria!

Fonte: Ronaldo Olive – Firearm Blog via IMBEL
Disponível emhttp://www.thefirearmblog.com/blog/2017/09/04/imbel-22lr-kit-5-56x45mm-ia2-rifle/

14 Comentários

  1. Pratica comum no EB. Redução de custos e ao mesmo tempo praticando a proeficiência na tropa blindada. Há kits para 90 e 105mm.

    CM

  2. Com certeza, “adoraríamos” e podendo ser disponibilizado para uso civil. Aliás na Suíça, todo aquele que serviu as forças armadas, leva para casa um fuzil calibre 0,22, e uma caixa de munição. Não devendo utilizar aquela, mas se apresentar anualmente para treinamento e usar munição de treinamento com o fuzil que recebeu.

  3. Frescura.

    Atirador adulto e de verdade começa com bala de verdade.

    Só menores de idade deveriam atirar com chumbinho.

    Preço alto é falta de ousadia para eliminar tributos (inclusive de importação) e baratear custos.

    Bandido que contrabandeia munição do Paraguai atira sem miséria.

    Para que tanta mesquinharia? Cortem a verba parlamentar, a roubalheira e as mordomias que o dinheiro sobra.

    • Em um país onde é gasto 10 Bi por ano com uma câmara e um senado corrupto isso é só mais um tapa na cara do povo…

    • “Atirador adulto e de verdade começa com bala de verdade.”

      Todas as forças armadas do mundo utilizam o .22 como instrução e treinamento de recrutas.

      • Quais essas forçar armadas Antonio? é uma raridade achar algum exercito que use o 22lr para treinamento básico. Nao vale a pena manter no estoque outro tipo de arma e munição (que são inúteis em senários de guerra). Além de que o 22lr não traz ao cadete o conhecimento do recuo, controle e peso.

      • Tem umas réplicas de AKs em 22LR a venda em um clube que são lindas…

        Mas 6500 em uma arma de menos de 500 dólares é piada…

        O valor acaba subindo muito pela dificuldade criada pelo EB.

  4. Sou Atirador da 1ª RM há 10 anos e acho interessante, pois pelo menos teriam treinamento, tanto pelas FA como pelas políciais.

  5. Invés de fabricar uma réplica de fuzil no calibre .22 com um preço acessível eles fábrica um kit que sai mais caro do que comprar uma carabina .22

  6. O Exército israelense utiliza munição.22 para conter distúrbios em manifestações. Só pesquisarem. Abraços. Não quer dizer que tenhamos de utilizara força policial para enfrentar a bandidagem. Sou favorável ao fim do desarmamento.

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