Força Aérea do Peru desenvolve dois drones

Ricuk e Amaru, as últimas criações do CIDEP, são o resultado de diferentes VANTs, cujas características e capacidade foram melhoradas. (Foto: Gonzalo Silva Infante)

Gonzalo Silva Infante/Diálogo

Cerca de 70 pessoas, entre civis e militares, trabalham na inovação em ciência e tecnologia para oferecer ferramentas melhores a suas equipes.

A Força Aérea do Peru (FAP) conta com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos (CIDEP) desde 1993, criado para desenvolver simuladores de aeronaves Cessna A-37. O projeto esteve sob a responsabilidade dos oficiais da área de eletrônica. Após o bom resultado, também desenvolveram uma série de simuladores que facilitam o treinamento, como também vários exercícios para aeronaves, sistemas antiaéreos, tiro com fuzil e paraquedas.

Desde então, o CIDEP cresceu e aperfeiçoou sua capacidade ao longo de quase 25 anos como unidade da FAP, principalmente após as novas exigências, tecnologias e o desenvolvimento de novas capacidades das equipes de tal unidade. Desde 2010 se trabalha no desenvolvimento de drones ou veículos aéreos não tripulados (VANT), que foram aperfeiçoados até chegar aos recentes Ricuk (“observador” em quechua) e Amaru (“serpente de olhos vermelhos”, segundo a mitologia inca), evidenciando o conhecimento adquirido nos anos em que o CIDEP vem operando.

“Começamos com modelos básicos, a partir do aeromodelismo”, disse à Diálogo o Coronel da FAP Miguel Palomino Fonseca, diretor do CIDEP. “Pouco a pouco, foi possível integrar uma série de sistemas e equipamentos que permitem contar com uma plataforma aérea não tripulada para desenvolver diferentes atividades, sejam para vigilância aérea, reconhecimento, segurança ou inteligência.”

Além dos VANTs, é desenvolvido o Sistema EcoBox no CIDEP para facilitar a comunicação entre pilotos, torres de controle e simuladores. (Foto: Gonzalo Silva Infante)

Aprendizagem aplicada

O apoio inicial para os VANTs Ricuk e Amaru foi obtido graças ao Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação Tecnológica, que aprovou o orçamento para os projetos. Desta forma, a FAP começou a trabalhar com a Marinha de Guerra do Peru em um projeto conjunto de defesa.

Após quatro anos de trabalho entre as duas instituições e com os primeiros passos para o desenvolvimento dos VANTs, realizaram um projeto entre Peru e Coreia do Sul, no qual construíram o simulador para a instrução básica na formação de pilotos. No caso dos VANTs, desenvolveram o drone Scanner, de uso exclusivo para educação e instrução. “Quando essas experiências de transferência de conhecimento tecnológico ocorrem, a instituição pede que se aplique o que foi aprendido, ou seja, gestiona-se o conhecimento”, disse o Major Juan Talavera, chefe do departamento de imprensa da FAP.

Cenários diferentes envolvem a ação das Forças Armadas e os desastres naturais habituais que ocorrem no Peru demandam mais ações de prevenção. Nesse sentido, os VANTs se tornam ferramentas muito úteis e econômicas. “Precisávamos de um sistema de ação imediata, que permitisse contar com ajuda para enfrentar desastres naturais e realizar a vigilância da área afetada para obter informações imediatas on-line. Assim nasceu o Ricuk”, disse o Cel Palomino.

O Ricuk já está em funcionamento. Sua estrutura foi reforçada com fibra de carbono, com sensores de grande alcance para realizar a vigilância. Ele pode voar por até uma hora a 500 metros de altura e afastar-se da sua base de controle a uma distância de até 15 quilômetros.

Por sua parte, o Amaru ainda está em desenvolvimento. “Assim como fizemos com a aeronave pequena, precisamos realizar testes: colocar o motor e simular a carga para poder abrir o paraquedas. Temos um grupo grande de engenheiros e profissionais que está supervisionando os trabalhos”, explicou o Cel Palomino.

A principal característica do Amaru é sua autonomia. Ele voa e aterrissa sozinho. A distância alcançada é de 50 quilômetros [de sua base] e a altura é de até 1.000 metros. Ele voa até cinco horas e está equipado com sensores para tirar fotografias com câmeras infravermelhas, realizando trabalhos de vigilância, reconhecimento e inteligência. A aeronave mede 5,17 metros e possui um equipamento de paraquedas que minimiza possíveis danos e a perda de sensores, que são a parte mais cara de sua estrutura.

Quem trabalha no desenvolvimento dos VANTs no CIDEP são os engenheiros da FAP, formados na Escola de Oficiais, que oferece quatro cursos na área de ciências: Ciências da Administração Aeroespacial, Engenharia de Sistemas Aeroespaciais, Engenharia de Aeronáutica Aeroespacial e Engenharia Eletrônica Aeroespacial. “No CIDEP, desenvolvem-se outros tipos de projetos, como os de paraquedas e frenagem. Cada um deles custava US$ 26.000 no exterior. O CIDEP os desenvolveu por US$ 6.000”, disse o Maj Talavera,

A premissa de continuar melhorando

“A próxima aquisição de um sistema de monitoramento vai permitir levar a imagem vista pelo drone a qualquer lugar. O objetivo é o de poder levá-la ao COEN [Centro de Operações de Emergência Nacional] para poder ter a realidade do desastre em tempo real”, adiantou o Cel Palomino. O CIDEP pretende continuar potencializando e capacitando as 70 pessoas que, em diferentes funções, são responsáveis por desenvolver os projetos de ciência e tecnologia da FAP. “A FAP está sempre se atualizando. Somos uma instituição altamente tecnológica”, acrescentou o Maj Talavera.

Para poder alcançar esses objetivos, a FAP precisa de um orçamento maior, pois o conhecimento e a experiência estão à altura de outros centros de desenvolvimento de tecnologia. Por enquanto, o CIDEP já está trabalhando em seu próximo VANT, o Pisco (“ave” em quechua), que está previsto para ser apresentado oficialmente na Feira Internacional do Ar e do Espaço, que acontecerá no Chile entre 3 e 8 de abril de 2018.

Fonte: Diálogos Americas

4 Comentários

  1. Mesmo com toda as dificuldades financeiras q todas as forças armadas enfrentam,principalmente as latinas,tai mais um exemplo de seriedade e compromisso
    p/ com o povo de seu pais.E saber q aqui estes mesmo equipamentos se encontram estocados/abandonados com a simples declaração de q falta verba.Como se todo mundo não soubesse q o verdadeiro motivo é o descaso de nosso governo no gerenciamento de verbas/programas públicos.Ver ai a enxurrada de escândalos fraudulentos envolvendo políticos/empresas.É triste.

  2. No Brasil o projeto da Avibras não vingou porque se associaram com os israelenses e o projeto desandou. O tio Jacó nunca teve real enteresse no sucesso da parceria, porque no fim das contas só queria é vender tecnologia pronta e se converter no fornecedor desta tecnologia ao Brasil. Como em tudo nestas bandas, junta o interesse estrangeiro com a ma fe e tendência corrupta dos líderes brasileiros. Dá no que dá.

  3. Pois e ate o peru entende a importância de se investir em Ciência e tecnologia se não me engano a Avibras tava desenvolvendo um Drone chamado Falcão mas como sempre aqui neste pais de mentes colonizadas o governo ao invés de apoiar a Avibras no Drone Falcão prefiriram comprar Drones Israelense de prateleiras em detrimento do Nacional so no Brasil mesmo Temos os governantes mas vira latas e Capachos eles boicotam o produto Nacional para favorecerem as empresas estrangeiras e muita canalhice desses Lesa pátrias

  4. Pois é, os Peruanos desenvolveram a adquiriram seus drones; aqui no país das maravilhas e a Alice entorpecida pelos dolares adquiridos com a venda de bananas.
    Optam por adquirir produtos estrangeiros montado localmente em detrimento do produto local.
    Vocês sabiam que após investir uma pá de dinheiro nosso, nos projetos SNC vant ( sistema de navegação e controle) DPA vant ( pouso e decolagem automáticos ) e com tremendo sucesso, e que gerou o vant Falcão da Avibrás.
    Nosso militares da FAB ( Força Aérea de Brinquedo) cancelou a encomenda que faria dos vants Falcão Avibrás em detrimento dos Hermes 450/900 de Israel matando assim de vez o projeto Falcão ??
    Me digam, isso é ou não é um pensamento de força aérea que serve de brinquedo aos interesses alheios ??

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