Defesa & Geopolítica

“Elefante” o conceito russo para um substituto dos cargueiros An-124 “Ruslan”

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E.M.Pinto

Sugestão : Dylan Malyasov (Defence Blog) via Facebook

A MAKS-2017 deixa a todos uma curiosa diferença em relação aos eventos anteriores. A apresentação de inúmeras aeronaves e conceitos para futuros projetos pode ser considerada um destaque para esta edição da consagrada feira aeroespacial que ocorre nos arredores de Moscou. Não estamos falando apenas de projetos russos, mas sim de muitos outros expositores estrangeiros.

A julgar por esta edição, em franca reativação, a indústria aeroespacial russa alinha-se numa nova vertente que se até agora o setor direcionava esforços para recuperar-se do inegável período de declínio dos anos de 90 e 2000, a edição de 2017 trouxe conceitos e propostas de novas aeronaves, drones entre outros e, demonstra que o setor aeroespacial russo caminha para a próxima década não mais no sentido de aprimorar os vetores e sistemas herdados do fim da ex-URSS, mas sim, para propostas de sistemas totalmente novos.

Dentre vários conceitos apresentados, um deles em especial não passou despercebido pelo público geral e podia ser visto na apresentação Instituto Central Aero-Hidrodinâmica, TsAGI, SRC “Institute. Zhukovsky”.

O conceito atendia pelo nome de “elefante”, ou simplesmente, Conceito de Cargueiro Pesado (TSS), uma aeronave claramente dimensionada e preparada para substituir no mercado militar e civil, os cargueiros ucranianos An-124 Ruslan.

É inegável que tal conceito se enquadra no vislumbre da obsolescência técnica previsível para as aeronaves An-124, mas não seria somente este o motivo para um provável desenvolvimento de uma aeronave como esta. A própria expansão e modernização das forças militares russas, cujo programa prevê a constituição de brigadas rápidas com alcance global e alta mobilidade, exige uma frota de aeronaves compatíveis para esta tarefa.

Adiciona-se a isto a ausência no mercado de uma aeronave do quilate do Ruslan e ainda o indigesto cenário político-diplomático gerado entre Ucrânia e Rússia após a anexação da Crimeia dos conflitos em Donbass. Tudo isto tem dificultado a capacidade de manutenção dos An-124 estando especialmente os motores ucranianos D-18 que constituem a aeronave como um problema irremediável para a aviação russa.

No conflito sírio foi possível ver os gigantes ucranianos operando em apoio às tropas russas, transportando material de alta tonelagem e volume para o apoio ao aliado árabe. O novo desenho das tropas russas prevê a capacidade de mobilidade interna e global e uma aeronave de maior capacidade exigindo cada vez mais dos An-124.

Num cenário onde o inegável desgaste diplomático dos dois países forçosamente impactará na necessidade da Rússia buscar uma alternativa própria e talvez, o “Elefante” tenha que sair do papel para de alguma forma poder contemplar os interesses russos de deslocamento de material de grande volume e tonelagem.

Nos prospectos exibidos na MAKS, são apresentados alguns dados de especificações do conceito. A aeronave com fuselagem semelhante ao mix de C-5 “Galaxy” e An-124 “Ruslan”, porém, claramente o conceito é de uma aeronave com comprimento quase 14 m maior que o Ruslan.

Com comprimento 82,3m, envergadura 88,3m e altura 24 m é prevista para o transporte de cargas de 150 toneladas, a uma distância de mais de 7000 km e a uma velocidade de 850 km.h-1, o conceito prevê capacidade máxima para o transporte de 180 toneladas e o perfil de decolagem exigiria uma pista com 3000m de comprimento e alcance máximo vazio de 17 000 km.

Pelos prospectos o Elefante se enquadraria numa nova categoria de super cargueiros situada entre o An-225 o maior cargueiro do mundo e o An-124. São propostas duas prováveis versões atendendo aos requisitos da Companhia “VolgaDnepr” com uma cabine de seção cruzada de 5,3 m x 5,2 m e uma segunda opção  para o Ministério da Defesa Russo ampliada para 6,4 x 5,2m.

O coração do projeto está, entretanto na motorização, baseada nos avançado turbofan PD-35 de 350 kN de empuxo que estão sendo desenvolvidos para wide body  russo-chineses COMAC 929 e 939.  A título de comparação, os motores Progress D-18T que equipam alguns Na-124 exibem uma potência máxima de 229,5 kN.

Conforme informou, Alexander Inozemtsev, designer-chefe da Aviadvigatel (uma subsidiária da United Motor Corporation) em entrevista a agência russa TASS, o programa do motor está atualmente em fase de investigação científica e seu desenvolvimento é previsto para os próximos seis anos.

Consumindo um investimento total de quase US $ 3,0 bilhões o programa que oficialmente foi lançado no verão de 2016, é na verdade um esforço conjunto da Aviadvigatel e NPO Saturn, ambas integrantes do United Motor Corporation.

O plano consiste em dimensionar-se o núcleo do motor de PD-14 (foto), que está atualmente a ser desenvolvido para o avião Narrowbody MS-21 e adicionar uma etapa para o seu compressor de alta pressão. Haverá nove fases do compressor e dois estágios.

Apesar das expectativas mais otimistas apontarem para o desenvolvimento em curto espaço de tempo, o mais provável é que tal motor não esteja disponível antes de 2030, período também necessário para que um projeto de uma aeronave desta magnitude atinja a maturidade e passe para a fase de construção.

 

 

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