Fim do apoio americano a rebeldes na guerra síria – “Putin venceu”

Decisão de Trump de não ajudar mais oposição armada a Assad ameaça abrir novas frentes no conflito: outros países podem se envolver, e Rússia e Irã ganham espaço para aumentar sua influência na região.

Putin e Trump durante encontro na cúpula do G20: retirada americana na Síria representa triunfo do presidente russo

Há muito tempo a deposição de Bashar al-Assad já não era uma prioridade americana. O ditador sírio mantém o poder de forma simplesmente estável demais para tanto. Graças à ajuda russa, ele conseguiu recapturar, um após o outro, os territórios tomados pela oposição secular e islâmica, afugentando os insurgentes com ajuda de bombardeiros enviados por Moscou, assessores militares iranianos e de combatentes do Hisbolá libanês.

Os americanos reconheceram claramente: os rebeldes ajudados por eles pouco podiam contra o sólido poder de fogo que sustenta Assad. Por isso, decidiram agora não mais ajudá-los com fornecimento de armas.

“Isso é um reconhecimento da realidade”, comenta Ian Goldenberg, ex-assessor de Obama, em entrevista ao jornal The Washington Post. Em abril, o presidente americano, Donald Trump, já havia sinalizado que a queda de Assad não tinha prioridade para ele.

Combatentes curdos sírios: retirando apoio, EUA reconhecem que força militar rebelde não basta para ameaçar Assad

Influência russa

Caso os EUA realmente considerem a permanência de Assad no poder como algo quase imutável, então isso significaria também que Washington desistiu de suas pretensões de poder na região, em parte ou no todo, segundo os críticos. “Putin venceu”, disse ao The Washington Post um consultor da Casa Branca, em condição de anonimato.

De fato, a retirada do apoio aos rebeldes representa uma mudança significativa na política dos EUA em relação à Síria. Quando a cooperação começou, em 2013, o objetivo era claro: Assad deveria ser pressionado militarmente e, assim, obrigado a se sentar à mesa de negociações.

Logo ficou evidente que somente a força militar dos rebeldes não seria suficiente para gerar pressão sobre o ditador sírio. Repetidamente, o então secretário de Estado americano, John Kerry, reclamava do tímido envolvimento militar de seu país. Neste ponto, ele se distanciava de seu presidente, Barack Obama, que de fato promoveu uma política contida para a Síria.

Isso ficou particularmente evidente em agosto de 2013, quando o regime de Assad usou armas químicas pela primeira vez – cruzando a tal “linha vermelha” traçada por Obama. O então presidente americano, porém, não reagiu.

Novos atores

Essa política deixou cada vez mais espaço para outros atores – como Rússia, Irã e Hisbolá. Os Estados Unidos estão hoje diante do mesmo dilema de então: o espaço que deixam vazio na Síria será ocupado imediatamente por outros atores. A decisão de não apoiar mais os rebeldes pode incentivar outros Estados – como os do Golfo – a fazê-lo.

Isso pode fazer com que os combates aumentem ainda mais. Os americanos se disseram no direito de apoiar apenas rebeldes “moderados”. Permanece a questão sobre se outros Estados também farão uso desse mesmo princípio. Além disso, os americanos disseram que tentariam impedir uma transferência de armas. É difícil saber se outros atores no terreno terão os mesmos escrúpulos.

A retirada dos americanos não é apenas um triunfo para Putin e seu protegido Assad. O endurecimento das relações entre EUA e Irã, teme o jornal Al-Araby al-Jadeed, também pode ajudar a acirrar ainda mais os combates no campo de batalha sírio.

“O desastre é que a guerra fria entre árabes e iranianos está em plena ‘fase quente'”, escreveu o periódico. Pois esta guerra também é – além do Iêmen – travada na Síria. Resta saber até que ponto os russos – em vez dos americanos – estão dispostos a exercer uma influência moderadora sobre a Arábia Saudita.

“A reputação dos Estados Unidos já foi afetada”, escreve o Al-Araby al-Jadeed. “Todas as partes na região não poderiam mais contar com os EUA como um aliado confiável.”

Título original: Fim do apoio americano a rebeldes cria vácuo na guerra síria

Edição: Plano Brasil

Fonte: DW

 

22 Comentários

  1. C H U P A globalistas ocidentais (capital status quo).

    Parabéns presidente Trump por ter se livrado desta imundice! Agora é saber se a Síria conseguirá se livrar dos ratos terroristas que infestaram o país. Tem muito chão pela frente!

  2. O maior vencedor é o Irã,queira ou não suas milicias fizeram sim a diferença no campo de batalha,e de quebra estacionou suas tropas na fronteira de Israel silenciosamente.

  3. O Putin não venceu.. quem venceu foi o bom senso… não fazia nenhum sentido os EUA continuarem apoiando os “rebeldes moderados” que, se conseguissem o poder na Siria, iriam impor algo BEM PIOR que o Assad….

    Ponto para Putin e Trump

  4. Isso mostrou claramente quem financiava o terror na Síria. Espero que a paz esteja cada vez mais perto de chegar a Síria, embora, alguns países malignos queriam dividir o país em vários pedaços. A Rússia não deixou isso acontecer. Os que gastavam bilhões para treinar e armas terroristas moderados deram conta que estavam jogando dinheiro fora, pois não conseguiam resultados desejados em campo de batalha.

  5. …………..o Trump como contestador da orientação política do Obama (que tanto amparou financeiramente os tais rebeldes e tbm o tal estado islamico) livra a Síria daquela escória em acordo com o Putin…..entretanto tem que ver se aparecem outros patrocinadores em especial Arábia Saudita e seus cupichas, porquanto russos,sírios e aliados não devem baixar a guarda

  6. Nada que o próprio Trump não deu indícios de que faria mais dia ou menos dia…

    ttps://www.youtube.com/watch?v=27rYjVN3ktE

    Quem realmente deve estar batendo a cabeça a parede são as monarquias árabes, isso sim…

    Quem venceu…? Bom…

    Putin demorou anos pra intervir, e quando o fez a Síria já estava mergulhada no caos. Foi um erro terrível, que custou centenas de milhares de vidas e que agora custará centenas de bilhões de dólares…

    Obama… não precisaria nem comentar… Foi absurdamente fraco em todas as decisões que tomou. E em igual situação estão os europeus, que demoraram para tomar qualquer decisão que fosse e também contribuíram para isso acontecer…

    Será que houveram mesmo vencedores…? Não me arrisco a dar esse palpite…

  7. Essa nova saída do OM deixa ainda mais claro o foco dos americanos: Pacífico. É pra lá que está indo o grosso e o melhor de suas forças.

    Outro ponto de atenção: leste da Europa. O deslocamento de forças para lá também tem sido notável nos últimos anos.

    No mais, concordo com o Wagner. Um dos maiores beneficiados dessa confusão foi de fato o Irã, que aumentou sua zona de influência na região, estabelecendo um vínculo muito maior com os sírios, e consequentemente com outros grupos que apoia.

  8. quem venceu ?

    qual era o objetivo ?
    o objetivo destruir um pais soberano , igual fizeram com a ucrania , igual fizeram com a libia igual fizeram com o egito igual fizeram com a ioguslavia ,igual fizeram com o iraque
    igual estão fazendo com IEMEN que por ter um povo guerreiro ,estão usando guerra biológica cólera para destruir aquele pais

    então o objetivo foi conseguido sim ,

    revoluções coloridas estão em andamento , Turquia , Brasil , Venezuela , e por ai vai

    não precisam destruir mais com armas é so usar apenas os bossais de redes sociais para inflar revoluções ou inflar para o conflito os próprios cidadão de IDEOLOGIA A ou B , e depois armar primeiro o lado ideológico mais chegado a eles , e por baixo do pano armar a ideologia mas avessas a eles

    síria exemplo os estados unidos armaram o daesh mas também armaram a oposição síria , hoje eles armam os curdos rsrs

    o objetivo , o planeta terra não suporta ,não tem condições de ter vários países com poder de compra

    apenas os estados unidos consomem 3 PLANETAS TERRA entendeu tem que ter pobre miserável mendigos para o capetalismo dar certo ou dar serto rsrs escolhe rsrs

    sobre tirar o presidente sírio e a base russa da síria isso ai era a cereja do bolo
    igual aqui no brasil , tirar a dilma foi fácil mas tem que destruir o brasil , como primeiros suas multinacionais , depois os empregos depois a politica do Itamarati depois a cereja do bolo é armar o pcc e o comando vermelho os estados quebrados então ele os gringos fomentam uma guerra civil essa é a cereja do bolo

  9. Olha, isso tudo dá um novo sentido para a frase do Pernalonga:

    “Vocês não viram nada ainda”.

    Sem a cobertura aérea americana, é chegada a hora da matança, onde tudo é Fair play. Daesh, rebeldes moderados, Curdos, civis inocentes, tudo.
    E o resto do mundo assistirá. Só isso.

  10. Finalmente, pelo que parece, o bom senso imperou.
    Os americanos como também outros países começam a se dar conta que é melhor manter o Assad do que abrir as portas para uma bagunça generalizada. Exemplo claro disso é o Iraque e a Líbia que “assassinaram” seus ditos “ditadores” e impetraram o caos por parte de milícias, grupos terroristas, facções, movimentos etc… transformando aqueles países em verdadeiros redutos de terroristas. Não seria diferente na Siria e a queda de Assad abriria definitivamente o caminho para a barbárie no norte da África.
    Para nós ocidentais é difícil reconhecer que em certos lugares do mundo a “Democracia” é algo intangível pois países tribais ou com facções religiosas radicais jamais conseguirão manter um regime que não tenha mão forte (ou de ferro).

  11. O que a Russia conseguiu nem a URSS chegou a fazer. A Turquia passou para a esfera russa, o Egito também. Trump na presidencia dos EUA. Por essa ninguem esperava, um antiglobalista pró-Russia governando os EUA.

  12. “Assad tem que sair”

    Frase repetida à exaustão pela imprensa mundial em 2011, 2012, 2013, 2014, 2015..bem menos em 2016 e agora é só um pequeno eco em 2017.

    Muito hilário.

  13. Acho que o tio cabelo de milho Trump vai querer se concentrar no Oriente extremo, “tipo assim”… China e china júnior (PingPong)
    O palco americano pelo menos para as mídias abertas irá se concentrar na Coréia do Norte. Penso que ali sim é que está perigoso!
    O Senado e o Executivo americano só fez cagada em fazer essa nova onda de levantes armados no Oriente médio. Trump fez correto em recuar e depois ver no que procede a Síria.

  14. Vai nada. Não tem peito para enfrentar a China ou a Rússia. Vai se voltar contra a indefesa Venezuela.
    Os yankes tem pesadelos só em pensar que a Rússia possa instalar uma base na América do Sul.

    • Olha brother!! Eu não tenho muitas esperanças de que a Russia instale uma base na Venezuela.
      Seia benéfico em alguns pontos, mas os russos estão com um bode muito bravo pra resolver por lá.
      A indústria de gás e petróleo russa iria ser de muita ajuda para os venezuelanos caminhar.

  15. grande trump tem tudo para ser um grande presidente !
    mesmo que nao mude um sistema sem futuro ja expirado e caduco da honra meritocratica dos idiotas bem nascidos e suas maria repeteco globa_lista(da globo) !
    obs:voçes so vao entender quando o estado minimo ter que enfrentar um estado maximo numa guerra nuclear genocida!

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