Comandante da Marinha defende projeto de submarino nuclear

Para garantir a soberania nacional, é imprescindível que o Brasil desenvolva o seu primeiro submarino de propulsão nuclear – mesmo levando-se em conta os inéditos investimentos demandados por um empreendimento desse porte. A defesa do projeto foi feita em conferência, na manhã desta segunda-feira, 17, pelo comandante José Augusto Abreu de Moura, capitão de mar e guerra reformado da Marinha do Brasil, no segundo dia da Reunião Anual da SBPC.

Na conferência Submarino nuclear e desafios estratégicos do Brasil, sediada na Faculdade de Ciências Econômicas e mediada por Regina Pekelmann Markus, professora da USP, o comandante alertou: para um país com as fronteiras marítimas do Brasil, um submarino nuclear não é luxo, e sim necessidade. “Um país como o Brasil não pode ter uma Marinha barata”, disse. O comandante – que também é instrutor da Escola de Guerra Naval (EGN) – explicou as particularidades brasileiras que embasam a sua afirmação.

Regina Pekelmann Markus, da USP, mediou a conferência do comandante José Augusto de Moura (Fotos: Carol Prado / UFMG)

“O Brasil não tem uma geografia litorânea que favoreça a defesa militar. Aqui, um atacante tem várias opções de objetivo e várias direções de aproximação”, disse, comparando a nossa situação com a China. Apesar de também deter grande território, a China tem um litoral permeado por ilhas e por outras configurações geográficas que favorecem a defesa apenas por meio de submarinos tradicionais e de outras modalidades de embarcações. Isso não ocorre no litoral brasileiro, que é amplo e completamente livre para o Atlântico.

Doutor em Ciências Políticas pela Universidade Federal Fluminense, o comandante detalhou as diferenças entre o submarino convencional e o submarino nuclear que tornam o segundo, apesar de seu custo mais elevado em relação ao primeiro, estratégico e necessário para o Brasil. “Um submarino convencional atua como uma espécie de ‘campo minado móvel’, que precisa saber onde seus possíveis alvos vão estar – e estar perto – para servir de ameaça. Já o submarino nuclear atua como navio invisível muito poderoso, que pode causar ameaça em praticamente todo o Atlântico”, disse.

Isso é possível porque submarinos nucleares têm plena autonomia. Diferentemente dos convencionais, nunca precisam emergir para recarregar e podem navegar o tempo todo à máxima potência. Em razão disso, explicou o comandante, os nucleares são bem mais difíceis de serem detectados, sendo estratégicos para a “guerra de movimento” que uma costa ampla como a brasileira pressupõe.

País com litoral como o brasileiro não pode ter uma Marinha barata, afirma comandante José Augusto

Riscos reais


Em sua conferência, o comandante José Augusto Abreu de Moura lembrou que não é preciso estar em guerra para ser necessário ostentar um mínimo poder bélico de defesa nacional. O principal indicativo disso são as plataformas de petróleo brasileiras, que, apesar de extremamente estratégicas para a soberania e para a economia nacional, são por natureza vulneráveis, já que estão localizadas em alguns casos a mais de 300 quilômetros da costa.

“As plataformas de petróleo são objetivos claros de destruição em um cenário de conflito aberto, mas são também objetivos convidativos para coerção: em contextos de crise, pode-se plantar uma força naval em seu entorno para tentar obrigar o Brasil a fazer algo que o país não quer, como assinar algum acordo desfavorável”, afirmou o comandante.

Ele ilustrou sua argumentação com o exemplo da “Guerra da Lagosta”, encenada por Brasil e França nos anos 1960. “Naquela ocasião, os pesqueiros franceses vinham pescar lagostas na costa brasileira. O Brasil protestou, depois aceitou e posteriormente negou outra vez, em atendimento ao protesto dos pescadores brasileiros, especialmente os do Nordeste. A Marinha Francesa enviou um navio de guerra para escoltar os pescadores franceses”, lembrou o comandante, citando o acirramento de ânimos deflagrado pelo imbróglio. “A Marinha Brasileira também precisou mandar seus navios, e quase se chegou a um cenário de enfrentamento – mesmo em se tratando da França, um país amigo, que agora mesmo está nos ajudando com o submarino nuclear.”

“A defesa ideal [de uma costa como a brasileira] seria o controle de toda a área marítima, ou seja, manter navios patrulhando toda a costa, mas isso nem mesmo a maior marinha do mundo teria como fazer”, ponderou. Nesse sentido, explica o comandante, a solução é promover a negação do uso do mar em grande área, por meio do emprego associado de submarino nuclear e submarinos convencionais – além de outros tipos de embarcação. “Se tivermos um submarino nuclear, ele pode ameaçar alguma força naval estrangeira – mesmo que seja uma força naval poderosa – e contrabalançar a situação.”

No momento, a construção de um submarino nuclear de ataque (SNA) brasileiro está na etapa de projeto executivo, mas encontra resistência, segundo o comandante, tanto no governo quanto na sociedade, que ainda não tomaram plena ciência da necessidade estratégica do empreendimento.

Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais

31 Comentários

  1. Sem dúvida alguma devemos possuir submarinos nucleares (não apenas 1 !!!) !!!
    A sociedade (ao contrário do que disse) não é contra !!!

    A SOCIEDADE BRASILEIRA É TOTALMENTE A FAVOR DO SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO !!!
    NO MÍNIMO 5 !!! E MAIS UNS 20 CONVENCIONAIS PARA APOIO !!!

    TODOS COM CAPACIDADES DE LANÇAMENTO DE MÍSSEIS NUCLEARES TÁTICOS (além de torpedos) !!!

    Isto para uma frota de defesa (cuidar do nosso litoral) …devería-se haver um outro montante de mesma quantidade para ataque !!!

    • Acredito que ao que ele se referiu sobre a sociedade, deve ser que a população não tem o conhecimento sobre o assunto , quem sabe seria uma boa ideia a marinha divulgar em tv aberta sobre o prosub e outro projetos fazendo assim a sociedade entender mas sobre o assunto , talvez a hora de mostra a população informações sobre o assunto

    • Para o BRASIL a construção de Submarinos Nucleares de 6 a 10 , e lançarmos ao mar durante 15 anos seguidos dois Submarinos Convencionais/ano , e depois mantermos o número Constante e ampliando mais devagar , não nos falta dinheiro , mas Falta Vergonha na Cara .
      Como venho postando aqui existe um Projeto para um Fundo Partidário de mais de 3.5 Bilhões de Reais/ano , seriam 15 Bi de Reais por quadriênio , ontem mais outro Projeto , este um Projeto de Emenda Constitucional ( PEC ) de um Deputado do PT ,um tal de Cândido ,que quer um Fundo para Eleições de 0.5% de todos os Impostos Federais , de saída seriam mais de 6 Bi de Reais/Ano . Pô , mas ninguém põe a BOCA NO MUNDO , não há GRITA , não Revolta Pessoas ligadas a Tecnologia , Educação , nenhum Militar se Demite em Protesto , nada . SALVEM A REPUBLIQUETA CORPORATIVISTA DO BRASIL , Condenado a REBOQUE DO MUNDO , BELA SINA !!!!!

    • Caro Souto, é padrão desta classe de submarinos IKL passar por manutenção de troca de baterias, e sim, o casco é cortado. Talvez o Tikuna esteja com planejamento de efetuar essa troca, ou já trocou, mas este procedimento é padrão nos submarinos que temos na MB.

      • Cortado somente nos construidos no Brasil , o TUPI não é necessário o Corte , ele tem escotilhas para isso !

    • Existem Comentaristas aqui , que de vez em quando ,afirma que um dos últimos Presidentes tinha Mania de Grandeza e de Potência ,etc, deve ser um desses Torcedores do Caos da Republiqueta e da Submissão do País , com a Republiqueta perdemos o Futuro e a Projeção de Nossa GRANDEZA !!

  2. Precisamos de pelo menos uns 3 a 4 submarinos nucleares e uns 6 a 10 convencionais.

    O governo sempre estará contra: eles querem sucatear as FFAA para tornarem o país mais vulnerável a uma invasão da URSAL ou da ONU (ou qualquer outro que queira impor algo ao país para ele continuar uma boa fonte de renda para os bancos e para comunistas internacionais como os de Cuba, da África, etc.).

    A população sempre será manipulada pela mídia comprada pelos políticos (que são comprados pelos globalistas).

  3. Bem valeria a pena, se já estivesse navegando e indo para um segundo ou terceiro submarino.Do jeito quê a coisa é feita é ridículo e ainda deveria de ter vergonha, ao defender isso.Desde criança ouço sobre essa merda, e nunca fica pronto e já tenho 48 anos.Vamos ver se treinamos a tripulação na maternidade para compor o submarino.Deveríamos em vez disso fazer a bomba atômica,25 sub convencionais,20 usando e cinco na reserva mais uma aviação naval forte, já negava o uso do mar.Até pois quem tem sub nuclear, também tem medo de perde-lo e a gente sabe qual país quê tem, e tem peito para rodar o mundo com eles.

  4. COM ESSES LESA PÁTRIA O BRASIL NUNCA VAI TER SUBMARINO NUCLEAR,VISTO QUE PRENDERAM O OTTO PINHEIRO A MANDO DOS EUA.

    • Pensei que tinham prendido o Otto porque ele é corrupto..aliás, você não sabe escrever? Parece até corretor ortográfico…

      • Senhor Genésio , ele é corrupto para ti , ainda não foi julgado definitivamente , só em primeira instância . Para ele não é necessário condenação na segunda Instância para ser Preso ,não há Prisão Domiciliar ,e Tornozeleira , isto só para os Vagabundos Políticos principalmente , nem para o seu Aécio , talvez por ter um Anjo da Guarda Fortíssimo , nasceu virado para a LUA !

  5. Se o procurador da republica vai aos EUA entregar o BRASIL e juizes e promotores,pra que ARMAS se não TEMOS amor pelo PAIS, nossas corporações são de vira latas, sabujos e entreguistas. Só reta o POVO 204000.000 milhoes de sofredores nas mãos dos 1 por cento rentistas do mercado ladrão.

    • as naçoes poderosas sempre usaram o velho ” dividir para conquistar”…e aqui é um querendo engolir o outro vivo, entao fica facil.

  6. Eu ainda sonho com alguns Su-34 paraa guarda de nosso litoral associados a aeronaves ASW, e submarinos nucleares e convencionais, muitos deles.

  7. O Atlantico Sul deve viver sob “A Pax Brasileira. Ou seja sob a nossa política, ou pelo menos nós como atores principal no Atlantico Sul.
    O Brasil deve pensar desta forma, senão tudo permanece como está para piorar em relação as economias e segurança de todos os países do Atlantico Sul.

  8. Enquanto não tiver unidade praque pagar por armas,é só mais impostos,e taxas,as empresas são estrangeira,as riquesas as fazendas vai defendr o que os politicos já são terceirizados.terceirza tambem os militares as riquesas são deles e eu qie vou pagar segurança.

  9. Bons comentários dos colegas.

    Também,
    Ótima palestra do comandante José Augusto Abreu de Moura. Que nossos militares, sigam seu exemplo de lucidez, e sejam todos conscientes do poderio bélico que devemos ter.

    E, sim, precisamos de nosso SNBR para ontem. Não podemos mais esperar eternamente, com atrasos recorrentes, pois cada ano que passa nosso mar se torna cada vez mais valioso e estratégico sob inúmeros aspectos.
    Quanto aos brasileiros que não entendem a importância imediata do SNBR, esses são na maioria os nossos medíocres políticos, gananciosos sem méritos como todo vigarista, e traidores da Pátria consequentemente. Os políticos brasileiros tranqueiras, na quase totalidade, são o pior freio para o desenvolvimento efetivo do nosso país. Eles têm se constituído certamente em nossos piores inimigos.

  10. exiled
    18 de julho de 2017 at 18:40
    as naçoes poderosas sempre usaram o velho ” dividir para conquistar”…e aqui é um querendo engolir o outro vivo, entao fica facil.

    TA CERTO COMCORDO CONTIGO BRASILEIRO A MAIORIA SO PENSA EM SI

  11. concordo com todos os comentaristas revoltados com à atual situação do desmanche que querem impor às nossas Forças Armadas. Quanto mais dependente o nosso país melhor será o saque internacionalista as nossas riquezas. Temos de ter uma força de dissuasão considerável mas o que vejo é só traição à Pátria, roubalheira, corrupção. Vivemos e continuamos atrasados por culpa da falta de desenvolver conhecimento, tecnologia, pesquisa e dar continuidades em programas estratégicos por falta de vontade em querer ser independente e não submisso aos interesses de toda ou qualquer ideologia seja de esquerda ou direita que não leva em consideração povo=Pátria.

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