Monte do Templo sintetiza conflito entre israelenses e palestinos

Local sagrado para o islã e o judaísmo fica em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel, e é administrado por fundação islâmica ligada à Jordânia. Status quo diz que judeus podem entrar, mas não orar.

Muro das Lamentações (e), Domo da Rocha (c) e Mesquita al-Aqsa (d)

O Monte do Templo é um dos sítios religiosos mais importantes e politicamente sensíveis do mundo por ser um local sagrado para três religiões: o islã, o judaísmo e o cristianismo. Os árabes o chamam de Haram al-Sharif.

Pela sua importância, e também por estar localizado na cidade antiga de Jerusalém, no lado oriental da cidade, ocupado por Israel e reivindicado pela Autoridade Nacional Palestina, ele está no centro do conflito entre israelenses e palestinos e é alvo frequente de polêmicas.

O local abriga três construções que datam dos primórdios do Califado Omíada, o segundo dos quatro califados islâmicos estabelecidos depois da morte do profeta Maomé: a Mesquita de al-Aqsa, o Domo da Rocha e o Domo da Cadeia.

A Mesquita de al-Aqsa é o terceiro local mais sagrado do islã sunita, atrás apenas de Meca e Medina. Já o Domo da Rocha é o local de onde, segundo a tradição islâmica, Maomé ascendeu ao céu.

É no limite ocidental do Monte do Templo que fica o Muro das Lamentações, única parte que restou do Templo de Herodes e o local de oração mais sagrado do judaísmo.

Várias histórias bíblicas são associadas ao Monte do Templo, como o quase sacrifício de Isaac por Abraão e a criação de Adão por Deus. Pela sua importância, ele é considerado o local mais sagrado do judaísmo.

Administração

Depois da Guerra da Palestina, em 1948, toda a cidade antiga da Jerusalém passou a ser controlada pela Jordânia, que colocou uma fundação islâmica, a Waqf, como responsável pela administração do Monte do Templo. Até hoje, o reino da Jordânia financia a Waqf. Variações anteriores da Wafq controlam o local desde a reconquista islâmica do Reino de Jerusalém, em 1187.

Durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou toda a cidade antiga de Jerusalém, mas manteve a Waqf como a autoridade responsável pela administração do Monte do Templo e, para evitar provocações, proibiu que a área fosse utilizada para orações pelos judeus, criando o status quo que, com algumas alterações, vale até hoje.

Judeus, cristãos e não muçulmanos em geral podem visitar a área do Monte do Templo, que tem onze portões, sendo um deles destinado ao acesso de não muçulmanos. Até 2000, eles também podiam entrar no Domo da Rocha e na Mesquita de al-Aqsa, mas essa situação mudou com a Segunda Intifada.

No acordo de paz de 1994, Israel se comprometeu a respeitar o papel da Jordânia nos locais sagrados islâmicos de Jerusalém. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada por Yasser Arafat, foi contra esse ponto e reivindicou o controle para si. Essa disputa persiste até os dias de hoje.

Muitos palestinos temem que as autoridades israelenses cedam às pressões de grupos judeus de direita e alterem o status quo, permitindo as orações para os judeus. O governo de Israel, porém, sempre descartou essa possibilidade.

Coluna Zeitgeist

Fonte: DW