EUA desafiam Pequim em águas disputadas

Governo Trump envia navio de guerra ao Mar do Sul da China, território reivindicado por cinco países, e causa irritação entre os chineses, que falam em provocação. Caso marca mais um ponto de deterioração nas relações.

O destróier americano USS Stethem, que navegou no território marítimo disputado por China, Taiwan e Vietnã

O governo em Pequim reagiu com indignação nesta segunda-feira (03/07), após um navio de guerra americano navegar em águas disputadas no Mar da China Meridional. O destróier USS Stethem passou a 12 milhas náuticas da ilha de Triton, que integra as ilhas Paracel, território marítimo reclamado também por Taiwan e Vietnã.

Esta foi a segunda “operação de liberdade de navegação” conduzida pela Marinha dos EUA desde o início do governo Donald Trump, com o objetivo de desafiar as reivindicações de soberania sobre o território, sobretudo por parte de Pequim.

O presidente chinês, Xi Jinping, em telefonema a Trump, alertou que os “fatores negativos” dos últimos dias causaram abalos nas relações entre os dois países. Ele se referia, além da disputa do Mar do Sul, às posições americanas em relação a Taiwan e Coreia do Norte. Xi também usou as palavras “decisões erradas” e “provocações” para se referir aos três temas.

A China reivindica a maior parte das ilhas da região, rica em energia e por onde circulam cerca de 5 trilhões de dólares em comércio todos os anos. As reivindicações chinesas no Mar do Sul são alvo de disputa entre Brunei, Malásia, Filipinas e Vietnã, além de Taiwan.

Os EUA criticam a construção de ilhas pela China e a criação de instalações militares no Mar do Sul, mostrando preocupação com a possibilidade de restrição da livre-circulação e ampliação do alcance estratégico de Pequim.

O Ministério do Exterior da China afirmou em comunicado que a embarcação americana entrou sem autorização em suas águas territoriais neste domingo, considerando a ação como uma “grave provocação militar e política”. O país chegou a enviar navios de guerra e aviões para alertar o destróier.

“A China reitera os pedidos para que os EUA cessem imediatamente esse tipo de ação provocativa que viola a soberania da China e coloca em risco a segurança chinesa”, diz o comunicado. “A conduta dos EUA prejudica profundamente a confiança estratégica entre as duas partes e danifica gravemente a atmosfera política do desenvolvimento das relações militares sino-americanas.”

As 12 milhas náuticas marcam limites territoriais reconhecidos internacionalmente. Ao enviar embarcações para navegarem dentro desse limite, os EUA dão uma demonstração de que não reconhecem as reivindicações pela soberania do território.

Coreia do Norte e Taiwan

Na semana passada, o governo americano impôs sanções a dois cidadãos chineses e uma empresa de transportes marítimos por terem supostamente contribuído com o programa nuclear da Coreia do Norte. Os EUA também acusaram um banco chinês de práticas de lavagem de dinheiro em beneficio de Pyongyang.

Washington ainda enfureceu Pequim ao aprovar uma venda de armas para Taiwan, no valor de 1,4 bilhão de dólares. A China considera Taiwan parte do seu território, na forma de uma província dissidente, e não descarta o uso da força para manter o controle sobre a região.

Trump manteve conversas telefônica separadas com Xi Jinping e com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, sobre as tensões na Península da Coreia. O Ministério do Exterior chinês informou que Xi tratou com o americano também sobre a questão de Taiwan.

O presidente chinês reconheceu que as relações sino-americanas “atingiram resultados importantes” desde o encontro entre os dois líderes nos EUA em abril, mas alertou sobre os “fatores negativos” ocorridos nos últimos dias.

Segundo o ministério chinês, Xi espera que Trump siga os preceitos da chamada “política de uma só China”, segundo a qual os EUA devem tratar os territórios chineses como parte da China, e não de modo autônomo.

Um comunicado da Casa Branca informou que Trump e Xi discutiram esforços para reduzir o programa nuclear da Coreia do Norte e melhorar as relações comerciais com Pequim, sem, no entanto, mencionar a questão de Taiwan.

Fonte: DW

 

4 Comentários

  1. Essa relação entre China e EUA é igual aquele casamento onde os dois não se gostam mais, mas ninguém quer sair para não ter que pagar mais para outro. A economia dos dois estão entrelaçadas, se um romper os dois ficam no prejuízo. A China perde boa parte de suas exportações, e os EUA perdem seus produtos baratos e terão que importar de outros países pagando bem mais caro. Essa picuinha ira ficar só em textão de Facebook.

  2. Política de contingenciamento da expansão chinesa. Espera-se que não seja tarefa fácil e de longo tempo e custos altos para os americanos.

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