Curso de lanceiros da Colômbia, 62 anos de treinamento

Depois de 77 dias de intenso treinamento militar, que envolve uma grande exigência física, psicológica e mental para obter a lança que os credencia como Lanceiros da Colômbia, 78 oficiais e suboficiais deram o grito que resume os valores do curso de combate com maior prestígio entre os exércitos da região. “Lealdade, valor e sacrifício” é uma trilogia que orgulha os membros do Exército da Colômbia.

Até a data, foram desenvolvidos 425 cursos, dos quais 85 contaram com a participação de alunos de 22 países. Entre outros, Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai concluíram esse treinamento. O Equador (116) e os Estados Unidos (124) são as nações que enviaram o maior número de militares para a Escola de Lanceiros do Exército da Colômbia, fundada em 1955.

O surgimento dos grupos guerrilheiros na Colômbia, há mais de 60 anos, determinou a necessidade do Exército de novas formas de luta e estratégia. Foi em Fort Benning, Georgia, onde chegou o primeiro grupo de militares colombianos a fazer o Curso de Ranger, considerado o mais eficaz para a aquisição da técnica de combate irregular.

A esse treinamento de nível tático de pequenas unidades para comandantes de esquadras, pelotões e companhias comparecem oficiais das patentes de capitão, primeiro-tenente e segundo-tenente. Entre os suboficiais, há sargentos, segundos sargentos e cabos.

As razões de seu prestígio

“Na Colômbia, medimos a eficiência do curso [de Lanceiros] porque o colocamos em prática na vida real”, assegurou à Diálogo o Coronel Siervo Tulio Roa Roa, comandante da Escola de Lanceiros. “A experiência acumulada durante tantos anos de combate irregular com grupos guerrilheiros, que não atingiram seu objetivo pela via armada, demonstra a força de ação das unidades de combate de nossos lanceiros”, acrescentou.

Em 1955, quando regressou o primeiro grupo de oficiais e suboficiais que foram capacitados no curso de Ranger nos EUA, fizeram-no acompanhados por membros do Exército dos EUA. Assim nasceu a unidade Escola de Lanceiros, nome inspirado por uma pequena unidade de bravos lutadores na ação emancipadora de 1819. Agora, 62 anos depois, suas bases continuam sendo as mesmas, porém a dimensão do treinamento é maior; está alinhada com o objetivo de um exército multimissão.

Lealdade, valor e sacrifício

O lema do curso é o credo do lanceiro, de quem se espera aquele esforço extra e entrega de 110 por cento. “Enquanto o comandante tiver um lanceiro sob seu comando, não haverá missões impossíveis. O compromisso do militar que faz o curso é muito alto. O que se candidata sabe o que enfrenta. Nem todos conseguem ser aprovados”, disse à Diálogo o Major Ramón Raúl Royero, inspetor de estudos da Escola de Lanceiros.

Em 2016, ingressaram 1.058 alunos. Novecentos e seis se graduaram. Em média, entre 15 e 20 por cento desistem. Por meio deste treinamento, reservado [por enquanto] para homens, fortalecem-se as capacidades físicas, técnicas, táticas, tecnológicas, psicológicas e humanísticas de seus integrantes.

“O programa tem várias fases, com um ponto de partida de três dias de incorporação, durante os quais o futuro lanceiro é submetido a provas psicológicas e físicas de terra e de água, como também a exames médicos e laboratoriais, que determinarão suas condições e capacidades”, explicou o Maj Royero.

Depois vem uma fase de adaptação de 16 dias da imersão no planejamento escrito das operações e do estudo de matérias da área técnica, de comunicações, saúde, direitos humanos etc., junto com os fundamentos em armamentos, tiro, ataque aéreo, pistas de obstáculos, combate corpo a corpo etc. Nessa fase, ocorre o maior número de desistências. A única constante é o treinamento físico diário, cada vez mais rigoroso, exigente e quase demolidor.

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A prova final

A fase de fundamentação tática, que dura 22 dias, é dedicada à doutrina de combate irregular, passando ao exercício real, prático e avaliável com um inimigo simulado. Isso inclui o planejamento em nível de esquadra.

Eles dedicam 10 dias ao treinamento na fase de montanha, no Páramo de Sumapaz, no estado de Cundinamarca. É um forte treinamento de sobrevivência em um clima agreste. Aqui, os exercícios práticos avaliáveis são de pelotão.

No Forte Amazonas 2, ao sul do país, realizam a fase de operações na selva. Nesse ambiente inóspito, úmido, desconhecido e cheio de surpresas, os lanceiros realizam exercícios práticos de pelotão. Em seguida, aumentarão essas ações para o nível de companhia.

Depois do estudo de técnicas de sobrevivência, chega a prova final, um percurso de exigência máxima na selva. Trinta e seis quilômetros de caminhada durante a noite, com 20 quilos de peso nas costas, é a quota normal para um lanceiro. É uma missão simulada de longo alcance e é a maior prova.

A operação envolve resolver exercícios inesperados, onde é necessário colocar em prática todo o treinamento recebido: táticas em cativeiro, subida e descida de árvores, abrigos, chaves de isolamento, doutrina de selva, combate corpo a corpo, base de trabalho móvel, travessia ao nível da água. Depois de 22 dias de operações na selva, o treinamento terá terminado.

Resta a avaliação dos resultados. Depois de quatro dias de espera, conhecerão a avaliação dos superiores. Depois, participarão de uma cerimônia de graduação memorável, que certifica os homens como lanceiros da Colômbia. São “homens que nunca voltam a ser os mesmos, militares dotados de condições especiais, acostumados a responder com eficácia e conhecimento, capacitados para resolver situações adversas, com um forte arraigamento pelo bem-estar da sociedade civil”, concluiu o Cel Roa.

 

Fonte: Dialogo Américas

Edição Plano Brasil

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