Chefe da ONU nomeia diplomata russo para liderar combate ao terrorismo

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, nomeou nesta quarta-feira um diplomata russo para liderar o recém-criado escritório de combate ao terrorismo da ONU, dando a um representante de Moscou importante cargo na sede da organização em Nova York.

O embaixador russo para organizações internacionais em Viena, Vladimir Voronkov, disse à Reuters que encontrou com Guterres na terça-feira. A Reuters informou de maneira exclusiva sobre a nomeação mais cedo nesta quarta-feira.

O porta-voz da ONU Farhan Haq disse que, em sua nova função, Voronkov “fornecerá liderança estratégica aos esforços antiterrorismo da ONU e participará do processo de tomada de decisão das Nações Unidas”.

Haq afirmou que Voronkov tem mais de 30 anos de experiência com o serviço estrangeiro russo, trabalhando principalmente em questões da ONU.

“Combater o terrorismo é uma das coisas na qual a maioria dos países pode trabalhar com a Rússia”, disse um graduado diplomata do Ocidente, falando sob condição de anonimato.

“Nós temos visões muito diferentes das da Rússia sobre o que conta como terrorismo e o que conta como resposta apropriada ao terrorismo, mas ao menos é uma discussão que nós podemos ter mais facilmente do que sobre questões políticas ou manutenção da paz”, disse o diplomata.

Cidadãos de quatro dos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU –Estados Unidos, Reino Unido, França e China– têm ocupado pela última década cargos graduados da ONU em sua sede em Nova York.

Um americano lidera os assuntos políticos da ONU, um francês tem liderado a manutenção da paz, um britânico tem controlado as questões humanitárias e um cidadão chinês tem gerido as questões econômicas e sociais. Ao longo dos últimos 7 anos, um russo tem liderado o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime sediado em Viena.

“É justo dizer que os russos são sub-representados nos níveis mais altos na ONU. No geral, eles apresentaram candidatos incrivelmente fracos para empregos muito graduados”, disse o diplomata ocidental.

A Assembleia-Geral da ONU de 193 membros aprovou a criação de um escritório de combate ao terrorismo na última semana, o que vai ajudar os Estados a implementarem uma estratégia global antiterrorismo adotada pela Assembleia Geral em 2006.

A estratégia, que é revisada a cada dois anos, tem como objetivo tratar das condições propícias à propagação do terrorismo, de medidas para prevenir e combater o terrorismo, fortalecer a capacidade dos países e garantir o respeito aos direitos humanos e ao estado de direito como base para a luta.

Michelle Nichols / Shadia Nasralla

Foto: ©  Artem Korotaev / TASS

Edição: Plano Brasil

Fonte: Reuters

 

2 Comentários

  1. E, se não funcionar (como acontece com a maioria das ações da ONU), quem levará a culpa (como também já é praxe) será um russo.
    Tudo normal!

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